O deputado federal Natan Donadon, que já deve a essa altura ter fixado residência na Bolívia ou alhures, poderá entrar para a história como símbolo da mobilização nacional via redes sociais em defesa da aprovação da lei Chiarelli. Para quem ainda não sabe, é aquela que vai obrigar servidores públicos suspeitos de enriquecimento ilícito a explicar na justiça a origem da grana. O projeto não fala em cadeia para quem não explicar direitinho como enriqueceu. Mas faz coisa muito pior para eles: ameaça tomar tudo de volta.
Não que o “combativo” parlamentar – que ninguém imagine que foi sem luta que ele conseguiu transferir o dinheiro da Assembleia para a própria conta bancária - tenha feito alguma coisa nesse sentido. Mas a repercussão do caso, que poderá ter um final feliz com a decisão do STF de manda-lo afinal para a cadeia, poderá mobilizar a indignação nacional pela aprovação do projeto de Fernando Chiareli - PDT/SP, hoje adormecido em uma das comissões da Câmara.
Está mais que provado que aquela Casa de tolerância, na qual se escondem processados, condenados, albergados como o Zé Genoíno e assemelhados, como o presidente Marcos Maia, só se movimenta quando provocada. E o momento é esse, quando se aproximam as eleições. Absolutamente todos os deputados, fora, claro, os que vão para a cadeia, estarão a partir de agora, passada a primeira metade do mandato, preocupados exclusivamente com a reeleição – aí incluídas as devidas providências para engordar o caixa.
Está na hora então desse pessoal que fala em combate à corrupção fazer algo realmente efetivo e mobilizar o povo para exigir a aprovação da lei, usando a imagem do já quase foragido deputado Natan Donadon.
E MAIS:
1 – VALHACOUTO – Como meus ilustrados leitores estão carecas de saber, a palavra significa abrigo, em seu pior sentido, claro. Pois é, todo o mundo sabe que a Bolívia é um verdadeiro valhacouto para os ladrões brasileiros, assim como para o produto de seu trabalho. Não será, portanto, surpresa se Natan Donadon fixar residência por lá. Talvez até monte uma república com Valter Araújo e outros condenados. Fica perto de casa e sempre se pode aparecer para uma visita à família.
2 – ENFORCADO – A secretária de comunicação do PT portovelhense deixou passar a oportunidade de ficar calada e resolveu falar em corda justamente na casa de enforcado. Ao contestar as declarações do vereador Jair Montes ela imaginou ser uma sacada inteligente associá-lo a Valter Araújo. Não foi. Ao contrário: falou em corda na moradia de enforcado. Foi o PT de Porto Velho e não o vereador que esteve envolvido até o talo com o esquema de corrupção comandado por Valter Araújo. Um episódio que qualquer um, minimamente inteligente, iria preferir deixar esquecido.
3 - #AIMEUDEUS – A declaração do ministro Edson Lobão, que descartou a perspectiva de racionamento de energia no Brasil, merece preocupação. A história mostra que, quando ministro nega alguma coisa funesta, ela está muito perto de acontecer. Pior é que dessa vez Rondônia não vai ficar de fora, já que estamos interligados ao sistema nacional.
4 – VIGILÂNCIA – Gostaria de pedir ao meu amigo Williames Pimentel, secretário de Estado da Saúde, que mande os fiscais da Vigilância Sanitária fazer uma visita ao Supermercado Gonçalves da avenida Calama. É absurda a insistência com que gôndolas inteiras de frutas podres são colocadas à venda. Ontem mesmo era grande a variedade: laranjas Bahia, peras e mangas estavam à venda, quando deveriam ter sido descartadas há tempos. Ou o gerente gosta de lavagem ou pensa que nós, consumidores, somos porcos.
5 – CUIDADO – Que ninguém tenha a infeliz ideia de dizer “compra quem quer”. Posso ser indelicado a ponto de sugerir que a pessoa coloque a mãe na gôndola: pode aparecer alguém que goste de pelanca, com o perdão da grosseria.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)