Cada uma das parcelas corresponde a um salário integral, o que confirma que os deputados rondonienses recebem, sim, 14º e 15º salários. Mas fontes do legislativo asseguram que a festa com o dinheiro público é o dobro daquilo que a presidência admite.
O anúncio do reajuste da cota mensal usada pelos deputados federais para pagar passagens aéreas, combustível, serviços de consultoria e outros benefícios ecoou pelo país e vem sendo replicado nas assembleias legislativas. O aumento já está valendo ou é dado como certo em seis estados. Em outros dois, grupos de trabalho foram montados para analisar o assunto. Em alguns casos, os deputados estaduais decidiram aumentar o volume de dinheiro disponível em caixa antes mesmo de acabar com a mordomia histórica do 14º e do 15º salários, que ainda resiste em Pernambuco, Rondônia, Roraima e no Tocantins. Mesmo alegando estar “seguindo Brasília”, também houve quem aproveitasse o momento para adotar um reajuste maior que os 12% da Câmara federal.
Dos quatro estados que mantem o pagamento dos 14º e 15º salários, Rondônia é o único que não tem qualquer projeto para acabar com a regalia. Pior: a assembleia legislativa do estado nega que a mordomia exista e chega a repassar informações erradas à imprensa. A assessoria de comunicação da Casa chegou a publicar notícia no site da assembleia afirmando que “não procedem” as informações de que o parlamento rondoniense pague 14º e 15º salários. O texto acusa os jornais que publicaram a informação de faltarem com “a prática do bom jornalismo, que é de se ouvir as duas partes”. Na mesma notícia, no entanto, a assessoria se contradiz e afirma que a assembleia paga uma “ajuda de custo anual” dividida em duas partes, no início e no fim de cada ano legislativo.
Desmentido - A assessoria de imprensa de Rondônia vinha informando que cada uma dessas parcelas corresponde à metade do salário do deputado estadual, que é de R$ 20.042. Na última semana, atendendo a um pedido de informação do Correio, a Casa desmentiu a informação. Cada uma das parcelas corresponde, na verdade, a um salário integral, o que confirma que os deputados rondonienses recebem, sim, 14º e 15º salários. Na contramão do que vem ocorrendo no restante do país, não há qualquer indício de que a regalia será extinta no estado. Informações da própria Assembleia, contudo, esclarecem que apesar de admitir o pagamento integral, a Assembleia continua mentindo, pois cada parcela corresponde não apenas a um, mas a dois salários adicionais. Assim, além do 14º e 15º, os nobres parlamentares ainda embolsam o 16º e o 17º salários. É claro que não adianta ouvir a outra parte em busca de confirmação, na “prática do bom jornalismo”. Especialmente porque na assessoria de imprensa da Assembleia a mentira é instrumento de trabalho.
E MAIS:
1 - Evemero Silva Araújo é o nome do auxiliar de copa e cozinha do Ministério Público de Rondônia, responsável, na direção do Sindicato dos Servidores - SINSEMPRO - pelo pagamento das despesas com convênios. Comerciantes conveniados afirmam, contudo, que o cidadão deveria chamar-se “efêmero”, tamanha a falta de compromisso com o pagamento dos fornecedores.
2 – As empresas conveniadas reclamam que o MP paga rigorosamente em dia o salário dos servidores, razão pela qual aceitaram oferecer descontos e prazos para os filiados ao Sindicato. Da mesma forma, são religiosos os descontos em folha das despesas efetuadas. O dinheiro vai para a conta da Associação, mas não é repassado pelo senhor Evêmero, o que depõe contra o nome da instituição e pode colocar em situação desagradável aqueles que poderiam se beneficiar das parcerias.
3 – Colaboração do meu amigo Flávio chega sem a identificação da autoria e carregada de maldade. Diz que “Discutir com um petista é como jogar xadrez com um pombo. Não importa os movimentos, ele sempre irá derrubar as peças, defecar no tabuleiro e sair de peito estufado cantando vitória.”
4 – Por falar nisso, o PT está preferindo se fingir de morto em relação à investigação anunciada pela Polícia Federal para apurar o envolvimento de Lila com o mensalão, de acordo com as denúncias apresentadas pelo operador da quadrilha, Marcos Valério.
5 – Curioso é que as lideranças partidárias não tem o menor constrangimento de usar Zé Dirceu para argumentar contra as denúncias. Dizem que se Valério, condenado, merece crédito, então Dirceu, condenado, também o merece em suas acusações contra o ministro Luiz Fux, que teria prometido inocentá-lo no julgamento. Ou seja: se nosso bandido não merece crédito, o deles também não. Aplica-se, nesse caso, o que disse Flávio em sua colaboração.
7 – O brasileiro é um povo extremamente gentil, cordato e solidário. É capaz de cantar com alegria suas tristezas em ritmo de sambas que há décadas animam o carnaval. Só uma coisa o brasileiro não admite nem perdoa: a traição. Embora José de Abreu Bianco não tenha demitido os 10 mil de que tanto se fala, já que bem mais que a metade eram emergenciais, o ato sempre será lembrado como uma traição aos servidores públicos. Vale lembrar que ele recebeu votação maciça da categoria em sua eleição. Tudo isso voltará à baila quando Bianco insinuar uma candidatura ao governo. Até porque os adversários não vão permitir que o povo se esqueça.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)