Muito louvável, embora com algum atraso, a campanha de advertência da Prefeitura contra os riscos aos quais a população está exposta em decorrência das enchentes. Dengue e leptospirose, juntamente com a cólera (ou “o” cólera, como pretendem alguns, em função do vibrião, masculino) e a malária são realmente ameaças permanentes. Mas outro presente de grego oferecido pelas usinas à população rondoniense também está na cobertura verde dos remansos, verdadeiros igapós que se formaram às margens do Madeira. É a cobertura vegetal das águas, transformadas em criadouro de mosquitos pelas plantas aquáticas flutuantes. Um deles, que não está sendo considerado, é o mansonia, principal transmissor da filariose, também conhecida como elefantíase. Este mosquito, diferente dos demais, ataca o dia todo e inferniza a vida de quem frequenta as alagações e vizinhanças, pois provocam ulcerações e ferimentos nas áreas afetadas.
As plantas aquáticas (macrofilas) e os mosquitos encontram ótimo ambiente para a proliferação (foto Ivanete Damasceno/G1)
Um experiente colaborador do Blog do CHA chama a atenção para a proliferação das macrofilas aquáticas – plantas flutuantes, representadas especialmente pelos aguapés, alfaces de água, salvineas e outras. A riqueza de nutrientes do rio Madeira, os inúmeros remansos e o sol estão provocando uma verdadeira explosão nos remansos, dotando as águas paradas de uma cobertura verde parecida com um gramado. O técnico lembra que as macrofilas aquáticas são as plantas com maior velocidade de crescimento e reprodução da natureza. O leitor diz que ao citar a fábula do lobo e do cordeiro, Dilma Rousseff acabou acertando em um dos muitos impactos ambientais provocados pelas usinas. Mas recomenda a adequação dos atores e personagens. Os lobos são as usinas e os cordeiros a população.
Os reservatórios de Santo Antônio e Jirau, segundo ele, foram quase integralmente desmatados antes da formação dos lagos. Com isso, as diversas áreas de remanso foram transformadas em viveiros de macrofilas, que podem ser observadas como um verdadeiro tapete em todas as alagações. A elevação do nível dos lagos e a velocidade das águas se encarregaram da distribuição das mudas por toda a jusante. Daqui até o rio Amazonas, onde houver remanso, lá estarão as plantinhas. O problema foi registrado às margens do lago da hidrelétrica de Tucurui, no Pará, onde a Eletronorte foi obrigada a investir uma verdadeira fortuna no controle da praga. E quando as águas baixarem elas ainda irão causar grandes transtornos à população para a remoção do material em decomposição.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)