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Gente de Opinião

Carlos Henrique

Transtorno bipolar


 
 
Leitores questionaram o blogueiro sobre o comentário publicado ontem a respeito da morte do menino Bernardo Uglione, assassinado pela madrasta, Graciele Boldrini, em Três Passos (RS). Ela está presa, juntamente com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini. O crime, que revoltou o país, foi antecedido por outra morte, a da mãe do menino, Odilaine Uglione, que teria suicidado. Volto ao caso para esclarecer adequadamente meus exigentes leitores acerca do raciocínio do blogueiro. É que os mesmos personagens e circunstâncias participam de ambos os casos.
 
Ambas as mortes envolveram uma enfermeira que, de amante, se transformou em esposa, madrasta e assassina. E o dinheiro do pai, que seria dividido, primeiro com a mãe biológica do menino, que se separava judicialmente do médico e, agora, com o próprio garoto, que pediu a transferência de sua guarda para outra família. Tudo parece conduzir à possibilidade de ter ocorrido homicídio e não suicídio no caso de Odilaine. E se isso tivesse sido constatado à época, certamente a vida do garoto teria sido salva.
 
Segundo a promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira, responsável pelo caso, o menino só voltou aos cuidados do pai porque ela resolveu dar "uma segunda chance". Receoso, Bernardo ainda perguntou à promotora o que ele poderia fazer se algo de ruim acontecesse. "Eu disse a ele para procurar ajuda e correr para o Ministério Público”. Não houve tempo. A questão é saber se as autoridades vão se interessar agora por uma investigação mais cuidadosa da morte de Odilaine Uglione. A influência do ex-marido certamente pode ter pesado na conclusão original pelo suicídio.
 
Isso remete para outro caso, que corre no judiciário rondoniense. Um jovem viciado é preso por acusação de tráfico de maconha. Ele estava acompanhado em seu carro de um traficante, que teria jogado pela janela um pacote com 300 gramas da droga ao perceber a aproximação da polícia. O traficante, que inicialmente acusou o rapaz de cumplicidade, voltou atrás e, em novo depoimento, o inocentou. Acontece que isso teria acontecido “fora do prazo”. Não sou especialista no assunto, mas desperta minha curiosidade esse negócio de inocência com prazo definido para comprovação, sob pena de transformar-se em culpa. É instigante. Peço inclusive o auxílio de especialistas no assunto para orientação desde blogueiro ignorante.
 
O caso é mais complicado porque o viciado sofre de transtorno bipolar, conforme atesta relatório do renomado psiquiatra e analista Luiz Paulo Grinberg, que atesta ser o rapaz portador de transtorno bipolar tipo I e dependência química. Um problema conduziu inequivocamente ao outro, segundo o relatório. O transtorno bipolar provoca forte depressão que, aliada à chamada síndrome de abstinência, já o conduziu a repetidas tentativas de suicídio. Isso, conforme atestam documentos do presídio aonde se encontra hoje, já teria acontecido três vezes depois da prisão.

O relatório médico parece já ter sido anexado aos autos, mas ao que tudo indica não terá recebido a atenção devida. Enquanto isso, na prisão, o rapaz foi violentamente espancado por outros presos ao se recusar a participar de uma tentativa de rebelião. O certo é que caso ele venha a ser morto no presídio as autoridades judiciárias envolvidas terão tenta culpa quanto a mão que executou o crime. Exatamente como acontece em Três Passos com a promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira, que deu uma “segunda chance” para os criminosos assassinarem o menino Leonardo.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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