Rondônia começa, passadas as enchentes, a viver um período de reconstrução e retomada do crescimento nunca vista. O plano de reconstrução do estado levado a Brasília pelo governador Confúcio Moura é fruto de uma mobilização geral e, por isso mesmo, perfeitamente exequível. É claro que não se vai depositar grandes esperanças no empenho do governo federal – pelo menos não agora, já que, convenhamos, o baixo contingente eleitoral de Rondônia não capacita o estado a ser elevado à condição de prioritário na opinião do marqueteiro João Santana, que é quem comanda as ações no Planalto. Mas a simples apresentação do projeto já representa um grande avanço na aglutinação de forças para a retomada do crescimento econômico de Rondônia.
O governador mostrou nesta segunda-feira aos jornalistas reunidos na Oficina de Comunicação promovida pelo Decom aquilo que já dissemos aqui: Rondônia já deixou de ser o quartinho dos fundos da geopolítica nacional para ocupar o coração da América Latina. Ou seja: qualquer iniciativa empresarial que tenha como alvo os mercados andino e asiático terá, obrigatoriamente, que passar por aqui. E essa é a única força capaz de obrigar o governo, qualquer que seja ele – e eu rezo para que não seja do PT – invista na infraestrutura rondoniense. Confúcio Moura sabe disso. E mais do que buscar apoio governamental para a recuperação rondoniense, ele está mesmo de olho na iniciativa privada, pois que aqui é um bom lugar para investir.
O cenário econômico é extremamente promissor. A economia de frete tanto pela hidrovia do Madeira quanto pela saída para o Pacífico permite colocar nossa produção no exterior a preços altamente competitivos. Esta é a verdadeira mola propulsora capaz de mobilizar investimentos em infraestrutura no estado. A realização de obras exige o chamado EVTEA – Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental. Daí é que vai sair o dinheiro para as obras tão sonhadas: o novo porto, a recuperação da BR-319, a ponte de Abunã, a ponte Brasil-Bolívia, a duplicação da BR-264, a recuperação da BR-425 (Abunã-Guajará), a implantação da BR-080 (no trecho Ariquemes-Nova Mamoré) e mesmo a extensão ferrovia Centro-Oeste até Porto Velho.
Isso vai acontecer não pela generosidade governamental ou pelos votos rondonienses, mas pelo dinheiro. A poderosa indústria de Manaus, por exemplo, vai pressionar pelas obras da BR-319 – única saída terrestre para os mercados do sul do país e andino. Os produtores de soja, que já estão viabilizando o novo terminal portuário, vão ajudar a pressionar em favor da duplicação da BR-364 e da ferrovia, pois vão ganhar muito dinheiro com isso. Da mesma forma, a ponte de Abunã, cujas obras começam em dois meses, será importantíssima para levar aos países andinos e até asiáticos a comida produzida aqui. E trazer de lá insumos agrícolas a custo infinitamente menor. Um exemplo: está sendo negociada pelo governador a importação de sal da Bolívia, do Departamento de Beni. O sal tem qualidade infinitamente superior ao consumido hoje pelos produtores rondonienses e o custo infinitamente menor do que o consumido hoje, que vem do Rio Grande do Norte.
O certo é que a produção de Rondônia também vai crescer exponencialmente tanto pela oferta de calcário de qualidade a baixo custo, que pode chegar a um milhão de toneladas, contra as 30 mil até então precariamente produzidas, como pelos fertilizantes, que chegarão pela hidrovia do Madeira, a custo igualmente menor. Tudo isso somando à regularização fundiária rural, que vai chegar a 10 mil propriedades este ano a custo zero para o pequeno produtor e ao Cadastramento Ambiental Rural que, segundo Confúcio, vai beneficiar 50 mil propriedades até 2015 vai resultar em uma verdadeira revolução econômica no estado, pois todo esse povo terá acesso aos créditos oficiais.
Como se pode ver, razões não faltam para otimismo e esperança, ingredientes fundamentais da receita para o bolo do desenvolvimento. Receita, aliás, é a palavra mais apropriada.
Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)