Não passou até hoje, pelo menos para a Superintendência Regional do DNIT, de conversa do prefeito Mauro Nazif o anúncio feito há meses dado conta da devolução das obras inacabadas dos viadutos de Porto Velho. Não devolveu. Ficou apenas no discurso. Até hoje não se tem notícia de qualquer documento do prefeito para consolidar a devolução. Pode ser sintoma de absoluto despreparo da administração municipal para o trato com os órgãos federais, que exige mais do que um telefonema ou visita a Brasília para efetivar uma medida desse tipo. Mas também pode significar a mais absoluta má fé, um verdadeiro atentado contra os interesses da população. O certo é que as obras não avançam um único milímetro este ano. E a persistir o descaso do prefeito, no próximo também não.
Técnicos do DNIT estão inclusive preocupados com a questão. É que com o início da temporada de chuvas, as obras inconclusas serão muito mais afetadas, elevando o custo do remanescente. Além do que não foi realizado, será anda necessário recuperar o que se perdeu. Mauro Nazif deve ter imaginado que bastava informar ao DNIT que não queria mais prosseguir com as obras e pronto. Mas é preciso prestar contas do que se fez, de quanto foi gasto, quanto resta dos recursos destinados às obras e quanto falta realizar. É preciso documentar tudo isso. A legislação estabelece prazo de 60 dias, após oficializada a desistência para a efetivação de tais procedimentos, a partir do qual, caso nada apareça, pode ser desencadeada pela CGU uma tomada de contas especial.
A menos que a Prefeitura se disponha a restituir à União os recursos aplicados de forma equivocada ou simplesmente volatizados no caminho. Não parece, definitivamente, ser uma hipótese plausível. Devolver dinheiro? Piada. Pode ser também que o prefeito tenha protocolado o documento em Brasília, coisa da qual não se tem conhecimento ainda por aqui. Mas é igualmente possível que ele tenha retardado deliberadamente o procedimento, à espera de condições, digamos, mais favoráveis, dentre elas, quem sabe, um clamor popular que poderia forçar uma saída política para o caso em ano eleitoral?
Se assim for, fica explicada a insatisfação manifestada pelo prefeito com o governador Confúcio Moura por ele ter assumido as obras da Rua da Beira. Ninguém conseguiu entender porque diabos o prefeito reclamou ao invés de agradecer por ter se livrado daquela verdadeira batata quente. Mas é claro que se o DER não intervisse, a situação estaria verdadeiramente insustentável. Os protestos teriam se avolumado, com repercussão até na mídia nacional, o que iria facilitar a intervenção do DNIT nas obras por determinação de um presidente que admite tudo, menos perder votos. Pode ser, mas é uma vergonha. Ou a mais absoluta falta dela. O caso, com o perdão do prefeito, cheira a trapaça.
Assistam a esse vídeo
Senão pelo amor de seus filhos, façam-nos pelo amor de Deus. Assistam ao vídeo da Dra. Damares Alves no You Tube. Ela é procuradora da Câmara Federal e exibe as provas da criminosa imposição de verdadeiras barbaridades às nossas crianças nas escolas, por conta do MEC e do Ministério da Saúde. É criminoso, revoltante, ignominioso, trágico e apavorante o que estão fazendo com nossas crianças. A ideia é privar os brasileiros, desde o berço, do menor senso de decência. Os professores são obrigados a pedir às crianças que escondam os livros dos pais. E os pais, preocupados em ganhar a vida, confiam a vida dos filhos às escolas. Pois estão errados. É preciso fiscalizar. É preciso reagir contra o que está se processando no âmbito escolar.
Querem contaminar pela via sexual qualquer perspectiva de dignidade de nossa próxima geração. Querem uniformizar por baixo, praticamente implantando a evolução ao contrário. Atenção senhores pais, fiscalizem as mochilas escolares de seus filhos. Não se assustem com o que poderão encontrar. Estou apavorado. Se tenho alguma credibilidade junto aos meus amigos e leitores, peço que acessem ao vídeo. E compartilhem, pelo amor de nosso futuro como nação.
Reinaldo Azevedo
Fui homenageado, dia desses no Facebook, por alguém que, na tentativa de ofender, me classificou como aluno do articulista de Veja, Reinaldo Azevedo. Não havendo o que explicar sobre tão estapafúrdia “acusação”, limitei-me a responder “Quem dera!”. Na verdade, faço um grande esforço para quem sabe um dia escrever quase tão bem quanto ele. Reproduzo aqui, com o perdão do autor, um artigo do brilhante jornalista sobre Caetano Veloso e seu apoio aos baderneiros mascarados, que coincidentemente também lamentei. Leiam o artigo que aqui reproduzo e avaliem, por favor. É importante até para ilustrar um pouco os milhares de “jornalistas diletantes” que habitam e se divertem nas as redes sociais demonstrando gostar de escrever, mesmo sem ao menos tentar aprender.
Lá vou eu falar de Caetano Veloso… Já dei uma palhinha. Em sua coluna no Globo de domingo, ele volta a se referir a mim e aos leitores deste blog. Vamos ver. É bem verdade que Caetano abre seu texto afirmando que gostaria “de ter tido tempo para refletir antes de escrever”. E acrescenta: “Mas aconteceu o contrário”. Isso quer dizer que escreveu primeiro e deixou para refletir depois. Pois é… Antes de criticar um internauta que deixou um comentário nesta página, ele observa: “E lembrando que Paulo Francis dizia que quem escreve cartas para a redação é doido”.
Francis, de fato, disse isso. Estranho é ver Caetano citando-o em seu socorro. A única vantagem de envelhecer é a memória — para quem a conserva. Os mais moços talvez não saibam e é possível que muitos já nem se lembrem mais. Em 1983, o cantor entrevistou Mick Jagger, dos Rolling Stones, para o programa Conexão Internacional, da extinta TV Manchete. Francis viu e não gostou. Escreveu um texto a respeito. Se vocês lerem o original, verão que até fez alguns elogios a Caetano, dizendo-o melhor do que Jagger e reconhecendo-lhe talento, mas não perdoou algumas batatadas. Escreve: “É evidente, por exemplo, que Mick Jagger zombou várias vezes de Caetano na entrevista na TV Manchete. O pior momento foi aquele em que Caetano disse que Jagger era tolerante e Jagger disse que era tolerante com latino-americanos (sic), uma humilhação docemente engolida pelo nosso representante no vídeo”.
Caetano ficou furioso. Muito bravo mesmo! E respondeu com esta grandeza e superioridade: “Agora o Francis me desrespeitou. Foi desonesto, mau-caráter. É uma bicha amarga. Essas bonecas travadas são danadinhas”. Acho que, hoje, Jean Wyllys o acusaria de homofobia — se bem que o deputado já afirmou o mesmo a meu respeito só porque eu discordei dele. Francis retrucou então:
“Duas sorridentes cascavéis deste caderno me comunicaram hoje que Caetano Veloso me agrediu numa coletiva. Outro tema de debate: cantor de samba fazendo show vale uma coletiva? Por quê? Bem, fiz críticas culturais ao estilo de personalidade de Caetano, o flagelado milionário de ’boutique’, servil como um escravo diante do condescendente Mick Jagger. São críticas, certas ou não, mas culturais. Qual é a resposta de Caetano? Diz que sou uma bicha amarga e recalcada. É puro Brasil. Ao argumento crítico, o insulto pessoal. Mas o insulto é o próprio Caetano. Afinal, o que ele quer dizer é que sexualmente sou igual a ele, e usa isso como insulto.”
Retomo
No texto, ESCRITO HÁ TRINTA ANOS, Francis se referia a Caetano como aquele que “fala de tudo com autoridade imediatamente consagrada pela imprensa, que é mais deslumbrada do que o público em face dele.” Segundo o jornalista, ele havia se transformado num “totem”. Leiam: “[Caetano] prefere fazer o que chamei outro dia de ‘maltrapilho estilizado’. Simbolizar a miséria raquítica do baiano e interiorano brasileiro, para efeito de mero consumo visual, enquanto muito agradavelmente acaricia as fantasias de amor ilimitado que fazem o narcisismo da classe média confortável no Brasil, um conforto por que pagam cerca de 100 milhões de brasileiros no nosso ‘Alagados’ nacional”. Na mosca!
Volto aos dias de hoje
Caetano está bravo comigo porque eu o esculhambei por ter posado para aquela foto fantasiado de “black bloc” e convocando os cariocas a sair mascarados às ruas. O Sete de Setembro, como se viu, ficou entregue aos violentos e aos vândalos. Se alguma esperança havia de que a “voz das ruas” pudesse melhorar o Brasil (nunca foi a minha, como vocês sabem), ela se esvanecia definitivamente ali. Eis a grande obra dos que, a exemplo de Caetano, se negaram a fazer a devida distinção entre protesto e arruaça fascistóide. O ex-totem, no entanto, tem a coragem de escrever que “os black blocs fazem parte”. De quê?
No texto do Globo, escreve Caetano: “Um comentário de acompanhante de famoso blog direitista (o do Reinaldo Azevedo, que, não sei por que, se alegra em fazer sucesso com aquele tipo de plateia) protesta contra a manobra ‘esquerdista’ da TV Globo ao pôr no ar, no ‘Fantástico’, reportagem sobre a espionagem americana no Brasil. Para ele, a TV Globo é um veículo da conspiração comunista internacional. O que, para nós brasileiros, soa mais estapafúrdio do que as reiteradas afirmações de Olavo de Carvalho sobre o ‘New York Times’, que ele retrata como uma espécie de braço do movimento comunista. A Globo, que os blogs de esquerda — e muitos manifestantes de rua — chamam de líder da mídia golpista (…).
Há 30 anos, como viram, Francis já notava a desenvoltura com que Caetano falava sobre qualquer assunto. E ele, parece, é bem mais desenvolto quando fala sobre o que não entende, quando põe a sua ignorância específica a serviço de seus admiradores — que suponho em número dramaticamente decrescente. Aos 41, quando ele se enfurecia com um crítico, disparava: “Bicha amarga! Boneca travada!”. Aos 71, adequado ao espírito destes tempos, manda ver: “Direitista!”.
Caetano diz não saber por que eu me alegro “em fazer sucesso com esse tipo de plateia”. Que tipo? Este blog foi acessado quase 300 mil vezes na quinta, quase 200 mil na sexta. Há comentários para todos os gostos e leituras as mais diversas. Boa parte dos meus textos passa longe do debate ideológico, embora eu, de fato, não me negue a fazê-lo. Ao contrário. Provoco o confronto de valores. Não sei a que comentário exatamente ele se refere e o que disse o leitor. Certo ou errado, Caetano o toma como exemplar. E ainda aproveita para dizer tolices também sobre Olavo de Carvalho. Não sei o que escreveu o comentarista, mas sei o que eu escrevi sobre as reportagens de Glenn Greenwald, o que reitero agora: não se provaram nem a espionagem contra Dilma nem a espionagem contra a Petrobras.
Ele poderia tentar demonstrar que estou errado. Reproduzo trecho da matéria sobre a empresa: “Não há informações sobre a extensão da espionagem, e nem se ela conseguiu acessar o conteúdo guardado nos computadores da empresa”. Escrevi, então, um post com as minhas restrições.
O que pensa o leitor? Sei o que eu penso! Glenn Greenwald, embora americano, é de um antiamericanismo fanático e está construindo um castelo de conspirações a partir de meras suposições. Não confio em quem divulga dados que foram roubados e tem como parceiro um ex-agente da CIA refugiado na… Rússia. A minha desconfiança vira desprezo quando este senhor Greenwald é capaz de escrever um artigo justificando os atentados terroristas ocorridos em Boston. Palavras suas:
“Por mais profunda que você reconheça ser a perda sofrida pelos pais e familiares das vítimas, é a mesma perda experimentada pelas vítimas da violência dos EUA. É natural que não se sinta isso tão intensamente quando as vítimas estão longe e são quase invisíveis, mas sentir essas mesmas coisas em relação aos atos de agressão dos EUA corresponderia a percorrer um longo caminho que leva a uma melhor compreensão do que eles são e dos resultados que produzem”. Sei o que eu escrevi. E eu sinto asco dessa abordagem de Greenwald e de seu fanatismo — daí que não dê três tostões furados por seu “trabalho”.
Eu e Olavo
Caetano não conhece a crítica de Olavo a certa imprensa americana como não conhece a minha — ou não falaria tanta bobagem. Há uma gigantesca diferença entre apontar a inflexão à esquerda de veículos de comunicação ou de emissoras de TV e afirmar que são “braços do movimento comunista”, buscando reduzir, mais uma vez, a crítica política e cultural a uma caricatura — caricatura feita por um desinformado. Em duas semanas, a novela “Amor à Vida”, por exemplo, fez merchandising pró-aborto, proselitismo estúpido contra a internação de dependentes e em defesa da antipsiquiatria — a principal responsável por haver milhares de brasileiros pobres jogados nas ruas, sem leitos psiquiátricos — e cantou as glórias do programa “Mais Médicos”. Não, Caetano Veloso! Ninguém acha que isso faz da Globo um “braço do comunismo internacional”, mas é preciso ser supinamente estúpido para ignorar que esses valores têm um determinado pedigree ideológico. Apontá-lo, quando se conhece o assunto, é um dever.
Caetano deve andar por baixo, bem por baixo. Olavo e eu não fazemos parte do showbiz. Ele é um filósofo. Eu sou apenas um jornalista. Mas é fato que nos atacar excita a fúria da cachorrada, que sente cheiro de sangue. Caetano está cortejando as plateias petistas. Durante um bom tempo, ele foi considerado suspeito aos olhos da esquerda — e por maus motivos para elas e bons para eles. Este senhor não cedeu à tentação de ficar fazendo metáfora mixuruca para resistir à ditadura. Mesmo quando eu tomava borrachada na rua — porque metáfora não derruba ninguém, afinal… —, admirava-o por isso. Bem poucos talentos sobreviveram à arte engajada. Não é que, aos 71, Caetano regride a uma tolice que talvez não tenha tido nem aos 17?
Referindo-se ao artista de tempos idos, Francis encerrava assim aquele artigo de há 30 anos: “(…) pego uma paráfrase de Eliot de uma paráfrase de outro autor e encerro: ‘Mas isso foi em outro país e aquele rapaz morreu’”. Caetano diz não saber por que eu me alegro em “fazer sucesso com aquele tipo de plateia”. É? E quem pode se alegrar em fazer sucesso com um tipo de plateia que acha legítimo que pessoas saiam mascaradas às ruas para depredar patrimônio público e privado? Que tipo de plateia? A minha certamente é composta de gente que trabalha, de gente que estuda, de gente que não enfia a mão no dinheiro público, de gente que garante a arrecadação que faz a felicidade de alguns “artistas” que hoje só conseguem produzir financiados pelo capilé estatal.
Eu me orgulho dos meus leitores de cara limpa, senhor Caetano Veloso, e não preciso ficar lhes puxando o saco ou correndo atrás de tudo quanto é novidade para que me achem interessante. Muitos deles sabem o quanto me criticaram por jamais ter me deixado tomar de encantos pelas ruas — nem mesmo quando a popularidade de Dilma despencou. Eles não vêm buscar aqui a reiteração do que já sabem. Eu não vivo de um personagem, entendeu?
Caetano escreve também uma coisa curiosa: “O fato é que compro sempre uma “Veja” e uma “Carta Capital” para ler no avião (…) preciso saber o que dizem os chamados dois lados para poder me manter centrista aqui.” Pfuiii…
É mau leitor da VEJA se acha que a revista é de direita é e mau leitor da Carta Capital se acha que a revista é de esquerda. Eu, à diferença de Caetano, não fico administrando a minha opinião para “ser” alguma coisa em particular. Simplesmente penso o que penso com as informações que consigo obter e me deixo orientar por valores. Até porque os piores facínoras encontram defensores entusiasmados, alguns até de talento.
O fato é que um daqueles 300 mil acessos era dele. Obrigado, Caetano!