Lá vou eu cutucar, de novo, a onça. Mas preciso fazê-lo, sob pena de continuar engasgado com a palhaçada da transposição. Esperei que algum de nossos representantes se manifestasse, mas nada. Todo o mundo parece mais preocupado com a copa do mundo do que com a opinião dos servidores. Lá na frente não vai adiantar a choradeira. Entendo perfeitamente a saia justa que foi aplicada à nossa representação em Brasília. Afinal, absolutamente todos os deputados e senadores rondonienses integram a base aliada do desgoverno Dilma e definitivamente não é lá um bom negócio partir para o confronto. Os compromissos partidários não o recomendam.
Agora, porém, com a aprovação da PEC 111 pelo Senado, mais dois estados - Roraima e Amapá - poderão entrar na briga. Agora são três estados, nove senadores e 24 deputados, uma bancada considerável – se fosse partido certamente poderia negociar Ministério. Mas, convenhamos, não é preciso afrontar a presidAnta. Basta atacar seus ministros e dizer que ela, em plena campanha eleitoral, está sendo levada por eles a faltar com a palavra empenhada junto aos servidores. A estratégia atinge de uma só vez dois pontos fracos do relacionamento da presidAnta com o primeiro escalão. Os ministros têm verdadeiro pavor das espinafradas presidenciais. E ela aceita como verdadeira qualquer denúncia que ligue o acusado com o time do “volta Lula”.
Ou seja: basta denunciar o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, acusando-o de conspiração. Talvez não seja o nome mais adequado, já que é considerado “homem de confiança” da chefA. Nossa bancada deve saber com detalhes a situação de cada um. Jorge Hage, da controladoria geral, por exemplo, é um bom nome. Foi nomeado por Lula em 2006 e mantido por Dilma. Luiz Inácio Adams, da Advocacia Geral da União é outro alvo potencial.
Luiz Adams insistiu em ter como adjunto, verdadeiro braço direito, o amigo José Weber Holanda, que foi pego pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro. Adams era candidato a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, mas depois dessa deu adeus ao sonho. Ou seja: o homem está fragilizado e são justamente os técnicos da AGU que mais atrapalham a transposição. A considerar as denúncias, surgidas com a Operação Porto Seguro, estão criando dificuldades para negociar facilidades.
O que nossos parlamentares não podem é deixar por isso mesmo. Não agora, que avançaram tanto. É preciso partir para o ataque, criar problemas, ameaçar com votação em bloco contra os interesses do Planalto, assinar CPIs e convocação de ministros. É preciso, afinal, mostrar que o povo de Rondônia, insatisfeito, está sendo verdadeiramente representado. A transposição, afinal, interessa não apenas aos servidores, mas a todos. A economia que o estado poderá fazer com a folha de pagamentos, ainda que revertida em benefício para os demais, será de extrema importância para nossa economia.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)