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Gente de Opinião

Carlos Henrique

Está sendo gestada, na Seduc, mais uma trapalhada capaz de produzir fortes dores de cabeça para o governador



Ao contrário do que recomenda o bom senso, os dirigentes Fundo Emergencial de Febre Aftosa – FEFA continuam fazendo lobby na Assembleia e na imprensa, numa tentativa desesperada de reverter a situação e salvar o ótimo negócio. Para eles, claro. Querem recuperar a autorização para recolhimento da “Taxa de Defesa Sanitária Animal” e a emissão da “Guia de Trânsito Animal” canceladas por liminar da Juíza Inês Maria da Costa, da Vara da Fazenda Pública, e pelo TCE.

 
Deveriam, contudo, preocupar-se em organizar direitinho a contabilidade do Fundo para justificar a aplicação da verdadeira fortuna recolhida. Isso, porque apesar de ser uma entidade privada, o FEFA foi mantido exclusivamente com dinheiro público, o que certamente vai ser cobrado logo em seguida. Mas verifica-se uma tentativa desesperada de demonstrar a imprescindibilidade do FEFA  no combate à febre aftosa e ao mesmo tempo colocar a IDARON como mero coadjuvante. Esta, inclusive, era a visão dos ex-dirigentes da IDARON, que certamente serão também chamados a dar explicações nas investigações que certamente vão acontecer.
 
Números exibidos pelo presidente do PMDB estadual, o ex-deputado e suplente de senador Tomás Correia, mostram claramente o papel de cada um nessa comédia, coadjuvante ou ator principal.  A IDARON tem 86 escritórios no Estado, FEFA 01;  IDARON 603 servidores, FEFA 51; IDARON 74 veterinários, FEFA nenhum; IDARON 53 agrônomos, FEFA nenhum; IDARON  04 zootecnistas, FEFA nenhum;  IDARON 300 auxiliares  técnicos, FEFA nenhum;  IDARON 172  auxiliares   administrativos, FEFA nenhum; IDARON 88 caminhonetes, FEFA 01 (caminhonete de luxo que o Presidente usa); IDARON 54  automóveis, FEFA nenhum; IDARON 153 motos, FEFA , nenhuma;  IDARON 23 embarcações, FEFA nenhuma; IDARON 7 vans treileres, FEFA nenhuma. Ou seja, a IDARON  325 veículos e o FEFA apenas uma caminhoneta luxuosa para servir ao Presidente do fundo milionário. 

“Com esses dados é fácil saber quem necessita de recursos financeiros para exercer efetivamente a defesa sanitária no Estado de Rondônia, daí a estranheza do IDARON de então voluntariamente abrir mão de milhões de reais em favor do FEFA e ainda colocar-se como mero coadjuvante seu, arrebanhando uma legião de parlamentares defensores do fundo milionário, vozes que silenciaram quando foram retiradas vantagens salariais dos servidores, que tiveram que recorrer e recuperar seus direitos na Justiça do Trabalho” – disse Tomás.

“Quem, de fato, faz a defesa sanitária em Rondônia são os servidores da IDARON em parceria com os anônimos produtores rurais, inobstante estes servidores no governo passado terem os seus direitos salariais reduzidos com o silêncio de muitos, principalmente dos que tinham o dever de defendê-los” - concluiu.
 
 
 
E mais:

1 – A promessa de eleger pelo menos um deputado federal do PR, feita por Cassol a Valdemar Costa Neto para conquistar o comando do PR em Rondônia embute a perspectiva de realização de um antigo sonho: a Superintendência do DNIT RO/AC. Comenta-se nos bastidores que ele já teria até mesmo um nome para apresentar: Jacques Albagli, ex-diretor do DER. Técnico altamente qualificado, Albagli tem contra si o fato de manter submissão incondicional aos ditames do ex-governador. Um perigo.
 
2 - O filósofo francês Michel de Montaigne (1533/1592) dizia ser às vezes forçado a fazer o mal no varejo aquele que quer fazer o bem por atacado. É uma situação para a qual os governantes precisam estar atentos. Até porque aquele que vem pedir bondades no varejo está preocupado apenas com seus interesses, jamais os do estado, do governo, ou do governador.
 
3 - Está certo que tal realidade afronta o espírito generoso do governador Confúcio Moura, mas atrapalha enormemente seu governo, pois oferece a um bando de canalhas a oportunidade de atingir seus objetivos ou escapar dos efeitos de sua própria incompetência apelando para a sensibilidade do chefe do Executivo.
 
4 - Mas não cabe a Confúcio Moura a tarefa de dizer não. Ele dispõe para isso do secretário-chefe da Casa Civil, cargo destinado a ser o segundo no comando. Tem igualmente a pessoa certa no cargo, Marco Antônio Faria, ex-delegado da Polícia Federal e juiz aposentado. Basta fazer com que ele, no cargo, seja menos juiz e mais delegado.
 
5 - Ao governador basta seguir a eficácia do exemplo de Jorge Teixeira. Sempre que alguém lhe incomodava com pedidos absurdos ele dizia: “Fale com o Zé” (José Renato da Frota Uchoa, o baixinho mais poderoso que já passou por aqui). Pronto. Bianco também manteve o seu “Zé”, tarefa desempenhada com desenvoltura por Arnaldo Bianco, tanto no Governo do Estado como na Prefeitura de Ji-Paraná. Ambos eram encarregados de dizer “não”, deixando para o governador apenas o “sim”.
 
6 - Está sendo gestada, na Seduc, mais uma trapalhada capaz de produzir fortes dores de cabeça para o governador. O contrato emergencial dos professores bilíngues (Português e sinais) vence e maio e vai precisar ser renovado, já que a secretaria não conseguiu até hoje realizar o necessário concurso para seleção dos profissionais.
 
7 - O problema é que alguém na Seduc entendeu que o novo contrato deve classificar os professores como nível médio, não nível superior como é hoje. Com isso, o salário será reduzido pela metade. Economia burra, posto que são apenas 12 profissionais no setor. Pode até não ser ilegal a medida, mas certamente é imoral. E vai gerar uma gritaria danada por atingir uma minoria que merece tratamento desigual justamente por suas desigualdades.
 
8 - A propósito: está sendo investigada grave denúncia contra a Seduc: o funcionamento de uma administradora de imóveis no gabinete do secretário adjunto do órgão, que estaria dirigindo os contratos de locação para seus próprios imóveis. Consta que o Ministério Público já está em campo.
 
9 - Os petistas que começam a se assanhar com a perspectiva de uma candidatura bem sucedida do deputado Padre Tom ao governo do estado podem começar a procurar abrigo em outra freguesia. Padre Tom não será candidato nem que o Papa Francisco apareça por aqui. Isso, apesar de ambos estarem alinhados praticamente dentro do mesmo partido nas forças eclesiásticas: Padre Tom é franciscano e o Papa é militante da corrente jesuíta-franciscana surgida depois do concílio.
 
10 - O problema é que a presidente”A” Dilma não quer nem ouvir falar em questões que possam empastelar seu casamento com o PMDB em 2014. Ela já tem problemas em Minas, com Aécio e no Nordeste, com Eduardo Campos. E agora, em São Paulo, onde Mercadante, tido como dono das maiores chances para enfrentar Alkmin, correu da raia com um sonoro “Tô fora”. Com isso, o PT rondoniense – que, convenhamos, não está com essa moral toda lá em Brasília - vai acabar sendo obrigado a aplaudir Dilma Roussef no palanque de Confúcio.
 
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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