Um leitor cobrou posicionamento sobre a sessão de abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa em 2014. Eu estava decidido a não comentar mais coisa alguma sobre aquele lugar depois dos resultados apresentados pela comissão de julgamento dos envolvidos no inquérito da Operação Apocalipse: todo o mundo inocente, inclusive os chamados réus confessos. Não que eu tenha sido contaminado pela mesmerização do esbulho e tenha mandado às favas a indignação.
Nada disso! Acontece – e em função disso minha atenção foi inclusive chamada por alguns leitores mais atentos – que a coisa ficou cansativa. O que dizer de um grupo de parlamentares que recua apavorado ante a ameaça de Ana da Oito de “abrir o bico” e contar tudo? O que dizer depois de uma demonstração cabal de que efetivamente não há virgens no prostíbulo? A esperança é que isso seja lembrado na campanha, para que, no voto, a população realize aquilo que a simbólica lavagem nas escadarias não foi capaz: uma faxina.
Agora mesmo, na reabertura dos trabalhos (trabalhos?) legislativos o governador é violentamente agredido por um discurso pleno de acusações partidas de quem sabe que nada lhe poderá ser cobrado e na mais escancarada quebra de decoro. E, quando se retira indignado, na única atitude possível diante do silêncio escancarado e absolutamente cúmplice de todos os demais parlamentares, é acusado, pela mídia eletrônica fartamente remunerada, de agir com “deselegância”. Ou seja: cobram de Confúcio Moura aquilo que Hermínio Coelho nem imagina o que possa vir a ser.
Tudo o que posso fazer, para atender à provocação do leitor, é apresentar pelo menos uma situação na qual a deselegância daquele maluco chega a ponto de rasgar a constituição federal e fazer o que bem entende. Com a certeza da impunidade que lhe confere o mandato e do imobilismo dos responsáveis pela fiscalização. Ele condena com frequência o Governo do Estado pela demora na efetivação da transposição. Mas jamais disse uma palavra sobre a situação dos servidores do Legislativo, que também têm direito ao benefício, mas até hoje não mereceram qualquer referência do presidente.
Apesar disso, e à sua maneira truculenta, ele realizou a transposição de seis felizardos, entre os quais o chefe de sua Assessoria de Imprensa, Paulo Ayres de Almeida, de celetistas para estatutários numa verdadeira afronta à constituição de 1988, que exige a realização de concurso para o ingresso na carreira de servidor público. Nada disso. Uma mera resolução (nº 227, de 20 de dezembro de 2012) “Dá tratamento isonômico aos servidores da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, contratados sob o regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho.
Fonte: Blog do Cha
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)