Não há, pelo menos até aonde a vista alcança e os ouvidos conseguem captar, qualquer definição sobre o destino do deputado Hermínio Coelho na Assembleia, situação que tem exigido dedicação exclusiva dos demais parlamentares e açula a curiosidade geral do público. É que mesmo com o seu retorno à Assembleia, autorizado pela juíza Sandra Silvestre, nada mudou em relação às provas contra ele apresentadas pela Polícia. Nem impede que ele peça hoje mesmo um afastamento por 60 dias, “para colaborar nas investigações”, apesar da tendência natural de transferir para segunda-feira as decisões importantes.
Não posso, contudo, deixar desabastecidos de informações os leitores, aos quais tenho apenas a oferecer algumas certezas e muitas considerações. No primeiro caso, é tida como certa a cassação dos deputados Ana da Oito, Adriano Boiadeiro e Cláudio Carvalho. É claro que isso pode ser abrandado e sua punição seja “ajeitada” pelos pizzaiolos, mestres em fazer cessar tudo o que a antiga musa canta e que um valor mais alto se alevante, com o perdão do bardo. Claro também que isso iria custar eleitoralmente muito caro no próximo ano para os deputados remanescentes do furacão apocalíptico. Mas se tem custo, isso pressupõe a existência de preço, que pode afinal ser negociado, pois não?
Com relação a Hermínio Coelho, fala-se apenas no pedido de licença “para deixar a poeira baixar”, e, no melhor dos cenários, renúncia à presidência. Qualquer resistência de sua excelência pode ser desestimulada pela possibilidade de novas e fortíssimas acusações e, quem sabe, novo afastamento judicial, coisa que a legislação não prevê, mas o ministro Felix Fischer, presidente do STJ, aquele que negou o pedido de liminar contra a decisão do judiciário rondoniense, já admitiu ser recomendável, ainda que excepcional. Vale lembrar o que disse o ministro: “os indícios já colhidos até aqui, sobre o possível envolvimento do deputado com organização criminosa infiltrada nas instituições estaduais, demonstram alto grau de comprometimento de suas funções”.
Quanto ao recurso impetrado junto ao Supremo Tribunal Federal, parece ter perdido o objeto. E mais: Hermínio já anunciou a convocação de uma coletiva na qual todas as considerações do blogueiro tanto podem ser confirmadas como jogadas no lixo. Mas há, evidentemente, razões para embasar o raciocínio. O presidente já havia anunciado uma nova postura naquela Casa, inclusive de mais humildade, seguindo a recomendação do Papa, que já seduziu um bando de canalhas por esse país afora. Mas fez questão de entrar, simbolicamente, pela porta da frente da Assembleia, coisa que raramente faz e não é exatamente demonstração de humildade.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)