É preciso que Porto Velho definitivamente reconheça: Miguel de Souza fez mais pela cidade do que todos os prefeitos somados desde Chiquilito Erse, inclusive o próprio. Grande sujeito aquele, mas o que realmente fez pela capital foi pendurar nos quadros da união quase vinte mil servidores, quase dez mil com data retroativa a 21 de dezembro de 1982. O resto, tirando as obras que Jerônimo realizou, foi praça e graça.
A retomada das obras dos viadutos, o início das obras do anel viário (Arco Norte), que vai tirar da zona urbana o tráfego de caminhões pesados, o acesso ao novo porto, a ponte de Abunã, a recuperação das BRs, tudo isso deve ser creditado à influência de Miguel de Souza e seu poder de convencimento junto a dois ministros dos Transportes. Pelo visto ele só não consegue convencer alguns colunistas do pedaço, carentes de afago.
A importância do Arco Norte pode ainda não ter sido adequadamente assimilada pelas cabeças pensantes (imagino que deva existir alguma) da Prefeitura. Nesse caso, a visão de Miguel de Souza permite algumas dicas:
1 – imensas áreas poderão ser incorporadas à zona urbana para orientar o desenvolvimento da cidade, inclusive para atender à demanda habitacional.
2 – Construção de grandes áreas de estacionamento para a imensidão de carretas que irão demandar ao novo porto no transporte de grãos que será, no mínimo, duplicado tanto na produção local como do norte do Mato Grosso nos próximos anos. Ou será que vão deixar as carretas estacionadas na via pública, como acontece agora em toda a cidade?
3 – Construção de posto de descanso para caminhoneiros com postos de carga para aproveitamento da capacidade ociosa gerada pelo desembarque de grãos no porto.
4 – Construção de uma rodoferroviária para colocar um fim nesse dramático gargalo da capital. E ao mesmo tempo prevenir a chegada da ferrovia. Ou será que vão esperar o trem chegar para construir uma estação?
Já escrevi sobre o assunto, mas volto a ele porque sou do tipo que lamentavelmente aceita provocações. Não consigo ver, sem manifestar minha repulsa, alguém agredir impunemente a imagem de alguém que tanto serviço presta à capital e ao estado. O problema é que algumas vedetes de nossa rastejante imprensa fazem questão de agredir para serem lembradas e reverenciadas.
Pior é que isso normalmente funciona e as “celebridades” da imprensa se deleitam com as dosagens de incenso que recebem. Mesmo que falso. Ainda que os supostos penitentes sejam absolutamente desprovidos de fé (sem contar a falta de vergonha na cara e falência múltipla dos atributos que haveriam de compor o patrimônio moral de um cidadão de bem). Não acreditam e nem isso importa. Eu já disse que se alguém conseguisse realizar a produção sintética da autoestima desse povo e colocasse no mercado certamente ganharia rios de dinheiro.
Existem sujeitos na mídia que definitivamente se acham. São tão perigosos para a sociedade quanto aqueles que exigem uns trocados para um seguro contra si mesmos. Taxa de zelo. Em nossa terra, infelizmente, é até natural a barganha de qualidade por oportunismo, o desprezo a competência em favor da cara-de-pau e da falta de vergonha. Para estes profissionais não interessa se a fonte tem o que dizer: bajulou, virou notícia. Caso contrário, é cacete.
Pois é. Toda essa conversa tem origem na agressão sofrida por Miguel de Souza justamente nesta, que deveria ter sido para ele uma semana de aclamação, já que foi inaugurada a ponte sobre o rio Madeira. Quem não lembra da briga que Miguel de Souza comprou contra os donos das balsas quando era diretor de pesquisa e planejamento do DNIT? Eles conseguiram até mesmo fazer uma campanha para mudar a localização da ponte, melhor caminho para que a obra jamais saísse do papel. E aqueles garimpeiros do atraso e do sofrimento da população se sustentaram até agora porque foram buscar guarida justamente na imprensa que deveria condená-los. Haja paciência.