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Gente de Opinião

Carlos Henrique

Nazif x Sobrinho no segundo turno?


 

Ninguém merece!
 
 
Porto Velho comemorou no último domingo 101 de instalação e praticamente ninguém conhece o hino do município, cuja letra foi inclusive irregularmente alterada, segundo o jornalista Ciro Pinheiro.  A cidade carece, também por isso, de uma consciência cidadã para uma contraposição eficaz à cultura nômade que aqui se estabeleceu com a chamada “síndrome do Eldorado” desde as obras da Madeira Mamoré, passando pelos ciclos da borracha, dos garimpos de ouro e cassiterita e, agora, pelas usinas do Madeira. Os resultados disso são tão ou mais catastróficos que a enchente do ano passado, posto que não haja, no horizonte, sinais de recuperação possível.
 
Basta observar que estamos em ano eleitoral e as perspectivas são desalentadoras. Não gosto de discutir nomes, mas não consigo evitar o raciocínio. Corrijam-me, por favor, se eu estiver errado: a cidade, que já levou ao segundo turno nas últimas eleições municipais um candidato ruim e outro pior, corre o risco de repetir a façanha oferecendo outro cardápio extremamente indigesto - Mauro Nazif e Roberto Sobrinho. Alguém é capaz de imaginar que a reeleição de Nazif possa ser um alívio? Então? É claro que todo o mundo reclama do prefeito, mas reclamação nada tem a ver com reação. E a população parece cada vez mais conformada, incapaz de qualquer atitude efetiva. Vale conferir.
 
Toda essa conversa foi a propósito de um artigo que li sobre o aniversário de Porto Velho. Assinado pelo presidente da OAB Rondônia, o portovelhense Andrey Cavalcante, o texto merece leitura.
 
 

"Porto Velho – 101 anos", por Andrey Cavalcante
 
No Eldorado uma gema brilha / Em meio à natureza, imortal: /Porto Velho, cidade e município, / Orgulho da Amazônia ocidental, / São os seus raios estradas perenes / Onde transitam em várias direções / O progresso do solo de Rondônia / E o alento de outras regiões. / Nascente ao calor das oficinas / Do parque da Madeira-Mamoré / Pela forja dos bravos pioneiros, / Imbuídos de coragem e de fé./ És a cabeça do estado vibrante: / És o instrumento que energia gera / Para a faina dos novos operários, / Os arquitetos de uma nova era.


Esta é a letra, com a substituição pela palavra “gema”, no primeiro verso, da irregular “estrela”, inserida não se sabe por quem, talvez por referência ao mapa do estado, do hino do município de Porto Velho, conforme assinala o jornalista Ciro Pinheiro. Ele coordenou o concurso vencido por Cláudio Feitosa, no qual foram escolhidos também a bandeira e o brasão da capital rondoniense. O hino, institucionalizado por lei sancionada pelo então prefeito Sebastião Valadares, para ser literalmente esquecido em seguida, é apenas mais uma das polêmicas que envolvem nosso município. Porto Velho comemorou 101 anos de instalação no último domingo, mas a data, assim como o hino, não encontra grande ressonância junto aos ouvidos das autoridades, que preferem comemorar o aniversário em 2 de outubro, data na qual o então governador do Amazonas, Jonathas Pedrosa, sancionou a lei que o criou.

Da mesma forma não há, definitivamente, consenso em relação à localização do município então criado – se em Santo Antônio ou no entorno da Madeira Mamoré. “Porto Velho e Santo Antônio do Alto Madeira até 17 de abril de 1945 eram duas entidades políticas administrativas distintas, independentes com origens e trajetórias históricas próprias e diferentes” – assegura o professor Abnael Machado de Lima. E, embora aparentemente sem importância, a reverência aos símbolos do município e suas datas comemorativas possuem significado transcendental na consolidação do conceito de cidadania, sem o qual a cidade jamais deixará a condição de acampamento, de transitoriedade que por tantos anos comprometeu o desenvolvimento de nossa terra. E ainda hoje exibe seus reflexos verdadeiramente dramáticos na absoluta falta de compromisso de algumas autoridades.

Não importa? Importa sim. Nosso hino deve ser cantado nas escolas e executado nas solenidades municipais. A construção de nosso desenvolvimento exige amor e reverência. Há que se exigir da administração municipal, independente de nomes ou coloração partidária, absoluto compromisso com o município. Meu avô, Enéas Cavalcante, amazonense de Manicoré, aqui chegou na década de 40, quando a cidade ainda pertencia ao estado do Amazonas, do qual se desvinculou apenas em 1943, com a criação do território do Guaporé. Minha avó, Maria Inácia, nascida em Manaus e criada em Xapuri, instalou-se em Porto Velho na década de 50. Minha mãe, Maria de Lourdes, nasceu em Porto Velho, em 1954. E eu, nascido em 1975, tenho orgulho de ser cidadão portovelhense de origem. O amor e o respeito que tenho por este estado e por esta cidade me obrigam ao pleno comprometimento com a construção de um futuro melhor para esta capital, especialmente na condição de presidente de uma entidade com a representatividade da OAB rondoniense.

Porto Velho se desenvolveu consideravelmente nos últimos anos. Mas apesar disso o crescimento demográfico descontrolado, a enchente e o envolvimento de autoridades absolutamente descompromissadas com a capital ao longo dos anos não permitiram que a qualidade de vida urbana acompanhasse tal desenvolvimento. O resultado está expresso no desalento da população, na imensidão de demandas não atendidas, na falta de recursos, de confiança, de credibilidade e de esperança. É preciso que a população portovelhense se mobilize em favor da cidade. É o que, ao parabenizar Porto Velho pelo seu 101º aniversário de instalação, me comprometo a fazer. Quero dedicar meus esforços em benefício da cidade, convencido do acerto da máxima de John F. Kennedy, adaptada para o âmbito do município: não pergunte o que sua cidade pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por sua cidade.

Parabéns Porto Velho. Conte com este seu filho.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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