Superlotação, macas nos corredores, dificuldade para transferir pacientes, equipes médicas incompletas e falta de materiais básicos e pacientes que já esperam há dias por atendimento nessa situação. Esta é a realidade da saúde pública. Mas não estou falando do João Paulo II, alvo da palhaçada promovida pelo deputado Cláudio Carvalho em sua “inspeção surpresa”. Esse foi o cenário encontrado pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) na maioria dos pronto-socorros públicos vistoriados.
Uma força-tarefa do órgão visitou no começo do ano 71 hospitais em São Paulo, geridos por municípios, Estado, entidades filantrópicas (como Santas Casas) e entidades privadas conveniadas (como Organizações Sociais) e detectou que 58% deles tinham macas nos corredores. É claro que os problemas paulistas não justificam os nossos. Mas é claro também que fazer proselitismo eleitoral com o sofrimento alheio é repugnante.
O deputado Cláudio Carvalho, que até hoje forma dupla de zaga com Epifania Barbosa no time de Roberto Sobrinho, teria agora alguma credibilidade se tivesse defendido, quando vereador, a construção de um Pronto Socorro Municipal. Seria a solução para o problema crônico do João Paulo II. Sobrinho, que nadava em dinheiro, preferiu contudo poupá-lo suspeita-se para quê, argumentando que essa era uma tarefa do estado. Carvalho poderia ter explicado a ele que saúde pública é tarefa de todos. Se, claro, tal entendimento estivesse, acaso, ao alcance de seu limitado raciocínio.
Reclamação
Alguns leitores têm reclamado pela insistência com a qual este blogueiro tem pautado alguns assuntos, como a questão dos médicos cubanos, do festival de diárias da Assembleia, dos índios e do FEFA. Mas não há como evitar. Acredito que é parte de minha responsabilidade jornalística transmitir aos leitores pelo menos parte daquilo que chega aos montes, diariamente, ao conhecimento do blog.
Indignação
Não posso deixar de me aliar a você, leitor que insiste em manifestar sua indignação. Especialmente porque, juntos, já somos duas pessoas protestando. E algumas notícias são especialmente alentadoras, como a queda de oito pontos percentuais no índice de aprovação do governo Dilma em apenas um mês, apesar de todo o estardalhaço que ela vem fazendo em clara, ilegal, imoral e até agora totalmente impune campanha eleitoral antecipada. O marqueteiro João Santana, que literalmente completa, mesmo sem pasta, a quadrilha dos 40 ministros da caverna do Planalto, corre o risco de dançar.
“A pedido”
É para festejar por todo o país a demissão, “a pedido”(?) da presidente da Funai, Marta Maria Azevedo, responsável direta pelas patifarias praticadas em todo o território nacional a pretexto de defender o direito dos povos indígenas. Não é a solução, mas não se pode negar que se trata de um bom começo. A pressão tem que ser mantida. A demissão, a propósito, aconteceu exatamente no dia em que este blogueiro publico um comentário sobre as patifarias da Funai. É claro que o Blog do CHA nada teve a ver com a demissão, mas faz muito bem ao ego imaginar que ajudou.
Consenso
No plano doméstico, bem que o governador Confúcio Moura poderia seguir o exemplo de Brasília e aceitar um “pedido” de demissão da titular da PGE, Maria Rejane Sampaio dos Santos, cujo afastamento mereceria aplausos não apenas de todos os secretários do governo, mas até de setores oposicionistas, como o Sintero, verdadeiro feudo petista. Maria Rejane conseguiu a proeza de ser esculhambada até na tevê de Everton Leoni. É consenso.
Litígio
Roseli Ruiz, antropóloga e especialista em áreas de litígio, diz que, em todos os estudos que já realizou em áreas reivindicadas pela Funai, não encontrou uma única terra indígena. Ela admite que algumas áreas indígenas precisam ser ampliadas, mas “sem confisco". E esclarece: Não cabe demarcação em áreas das quais os índios foram retirados na colonização do país. “Não se pode fundamentar em 1500”. É verdade. Se o parâmetro for esse, o Brasil tem que embarcar de volta para Portugal.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)