Carlos Henrique
Construtora substitui a Camargo Corrêa em obra de R$ 800 milhões
e anuncia a contratação imediata de 3,5 mil operários
Conforme o blogueiro já havia anunciado, azedaram definitivamente as relações entre a Camargo Corrêa e o Consórcio Energia Sustentável do Brasil, controlador da hidrelétrica de Jirau. A construtora vai continuar com a execução dos trabalhos previstos no contrato original, mas não aceita qualquer outra obra. Em função disso, a construtora paranaense JMalucelli assumirá a construção de uma das casas de força da Usina. Após seis meses de negociações, o contrato com a Energia Sustentável, responsável pela usina, foi assinado no início de outubro.
A informação foi confirmada por matéria publicada em Valor Econômico, que informa inclusive o montante acordado: R$ 800 milhões - as empresas não divulgam o valor. É o maior contrato da história da construtora, que se prepara para entrar em outros projetos na área de hidrelétricas, portos e terraplanagem. A Camargo era uma das sócias do consórcio que ganhou a licitação de Jirau em 2008, mas vendeu a participação em 2012. Procurada, a Camargo respondeu que "está executando as obras civis da Usina Hidrelétrica Jirau conforme determina o projeto e as condições estabelecidas em seu contrato."
Já a Energia Sustentável disse que "por questões empresariais, a JMalucelli assumira a construção de uma das casas de forças, mas a Camargo Corrêia continuará o restante das obras sem maiores problemas". A empresa inicia as obras nos próximos dias e terá 3,5 mil funcionários. A previsão é que seja concluída em dois anos. "O maior desafio será a gestão do número de funcionários, mas estamos tomando todas as providências em termos de alojamento, transportes e alimentação para que tudo ocorra com tranquilidade ", diz Alexandre Malucelli, presidente do grupo.
Nos últimos anos, a construtora vem investindo mais no setor elétrico. Depois de começar com o pé esquerdo com duas pequenas centrais hidrelétricas próprias em Goiás - Quixadá e Espora, cuja barragem rompeu em 2008 - ela construiu as hidrelétricas de Mauá e Colíder (PR) para a Copel, com contratos de R$ 400 milhões cada. Atualmente, tem 2,5% do consórcio de construtores de Belo Monte.
A próxima ofensiva será a usina de São Manoel (entre MT e PA), que deverá ir a leilão em dezembro. A construtora entrará como parceira no leilão, mas não terá participação no consórcio que fará o lance. "Temos orçado quase todas as hidrelétricas para os mais diversos clientes", afirma o diretor comercial Celso Jacomel Júnior. Além disso, a JMalucelli tem focado em obras de terraplanagem industrial e de rodovias e quer entrar na área de portos participando da concessão do porto de Paranaguá.
O fato de ser menor em relação às grandes do mercado tem sido um ponto positivo. "Temos custos fixos menores. Nossa administração é mais enxuta e temos uma engenharia tão boa quanto a de empresas maiores. Quando coloca na balança, a estrutura que eles carregam pode torná-los menos competitivos", afirma Jacomel Júnior.
Em seu primeiro ano à frente do grupo - o pai, Joel Malucelli, fundador, deixou a presidência em 2012 após longo processo de sucessão - Alexandre deve atingir crescimento de quase 10%, fechando o ano pouco abaixo de R$ 1,5 bilhão. Das 74 empresas do grupo, só o Paraná Banco tem ações listadas na Bolsa de Valores. Segundo Alexandre, não há previsão para abrir o capital das demais empresas no curto prazo. "Não temos negócios maduros o suficiente ou atrativos para o investidor de bolsa", acredita.
Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)