Dilma Roussef veio, viu e prometeu sem falta para com certeza faltar sem dúvida. Nem mesmo em relação à necessária abertura da BR-421 ela foi além de dizer que seria prioridade. Ora, diabos, todas as obras do PAC não são prioritárias? Ela disse ter determinado à AGU e ao Ministério da Integração o encaminhamento de ações junto ao TRF-1, pedindo a abertura. Mas, segundo a amiga e leitora Ana Mendes, ela resolveu o problema na usina de Tapajós com a Medida Provisória 558 que desafeta (diminui o tamanho) diversas Unidades de Conservação em torno do empreendimento. Porque não fazer o mesmo aqui, em relação à “área tampão”, comprovadamente inserida no Parque de Guajará-Mirim apenas para bloquear a abertura da estrada? Porque ela quer que RO se dane. Daqui só quer os votos e a energia das hidrelétricas.
Enviei duas perguntas, sábado pela manhã, ao ex-senador Ernandes Amorim, no movimentado programa da Rádio Ariquemes, comandado pelo amigo Aor de Oliveira.
1 - Dona Dilma Roussef sobrevoa as áreas alagadas. Isso em dinheiro para socorro às vítimas significa quanto?
2 – Quando sobrevoar os lagos de Santo Antônio e Jirau Dona Dilma poderá verificar as alagações provocadas pelos remansos. Ela vai determinar que sejam rebaixadas as cotas como forma de evitar a repetição da tragédia no próximo ano?
Eu mesmo antecipei as respostas: nada para ambas.
O certo é que, numa deferência ao governador Confúcio Moura e ao senador Valdir Raupp, Dilma Roussef finalmente resolveu passear por aqui, para ver os estragos provocados pelas usinas. Vale lembrar que, ainda que alguns insistam em culpar a natureza, cabe às usinas uma enorme carga de responsabilidade nas alagações que estão acontecendo. Isso porque apesar da inevitabilidade da enchente, ela foi amplificada pelas barragens, que bloqueiam o curso natural das águas.
Ou seja: a chuva da Bolívia faz subirem os rios que desaguam no Madeira e elevam sua cota. Quando encontram as barragens, as águas se espalham porque encontram ali um lago formado. E ainda que passe pelas usinas o mesmo volume que chegou aos reservatórios, não há como evitar o chamado efeito remanso, porque a cota das barragens já está elevada. A situação é agravada pelos sedimentos que se depositam no fundo, reduzindo cada vez mais a capacidade das barragens. Simples assim.
Quanto ao rebaixamento das cotas, Dona Dilma não quer nem ouvir falar. Seu governo está desesperado por energia, qualquer que seja o volume aqui produzido. Esperançosa, ela imagina que, com esse tanto de água, possa ser compensada a seca dos reservatórios do sul, e evitado o racionamento. Isso é o que lhe dizem seus assessores. Mas estão mentindo. Gente conhece o assunto e desobrigada de prestar vassalagem à irrascível presidente, assegura que o Brasil não conseguirá evitar o racionamento. Pior: a mobilização das termelétricas, além de caríssima, não pode ser permanente. Todo o setor exige manutenção, proibida nesse momento crítico.
E ainda não falei dos custos, estimados em R$ 20 bilhões, dinheiro que o governo não tem. Mas não admite, pelo menos por este ano, repassar ao público a fartura. Portanto, brasileiros e brasileiras, podem preparar o lombo, segurem o 13º salário, porque em 2015 a vaca vai definitivamente para o brejo. Será o efeito remanso da economia: os custos estão represados nos combustíveis e na energia elétrica. De algum lugar terão que sair. Sem eleições, pode-se imaginar das costas de quem. Se for reeleita, Dilma não terá que continuar a “fazer o diabo” e o povaréu, que a terá eleito, terá também que ajudar a pagar a conta. Se perder, seu sucessor já sobe a rampa com uma bomba-relógio armada. E o PT ainda vai dizer: - “Viram? No nosso tempo não era assim!”
De volta à primeira pergunta: à parte levantada por um jornalista sobre a transposição, que realmente estava fora do contexto, muito embora a economia da folha pudesse ajudar o estado a enfrentar o desastre que ainda virá depois que as águas baixarem, a presidente prometeu mundos e fundos, como num verdadeiro palanque. Disse que vai priorizar a destinação aos desabrigados das unidades construídas dentro do programa Minha Casa, Minha Vida – coisa com a qual o governador Confúcio Moura já havia se comprometido – e garantiu que vai liberar o FGTS dos desabrigados – o que, convenhamos, é estabelecido na legislação. Prometeu construir a ponte sobre o Madeira no distrito de Abunã, que ela quase inaugurou certa vez, do Acre, por uma varada de sua assessoria. E que, agora, já foi até licitada e depende apenas da ordem de serviço para início das obras.
Aí você pergunta: se é assim, prá que diabos ela veio aqui? Para fazer nada.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)