Todos sabem que defendo o governo de Confúcio e sou plenamente favorável à sua reeleição. E acredito sinceramente ser ele a pessoa mais qualificada a conduzir o estado no período de grandes dificuldades que virá depois das enchentes. Não se pode esperar grande coisa do governo federal, especialmente porque o país está literalmente quebrado e a má vontade em relação a Rondônia é inquestionável. Ou seja: Rondônia terá que “se virar” por seus próprios meios para que seja possível não apenas a reconstrução do estado como também a prevenção de novas tragédias.
Quem acredita naquela história do raio não cair duas vezes no mesmo lugar está iludido. Cai sim. O rio Madeira com certeza voltará a subir, até porque a imensidão de sedimentos depositados à montante das barragens que, imagino, poderiam fazer a felicidade dos garimpeiros, vai fazer com que o remanso cause inundações a qualquer chuva mais forte. Nada, contudo, que faça esmorecerem a força e a coragem do rondoniense, em cujo DNA estão os exemplos daqueles que disputaram a conquista dessa região no tapa com onças, sucuris e mosquitos.
Será preciso, no entanto, alguém com a capacidade de aglutinar essa força. E acredito que Confúcio personifica tal qualificativo, acrescido de ponderação e equilíbrio. Permito-me inclusive sugerir a adoção, como marca de seu novo governo, da marca “Governo de Todos” em substituição ao “Governo da Cooperação”, que define o mandato que termina. É claro que as usinas terão que entrar decisivamente e sem desvios nessa tarefa. Rondônia precisa disso e, admitam ou não seus dirigentes, as hidrelétricas estão aqui definitivamente instaladas, embora tenham recebido do governo Dilma e do BNDES tratamento especial de porto cubano ou país africano. Talvez pelo envolvimento das grandes empreiteiras e seu lobista Luiz Inácio no negócio.
E mais: considerando que não vai haver mudança na distribuição do ICMS, que continuará a ser arrecadado somente no estado consumidor (a mudança já foi exaustivamente tentada em Itaipu, sem sucesso), o que poderá render algo para o estado será a produção de energia. As duas usinas vão produzir quase o mesmo que Itaipu. E, conforme foi publicado no site da empresa, a soma de tudo o que foi pago em royalties desde 1985 pela usina de Itaipu, divididos entre Brasil e Paraguai, chegará a US$ 9 bilhões em abril (veja texto nesta página).
Se não será produzido por aqui igual volume de energia, também não será necessário dividir com outro país os royalties gerados, a menos que Evo Morales bote a boca no trombone e o governo do PT abra as pernas mais uma vez. Isso só o tempo dirá. Mas significa que o estado será prejudicado também nessa conta, já que o ICMS gerado pelo consumo da usina termoelétrica chega a R$ 17 milhões mensais em valores atuais, muito mais do que o valor máximo dos royalties que serão gerados pelas usinas somente depois que estiverem operando à plena carga.
De qualquer forma, dá para imaginar o que pode acontecer no estado se o trabalho de reconstrução fosse entregue de mão beijada às mãos “limpas” ou à avidez de gente como o ex-governador Ivo Cassol, já condenado pelo Supremo exatamente pela destinação preferencial e particular por ele imposta ao dinheiro público. É claro que ele não será candidato, mas alguém coragem que sua esposa ou qualquer outro por ele indicado para concorrer ao governo tenha coragem para contradita-lo? Basta lembrar o que fez recentemente com o próprio irmão, Cesar Cassol.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)