Terça-feira, 29 de janeiro de 2013 - 10h16
Duvido que alguém da plateia possa, com honestidade, repetir pelo menos a ideia do que foi dito pelas autoridades em seus discursos nas muitas solenidades realizadas com a presença do governador Confúcio Moura, senador Valdir Raupp, deputados e autoridades mil, representando os mais diversos setores da sociedade organizada.
E não é por desinteresse: é cansaço mesmo. Uma boa solenidade não fica por menos de quatro horas. Nas escolas, o tempo é dividido pelo recreio. Ali, não, vai num embalo só. Quando o governador, o último a discursar, pega o microfone, o público está exausto, ninguém consegue entender coisa alguma e cada um só pensa em como se livrar daquela chatice.
O CULPADO disso é aquilo que Zé Sarney faz questão de preservar a qualquer custo: a liturgia do cargo, o tal do protocolo, que obriga o governador a ser o último a falar e, quando o faz, ninguém mais tem condição de prestar atenção. Ou, se faz um esforço para ouvir, acaba sem entender coisa alguma. Políticos mais experientes, como Confúcio e Raupp, usam artifícios para “segurar” o público, como comentários engraçados, para despertar a plateia e conquistar a atenção para seu recado. Mas é difícil.
É preciso que alguém tenha a coragem de quebrar esse protocolo. Ajudaria muito, por exemplo, se apenas ao primeiro orador coubesse a tarefa de nominar cada uma das autoridades presentes. Os seguintes somente cumprimentariam o governador, dono da casa, algum ministro ou destacada autoridade de Brasília e faria uma reverência geral, como “quero cumprimentar também a todas as ilustres autoridades já citadas”.
ISSO PODERIA reduzir em quase dez minutos em cada um dos discursos. Com seis oradores inscritos, o público seria poupado de pelo menos uma hora de falação absolutamente inútil, razão e origem de muita soneca durante a solenidade. É preciso que alguém se apiede dos que viajam várias horas para participar de um evento oficial, como ocorre com os prefeitos do interior.
Eles acabam submetidos a um torturante jogo de vaidades absolutamente inútil e despropositado: cada orador homenageia as demais autoridades com a certeza da reciprocidade no discurso seguinte. E o infeliz não pode nem cochilar, pelo risco de flagrado no deslize por um fotógrafo e ser ridicularizado na imprensa.
SEGUUUURA PEÃO! – Um problema do qual todos reclamam nas solenidades organizadas pelo cerimonial do governo está na falação desenfreada do mestre de cerimônias. Não tive o prazer de conhecer pessoalmente, mas estou convencido que ele começou a vida profissional como animador de rodeios, passando daí para os palanques da campanha eleitoral. O sujeito confunde as coisas, acredita estar num rodeio e fala mais que as autoridades. E ninguém tem o bom senso de manda-lo fechar a matraca.
COMO FALA demais, as bobagens são inevitáveis. Na solenidade de entrega das viaturas aos prefeitos dentro do programa Saúde da Família, realizado na última semana, no Hotel Aquarius, anotei algumas pérolas produzidas pelo apresentador, como dizer ao governador: “Sinta-se à vontade para assinar o convênio, governador!” Ora, diabos, em um encontro patrocinado pelo governo, na capital do estado, se o governador não estivesse à vontade, quem mais poderia estar?
E MAIS – Entusiasmado, ao que parecia com o próprio desempenho, ele fez uma gracinha, não sei se deliberadamente, ao chamar o médico Hiram Gallo de “Frango Gallo”. Ele com certeza não conhece o baixinho, que é um verdadeiro galo de briga quando lhe arrepiam as penas. O médico levantou-se e saiu furioso, provocando um constrangimento geral.
OUTRA – Terminado o discurso do governador, o apresentador aparentemente também cansado, resolveu encerrar a solenidade, quando deveria apenas desfazer a mesa de autoridades para permitir o início da palestra de uma professora do Curso de Medicina da Unir. Isso provocou um corre-corre danado para segurar o público. Alguém tomou o microfone para pedir, sem sucesso, às pessoas que permanecessem no local para a palestra. Não deu.
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