Fica a cada dia mais difícil a vida para aqueles que se propõem, como este blogueiro, a escrever sobre política e oferecer aos leitores alguma perspectiva de raciocínio lógico sobre o que acontece no meio e sobre aquilo que a razão parece indicar. Explico: como alguém, à luz da razão e daquilo que estabelece a legislação poderia imaginar, por exemplo, que o deputado Natan Donadom teria seu mandato mantido pelos seus pares, mesmo condenado à prisão em sentença definitiva e cumprindo pena no presídio da Papuda? Como esperar, diante disso, que Ivo Cassol possa perder o mandato? Ou que possa dar em algo que não seja uma pizza monumental o julgamento pela Assembleia dos deputados apanhados pela Operação Apocalipse? Ou dos vereadores presos?
São evidentes os sinais de que tudo vai continuar assim mesmo. Nada indica que mesmo a perspectiva das eleições de 2014 tenha o poder de induzir os políticos a adotarem uma postura mais condizente com aquilo que deles espera a sociedade. Nem mesmo as manifestações de rua, que de início chegou a assustá-los, parecem agora surtir qualquer efeito. Pobre Brasil! Todos os indicativos apontam na direção da mais absoluta desfaçatez, na certeza de que até às eleições tudo será esquecido, ainda que essa perda de memória generalizada tenha que ser induzida por algum peixe, no caso a garoupa da cédula de R$ 100, colocada na mão de cada eleitor.
Exemplo de confiança nessa tal memória seletiva, que faz o eleitor lembrar-se apenas e exclusivamente daquilo que interessa, está na campanha desencadeada no ambiente interno do PT, para a “renovação” do comando partidário. Por aqui as redações já estão sendo bombardeadas por releases da chapa “Resistência e Ética”, que defende a reeleição do presidente nacional, Rui Falcão (aquele mesmo), e a eleição de Edson Silveira para a presidência do Diretório Estadual. Uma das mensagens do que promete ser uma série, explica que o nome da chapa “é uma opção por princípios”.
Diz o texto que “o PT precisa repensar suas ações a partir de seus procedimentos coletivos internos. Somos um Partido com princípios socialistas, democrático, de massa e formador social pela prática e não pelo discurso vazio e demagógico. Não podemos e não devemos ser um Partido Trampolim, cujo objetivo principal seja o de garantir mandatos para A ou B ou C. Os mandatos são fruto de trabalho coletivo e esforço social. São vitais para o Partido. Ainda assim, há que se ter em mente: ninguém se elege sozinho no PT. Os mandatos petistas necessitam fazer a diferença pelo discurso forte e pela ação diferenciada positiva”.
E continua: “O PT precisa e vai disputar mais espaços no movimento social e nos redutos políticos regionais para, primordialmente, defender agendas e valores dos trabalhadores e trabalhadoras. Tudo isso tendo como foco: - o Projeto Nacional de reeleger Dilma Presidenta; o fortalecimento da organização social; a inserção participativa e atuante da Juventude nos espaços de construção e decisão política; a ampliação de direitos de mulheres, homens, negros, índios, GLBT; a implantação de políticas de geração de trabalho, emprego e renda; a melhoria da educação como fundamento básico para a superação da desigualdade; a presença de uma saúde de qualidade cada vez maior para quem mais precisa; a ampliação dos programas de moradia digna; - as políticas de distribuição de renda pela valorização do trabalho e da produção em detrimento do capital especulativo, entre outros”.
E não deixa por menos quando diz que a chapaResistência e Ética “vai trabalhar com a verdade, mesmo que isso signifique dor em nossa própria carne. A militância tem o direito de saber e de julgar cada ação de suas lideranças de forma integrada e participativa. Não obstante, nosso foco principal sempre será o futuro, a esperança e a crença inabalável em nossa capacidade de construir. A sociedade espera isso do PT”. Então tá!
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)