Quinta-feira, 19 de julho de 2018 - 19h02
Que ninguém se iluda! O desembargador Rogério Favreto aquele que mandou soltar Lula - e fez até pirraça quando não foi obedecido - foi apenas mais atrevido, ao escancarar a porta do armário. Mas ainda tem muita gente importante lá dentro, a serviço do que o jornalista Alon Feuerwerker, 62, comunista nascido romeno em Arat e uma das mais brilhantes cabeças pensantes das esquerdas, classifica como guerra de guerrilha. Em seu excelente artigo "As circunstâncias da guerrilha e da contra-guerrilha no domingo de escaramuças em torno de Lula" ele desnuda principais pontos da estratégia: demonizar os adversários (todos os que não são claramente a favor), combater qualquer perspectiva de recuperação econômica do país a comando do centro, manter ativa a ocupação de espaço na mídia. E sobreviver. A qualquer custo.
As esquerdas, sob coordenação do PT, vão continuar, portanto, bombardeando o governo Temer ou qualquer outro que não o seu. Feuerwerker aponta que o PT quer voltar ao pela nova guerrilha, embora não saiba, como sobejamente demonstrado, o que fazer com ele depois. Uma das metas é impedir por todos os meios a recuperação econômica do país. Não importam os sacrifícios a serem impostos à população: o sofrimento é até admissível, preço justo, pensam, a ser pago para que venha o socialismo. Como na Venezuela, os fins justificam os meios. Temer até estava conseguindo algum sucesso, segundo o articulista: "O governo Temer ensaiou consolidar-se e projetar uma expectativa de poder futuro, mas atrapalhou-se no plano policial e os efeitos foram imediatos sobre a economia". O jornalista, a quem é atribuído inimaginável índice 200 de QI, falha, contudo, ao não aceitar algumas variantes em seu raciocínio lógico.
A começar pelo ataque ao judiciário. Não seria lógico pensar que o desembargador Rogério Favreto possa ter sido o único agente "adormecido" das esquerdas entre os operadores do direito. Mas sua ação vai resultar em redobrada atenção contra a eventualidade de novas manifestações. Outro ponto perdido pelas esquerdas foi a fragilização do poderio sindical a partir da reforma trabalhista, contra a qual a esquerda se insurgiu no STF e permitiu, com a derrota, que ficasse juridicamente consolidada. Um episódio, ainda no governo Goulart bem demonstra a histórica força do aparelhamento sindical pelas esquerdas. Hércules Correia, então secretário geral da CGT, contava que o poder de mobilização era tamanho que até ele foi surpreendido com uma greve deflagrada pelo presidente do Sindicato dos Ferroviários do Rio, um tal "Batistinha". Motivo: o falecimento do Papa.
Ademais, passadas as eleições, Michel Temer pode retomar as ações em favor da reforma da Previdência, com chances muito maiores, então, de conseguir sucesso. Afinal, mais da metade dos parlamentares terá sido derrotada nas urnas e não retorna em 2019, o que, pelo menos hipoteticamente os afasta de maiores compromissos com o eleitorado que os terá rejeitado. Medidas impopulares já não assustariam tanto, então, fora do período eleitoral. E os reeleitos terão quatro anos para colher os frutos do sucesso econômico da medida. Para que, então, resistir ao grande poder de sedução que o governo Temer ainda terá? É bom lembrar que a iniciativa, com tamanhas perspectivas de sucesso, poderá resultar de imediato na elevação de até um ponto percentual do PIB. Basta esperar para ver.
É o imponderável, que Alon Feuerwerker parece desconsiderar. Ele acredita que "Quanto mais o PT conseguir evidências de que a prisão e a inelegibilidade de Lula são produto de uma, como alega, farsa judicial, mais difícil será aos adversários consolidar uma alternativa eleitoral capaz de projetar algum tipo de pacificação política do país. Sem o que é inimaginável a tramitação de reformas impopulares, como as que o campo liberal acredita essenciais". Ele avalia que "Uma parte da sociedade acredita que qualquer coisa vale para manter Lula preso e inelegível. É minoria. Outra parte, também minoritária, pensa que Lula é puramente um perseguido político".
E sentencia: "Os primeiros tomaram a iniciativa quando o governo Dilma se mostrou incapaz de controlar minimamente a política e acender a luz no fim do túnel da economia. Os segundos vão retomando alguma iniciativa diante da fraqueza progressiva do bloco político que entronizou e mantém Temer. Basta olhar as pesquisas. E quanto mais durar a barafunda política, mais inviável será acelerar a retomada econômica, sem o que qualquer hegemonia do dito centro para a direita será difícil de estabilizar. Até porque a solução clássica de simplesmente eliminar a guerrilha no plano físico não está à mão. A correlação de forças não permite. Daí que aqui e ali se comece a tatear por um centro que busque algum modo de união nacional. Mas as experiências anteriores desautorizam otimismo sobre conciliações que partam da exclusão de alguém ainda relevante".
Esta é, em síntese, a verdadeira estratégia do PT & acólitos. O partido sabe que Lula não será solto. E é até melhor que permaneça preso, pois os dirigentes poderão pensar mais no partido e menos nos interesses pessoais de seu maior líder. Seu nome continuará a ser usado à exaustão. Senão para fortalecer, pelo menos para impedir que as bancadas definhem. É bem possível que consigam, nesses tempos de vacas para lá de anoréxicas, já que, para o PT, o Fundo Partidário não passa de trocados. Engana-se, portanto, quem pensa basta uma eleição para mudar essa realidade dramática.
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