Quinta-feira, 19 de junho de 2014 - 00h02
Celebramos a cada ano a Festa do Corpo de Cristo. No ano de 1264, o Papa Urbano IV pediu que toda a Igreja celebrasse essa festa a fim de que a Eucaristia fosse sempre o centro de toda a vida da Igreja. A celebração foi crescendo em muitos lugares, até que em 1269, a cidade de Colônia na Alemanha teve a ideia de realizar a procissão com o Santíssimo Sacramento após a celebração Eucarística. Esse costume foi logo seguido por outras dioceses e hoje é assumido em todo o mundo. Em alguns lugares, com muita solenidade. Isto vemos também no Brasil, desde o tempo de Colônia.
É uma festa memorável porque nasce do mandato de Jesus Cristo aos apóstolos na última ceia: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19).
Fazendo memória, participamos dos acontecimentos salvadores. No livro do Êxodo, vemos como a participação no fato lembrado acontece graças à participação no rito celebrado. “Moisés disse ao povo: “Lembrai-vos deste dia, em que saístes do Egito, da casa da escravidão; pois com mão forte Iahweh vos tirou de lá; e, por isso, não comereis pão fermentado. (...) Guardarás este rito neste mês de Abib. Naquele dia, assim falarás a teu filho: “Eis o que Iahweh fez por mim, quando saí do Egito. E será como um sinal na tua mão, um memorial entre os teus olhos...” (cf. Ex 13,3.6.8-9).
“O memorial traz o fato recordado e ritualmente presente, hoje. Dessa forma, possibilita que as pessoas que participam da festa estejam incluídas na relação de aliança de todo o seu povo com o Senhor e que a libertação seja um fato contínuo, até a plena realização das promessas do Senhor”. (Ione – O Mistério Celebrado: Memória e Compromisso, Paulinas, vol. 9, p. 78).
Na celebração Eucarística, em resposta ao Eis o Mistério da Fé, a assembleia litúrgica proclama: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor, Jesus!”
Pela ação ritual acontece para nós, hoje, a Páscoa de Jesus, no contexto da nova aliança. “A entrega de Jesus, sua morte-ressurreição que aconteceu uma única vez (Heb 10,10-18), torna-se presente para nós pela ação litúrgica, ou seja, toda vez que fazemos memória desses fatos e de nossa salvação: “Todas as vezes que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Cor 11,26). Não se trata de repetição, mas de uma atualização. O passado é trazido para o presente, no hoje da celebração litúrgica. Pela ação memorial também o futuro torna-se presente, a vinda gloriosa do Senhor é antecipada na ação ritual; a realização escatológica – do fim – já está presente no memorial; já estamos antegozando dela no momento celebrativo (Sc 8).
Podemos ver como esses três momentos ou três dimensões da “memória” litúrgica estão presentes na aclamação mais importante da celebração eucarística: Anunciamos, Senhor...:
a) Anunciamos a morte do Senhor e proclamamos sua ressurreição que aconteceram no passado.
b) Ao fazer isso, pela força do Espírito Santo, no momento litúrgico atual, hoje, Deus nos faz passar da morte para a vida.
c) Enquanto celebramos e cantamos “Vinde, Senhor Jesus!”, ou “até que ele venha”, evocamos a realidade futura na qual acreditamos: O Reino de Deus plenamente realizado, penetrando toda a realidade (Ione, O Mistério Celebrado: Memória e Compromisso, Paulinas, vol. 9 ps. 79-80).
O memorial da antiga e da nova Páscoa só tem sentido no contexto da aliança com o Senhor. Aí, ele toma a iniciativa, por amor, por gratuidade, compaixão, ternura. O povo pratica infidelidade, mas Ele é fiel e, em Jesus Cristo, sela esta fidelidade, de tal modo que, quando somos fiéis é o próprio Cristo que, em nós está sendo fiel.
Somos chamados a viver e celebrar esse memorial na realidade dos pobres com quem Jesus mesmo se identifica para que, a cada dia, possam experimentar a fidelidade de Deus que, em Jesus Cristo, renova sempre a aliança tornando o povo seu povo e tornando-se o Deus desse povo. Não podemos, no entanto, estabelecer tempo para que aconteça a libertação desse povo. O fundamental é que sejamos Ministros discípulos Missionários a apontar a pessoa e a Missão de Jesus Cristo de quem as pessoas e comunidades devem se aproximar para celebrar em comunidade o Mistério da sua Páscoa: “aproximemo-nos, então, com segurança do trono da graça para conseguirmos misericórdia e alcançarmos graça, como ajuda oportuna” (Heb 4,16). “Sem esmorecer, continuemos a afirmar a nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa. Velemos uns pelos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras. Não deixemos as nossas assembleias, como alguns costumam fazer. Procuremos, antes, animar-nos sempre mais, à medida que vedes o Dia se aproximar” (Heb 10,23-25).
Todos somos chamados a acolher esse Mistério Pascal para que nele sejamos mergulhados. É claro que para tanto, não pode faltar a nossa aproximação das pessoas, especialmente daquelas que não têm nenhuma ou pouca participação na vida da Igreja, para que se possa acompanhá-las no processo de iniciação cristã oferecendo, em etapas, a possibilidade desse encontro vivo com Jesus Cristo. É um grande trabalho missionário hoje que precisa ser incentivado e assumido em cada paróquia, em todas as comunidades com seus grupos, pastorais, movimentos...
Celebrar de modo festivo esta grande memória da nossa redenção, significa reassumirmos o compromisso de participarmos de modo especial e continuado das celebrações nos finais de semana na certeza de que estamos realizando o que Jesus ordenou: “Fazei isto em memória de mim”.
Mas, é evidente que o cumprimento do mandato de Jesus não pode se restringir à nossa presença na comunidade, porque a celebração litúrgica é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte de onde emana a sua força (SC 10). Sendo assim, somos chamados a viver durante a semana o que celebramos festivamente e de modo comunitário a cada domingo e levar para o domingo nossa ação de graças, nossos desafios, alegrias e sofrimentos da semana.
Em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano, pedimos a graça para que, “na força da Eucaristia, sejamos sempre livres para servir”, especialmente os mais pobres, os que sofrem com a enchente do Rio Madeira, os doentes...
A festa do corpo de Cristo seja sempre memorável na certeza da celebração da Memória da Paixão, Morte e Ressureição de Jesus Cristo em nossa vida e da nossa vida à luz da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
Em outro momento, aprofundaremos mais o tema da Eucaristia.
Deus abençoe todos. D. Esmeraldo.
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