O titular da Ceron, Efrain Pereira da Cruz, assistente da Presidência da Eletrobrás Distribuição Rondônia, embarcou ontem para Brasília convencido de trazer de lá, na bagagem, o fim dos quase cem mil rabichos que emporcalham a periferia da capital, além de gerar um monumental prejuízo para a empresa e colocar em risco a segurança dos moradores. Otimista, ele acredita que uma operação desse porte poderá reduzir consideravelmente as perdas sofridas pela empresa, que hoje estão situadas em torno de 40% da energia adquirida para distribuição.
É claro que todo esse prejuízo não vem apenas dos rabichos, já que os chamados “gatos” e as perdas naturais do tráfego da eletricidade até às residências são responsáveis por boa parcela. O certo é que o consumidor final acaba pagando o pato (ou o gato) no final das contas, pois as perdas repercutem na elevação das contas, que, na opinião geral, tem sido aumentadas com a instalação dos medidores digitais. Segundo alguns técnicos, o aparelho sofre alterações e registra elevação do consumo em decorrência das elevadas temperaturas a que ficam expostos nos postes. A situação não seria identificada nos testes realizados com os medidores no laboratório em Belo Horizonte, onde não é avaliada tal circunstância.
O certo é que Efrain Pereira da Cruz pode voltar de Brasília com a solução de apenas um dos graves problemas que tem pela frente. A justiça está abarrotada de ações movidas por consumidores e a empresa tem sido sistematicamente condenada. Um dos gargalos, segundo observadores, está instalado na própria gerência comercial da Ceron/Eletrobrás. Uilson Augusto de Souza, classificado pela empresa como “especialista” não se sabe em quê, está na origem de boa parte dos processos, pela intransigência, arrogância e furor arrecadador no trato com os clientes. Talvez fosse o caso de um treinamento capaz de torná-lo “especialista” também em relações humanas. Afinal, é daí que sai seu salário.
Leitor protesta: Poupem a PM!
Não sei qual seria a solução, mas não posso deixar de concordar com o protesto de um leitor que, por razões óbvias, prefere não se identificar. O que posso fazer é publicar o recado e chamar a atenção das autoridades para a difícil situação da corporação que, mesmo com um contingente reduzido em relação às necessidades, tem que se desdobrar para cobrir as greves dos policiais civis e agentes penitenciários. Tudo o que eles não precisavam são as festas e shows programados para esta semana, que vão sobrecarregar ainda mais seu trabalho.
É uma situação merecedora de atenção, já que é fácil imaginar o que pode acontecer quando um policial eventualmente estressado, obrigado a cumprir tarefas extras pela excepcionalidade da situação, é confrontado por algum drogado, desses que são atraídos como moscas para tais eventos nos quais, todos sabem, rola de tudo. É claro que são a exceção, já que a regra é gente ordeira, interessada apenas em se divertir. O problema é que as exceções se reúnem em grupos, às vezes armados, prontos para aprontar e desafiar a segurança. Sei não. Eis o e-mail:
Greves e shows
“Resolvi escrever para falar da minha indignação diante de todos esses episódios ruins que estão acontecendo em nosso estado. É muito difícil pra mim, já que nasci aqui e amo Rondônia demais. Infelizmente você sabe que um estatuto me rege, me impondo muitas regras. Mas os direitos... ah! Esses existem, mas muitas vezes nos são negados. Eu gosto muito de festa, mas acho que o Ministério Público devia atuar com todo seu poder com relação ao show do Mister Catra, programado para o dia 25 num trio elétrico em plena avenida Jatuarana.
Sei que você não curte funk mas, seja lá como for, esse doido arrasta multidões por onde passa. E já que o evento será na rua, compromete a segurança de toda a população. Adivinha quem será responsável pela segurança? A mesma polícia militar que está tomando conta dos presídios no lugar dos agentes penitenciários em greve, e que não estão cumprindo com o mínimo previsto de agentes trabalhando quando se está em greve. Eles estavam prejudicando o serviço para forçar uma rebelião entre os presos e pressionar o governo a atendê-los.
E, para piorar, a Polícia Civil também está em greve. Tente registrar qualquer coisa em qualquer delegacia da cidade pra você ver o tempo que vai levar pra você ser atendido. Com isso, todos os policiais militares estão sobrecarregados de trabalho, até os oficiais. Ninguém escapou. Está certo. Afinal, afinal é pra isso que somos pagos: manter a lei e a ordem. Mas só tem um problema: essa ponte está quase caindo. Temos uma tropa defasada e cansada de estar cobrindo os buracos dos outros, literalmente!
E tem outros eventos, como show da Cláudia Leite, Mc Koringa e Parangolé programado para quinta-feira, dia 23, no Parque de Exposições. Há que se levar em consideração o momento delicado em que o estado está passando, deixar de lado o desejo imenso de lucrar de alguns, e pensar naquele contribuinte, que é quem sempre paga a conta de tudo. Ninguém perguntou prá nenhum daqueles moradores da Jatuarana como fazem chegar em casa quando acontecem esses shows. E a Polícia Militar tantas vezes criticada por muita gente, vai estar lá com certeza para garantir o direito de todo cidadão, cumprindo a nossa missão. E o restante das autoridades? Será que vão ficar só assistindo ao show?”
Sábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)