O candidato do PSDB ao governo do estado, o ex-senador Expedito Júnior, começou cedo a viver o pior dos cenários por ele mesmo imaginado para as eleições que se avizinham: fazer campanha com a candidatura lastreada exclusivamente em liminar obtida junto ao TSE, depois do pedido de registro ter sido negado pelo Tribunal Regional Eleitoral. Isso significa, segundo o jargão da política, fazer campanha sangrando, com grandes possibilidades da candidatura morrer no final, quando for julgado o mérito do processo pelo pleno do TSE.
Foi exatamente assim que ele concorreu ao governo nas eleições de 2010 quando, além de apresentar-se ao eleitor como o melhor postulante ao cargo e, portanto, merecedor do voto, ele ainda era obrigado a convencê-lo de que a Justiça iria lhe assegurar o direito de tomar posse caso eleito. Na ocasião, Expedito Júnior argumentava que fora equivocadamente colocado na condição de “ficha-suja”, que lhe cassaria o direito de votar e ser votado por oito anos. Não convenceu. Nem à Justiça, nem ao eleitorado.
A mesma situação torna a se anunciar no inferno astral do ex-senador. O PSDB está pedindo o registro de sua candidatura ao governo mesmo na condição de inelegível, pois ele está com os direitos políticos cassados até o dia três de outubro, dois dias antes das eleições. Ou seja: embora no dia cinco de outubro ele possa ter recuperado a plenitude de seus direitos, em condições portanto de ser eleito para qualquer cargo, ele hoje não pode registrar a candidatura para concorrer. Terá que fazer campanha pedindo um cheque em branco de cada eleitor. É preciso muito amor. E o tempo que terá para pedir votos ele vai gastar convencendo o eleitorado de que pode, sim, ser candidato. Cruel.
Candidatura avulsa
Assista reportagem do RO Record da TV Candelária
Não bastasse a situação complicada na Justiça Eleitoral, uma sucessão de problemas vem deixando Expedito Júnior perigosamente perto de um infarto ou, pelo menos, de morrer de raiva. Não bastassem as complicações relacionadas à candidatura de seu filho, Expedito Neto, que exigiram a pronta intervenção de uma companhia inteira de bombeiros, ainda apareceu o madeireiro Agair Alves de Araújo que registrou a própria candidatura ao governo pelo PSDB na Justiça Eleitoral.
Agair Alves conseguiu seus cinco minutos de glória quando mandou e-mail a Barack Obama, então em campanha pela reeleição, oferecendo sugestões para o desempenho do candidato. A Assessoria de Obama que, ao contrário dos políticos brasileiros, lia absolutamente tudo o que chegava, achou interessante divulgar. Por aqui há inúmeros casos de prefeitos que copiam projetos de outras cidades apenas substituindo o nome do autor e somente depois de publicado vão perceber que foi mantido o nome do município original. Boas ideias devem mesmo ser aproveitadas, mas se o condenado nem mesmo se dá ao trabalho de ler o projeto, como esperar que vá praticar o que copia? Mas isso é assunto para outra oportunidade.
O problema é que por conta disso, Agair Alves se julgou credenciado a disputar uma cadeira no Senado, no que foi prontamente vetado pela convenção do PSDB. Ele então resolveu dar o troco e protocolou o pedido de registro, argumentando que a substituição fora referendada pelo partido em função da ficha suja de Expedito Júnior. Não satisfeito com o mal feito, saiu pelas redações anunciando, entre outras barbaridades, que Barack Obama viria ajuda-lo na campanha. Voa alto o sujeito.
Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)