Está a cada dia mais complicada a situação do deputado Hermínio Coelho em função de seu envolvimento com a quadrilha que recebeu da polícia o pomposo nome de Orcrim – Organização Criminosa. Ao invés de explicar porque diabos mantinha contratados como comissionados em seu gabinete alguns dos mais importantes membros do grupo, o parlamentar tenta sair atirando, sem perceber que a porta dos fundos está trancada e que ele próprio está sem munição e apoio. Comprova o que todo o mundo, menos ele, já sabe: além de mal acompanhado, Hermínio Coelho é pessimamente assessorado.
O resultado não poderia ser diferente: enquanto tenta manipular a opinião pública com argumentos inverossímeis publicados por veículos de credibilidade no mínimo duvidosa – basta ver os comentários dos leitores – o ilustre parlamentar navega com sua frágil embarcação em direção ao naufrágio que parece cada vez mais inevitável. Ele promete cassar o mandato do governador, além de processá-lo criminalmente. Promete instaurar uma CPI para investigar os crimes praticados no executivo.
Hermínio Coelho diz que prende e arrebenta, como fez João Figueiredo, que, à época, tinha poder para isso. Vocifera e ameaça. Mas nem mesmo sabe com certeza se volta ao legislativo, passados os 15 dias de afastamento, ou se nesse jogo haverá prorrogação. Nem diz como, na eventualidade da volta, conseguirá os votos necessários para pelo menos tentar cumprir o que promete. E mais: não conseguiu explicar seu envolvimento com a quadrilha.
Sua defesa, por enquanto, parece limitada à Assessoria de Imprensa da Assembleia, que produz as notas com a qualidade característica de quem não possui o menor discernimento para perceber que a mentira exige um mínimo de verossimilhança para conseguir algum crédito. Os redatores, assim como os responsáveis pela veiculação na mídia eletrônica, não estão minimamente preocupados com isso. Basta que convençam o próprio Hermínio, para a garantia ou preservação dos cargos, salários e estipêndios mil.
Interessante observar que a nota atribui ao governador Confúcio Moura os mesmos crimes pelos quais Hermínio Coelho é acusado: “crime eleitoral, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, estelionato eleitoral, formação de quadrilha, advocacia administrativa”. Só faltou tráfico de drogas, mas alguém deve ter observado que isso pareceria exagero. Diz que “o governador Confúcio Moura deverá responder tanto no âmbito legislativo quanto na esfera criminal”. Que é “uma situação insustentável a permanência de Confúcio Moura no poder”, e até conclamou a participação dos movimentos populares, os mesmos que foram barrados na porta da Assembleia na última lavação da entrada. Mas acertou pelo menos em uma das frases de efeito: “É preciso passar Rondônia a limpo, doa a quem doer. Quem tiver culpa que pague pelos seus erros”. Concordo.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)