Quarta-feira, 24 de outubro de 2007 - 11h53
Artista
Ninguém pode negar que o governador Ivo Cassol está tão distante da condição de "amante das artes" quanto o bispo Edir Macedo está do Papa. Não obstante, sua excelência é um verdadeiro artista, com imensa capacidade de improvisação. No episódio da ocupação do teatro pelas tropas do exército, Cassol aproveitou a deixa do general-de-brigada Luiz Alberto Bringel para elevar seus índices a níveis estratosféricos. Representou o papel de defensor da cultura, de único governador a desafiar até mesmo as poderosas forças militares para concluir as obras do teatro, de "herói da resistência" e, se lhe dessem tempo, não deixaria passar a oportunidade de ir pessoalmente ao local para retirar "no tapa" os militares do local. Quem sabe algum recruta não dava um tiro prá cima. Para sua excelência seria a glória. Ele sairia de lá transformado em mártir.
Comédia
Na magistral apresentação de Ivo Cassol, o papel do general Bringel foi literalmente o de "escada" (aquele que levanta a bola para o artista principal, no caso Ivo Cassol, fazer o gol. Dizem por aí que um jornalista do pedaço trabalhou muito tempo como escada num circo. Ele era aquele palhaço que leva o sopapo no lugar do palhaço principal, que no último momento se abaixa). O certo é que, truculento, o general resolveu agir convencido de que sua demonstração de força assustaria os adversários. Foi-se o tempo. A oportunidade estava lá e Cassol, logo quem, não haveria de deixar passar. E transformou o episódio num verdadeiro "fuzuê" cultural.
Adesões - 1
O episódio foi tão lucrativo em termos de audiência que até um dos mais ferrenhos adversários do governador, o petista. Ernande Segismundo, publicou artigo no "Estadão" em defesa de sua excelência. Segismundo lembrou, com muita propriedade, que aquela área não pertence ao Exército, pois nenhuma das três armas possui personalidade jurídica. Ou seja: tudo o que têm pertence à União Federal. Existe até mesmo um órgão, dentro do Ministério do Planejamento, para cuidar do assunto. Chama-se Secretaria do Patrimônio da União, que tem, inclusive, representação em Porto Velho e até o momento não se manifestou no imbróglio.
Adesões 2
É bom não esquecer que a peça representada por Ivo Cassol já lhe rendeu um prêmio, importantíssimo no momento em que luta para superar Roberto Sobrinho na liderança política da capital. Os movimentos culturais do pedaço já manifestaram seu integral apoio à iniciativa do governador, mesmo sem saber se ele pretendia mesmo concluir as obras do teatro ou apenas criar um lucrativo factóide político. O certo é que a defesa para Cassol não é pouca coisa. Embora reduzidos em número, os movimentos culturais são capazes de uma gritaria que ganha de longe das manifestações dos sem terras. Basta ver o bafafá que aconteceu segunda-feira, no auditório da Justiça Federal, durante a abertura do seminário "Porto Velho 100 anos de história".
Pijama
Quanto ao general-de-brigada Luiz Alberto Bringel, ele deveria, por uma questão de prudência, ir preparando o seu pijama. O Exército não costuma perdoar uma pisada na bola como esta. E, pelo que advertem conhecedores do assunto, a possibilidade de uma nova estrela está muito próxima de zero. Daí, somente lhe restará a reserva. A menos que Cassol, agradecido, resolva interferir junto ao ministro da defesa para apagar esse borrão de sua ficha. É, contudo, pouco provável que tente e, se o fizer, não há a mais remota possibilidade de conseguir.
C.H.Angelo
changelo@uol.com.br
Você, leitor, já ouviu falar do “Efeito Dunning-Kruger”? Trata-se do princípio definido em 1999, a partir do estudos de dois psicólogos americanos,
DNIT não cancela ponte Brasil-Bolívia
“Suspender é diferente de cancelar”, esclarece importante autoridade ligada ao gabinete do senador Confúcio Moura. É o que também deixam claro os di
Prejudicado no MDB, Roberto Alves concorre em Cacoal pelo Avante
"A democracia é a pior forma de governo" - teria ironizado o então primeiro ministro inglês, Winnston Churchill, para acrescentar: - "Exceto por t
Rachadão do Pix: o vôo de Ícaro de Lira
O parlamento brasileiro deveria agradecer ao ministro Flávio Dino, antes de condená-lo pelo bloqueio das “emendas Pix”. A quem, afinal, esperam conv