Sexta-feira, 1 de agosto de 2014 - 18h23
“Jesus chamou os doze e começou a envia-los dois a dois” (Mc 6,7).
Jesus é o missionário do Pai. Ele é o bom pastor que não se cansa de sair ao encontro das pessoas, pois veio “para reunir os filhos de Deus dispersos” (Jo 11,52). Ele é o Verbo encarnado que “assumiu as nossas dores e carregou as nossas enfermidades” (Mt 8,17) e nos indica como contemplar a ação de Deus na vida das pessoas e na realidade do mundo.
Diante do centurião de Cafarnaum (Mt 8,10); do paralítico que é colocado na sua presença (Mt 9,2); da mulher com hemorragias que tocou no seu manto (Mt 9,18); da mulher Cananéia que pede por sua filha (Mt 15,28); dos dois cegos em Jericó que gritam pedindo compaixão (Mt 20,29-34), Jesus sempre vê a força da fé, ressalta a ação de Deus.
Chamando e formando seus discípulos, Jesus os educa para que, na profunda comunhão com ele, encontrem sempre os sinais da ação de Deus e vejam nos pobres os sinais de sua presença viva: “todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25,40).
O discípulo missionário, e em especial o ministro ordenado presbítero, guarda sempre no coração a palavra de Jesus: “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5) e está convencido de que necessita recomeçar sempre a partir de Jesus Cristo missionário servo, identificado com os pobres.
O Evangelho nos mostra que tanto o chamado quanto a missão nascem do próprio Jesus Cristo. A iniciativa é sempre dele. Pela força do seu Espírito, ele nos concede a graça de respondermos sim ao seu chamado. Essa resposta vai acontecendo à medida em que nos encontramos com ele. Esse encontro nos faz mergulhar na experiência da presença do Verbo Encarnado, nos dá o motivo para segui-lo, sendo discípulos dele, fazendo parte de sua família, isto é, da comunidade, e sendo marcados por seu estilo de vida e suas motivações.
Essa convicção perpassa a vida de cada presbítero, dando-lhe a marca fundamental para sua vida e missão. São muitos os presbíteros que, no dia de sua vida nas grandes cidades, nas periferias, no interior, no sertão do nordeste ou na Amazônia, se dedicam ao trabalho de evangelização e encontram nesse mesmo trabalho uma fonte de graça, pois cada atividade se torna oportunidade para o encontro com Jesus Cristo. Desse modo, o exercício do ministério não pode ser visto somente como desgaste; pois ele fortalece a vida e a missão do ministro ordenado à medida em que descobre e contempla a ação do Espírito de Deus nas pessoas, nos fatos, nas várias atividades, na realidade como um todo. A experiência nos diz que “um olhar contemplativo sobre a vida, constantemente avivado e purificado na oração, é uma fonte de conhecimento de Jesus Cristo e de dinamismo missionário”.
Lembro-me de Renato, adolescente da comunidade de Nova Esperança, Km 50 da BR Santarém-Cuiabá. Era quarta-feira santa deste ano de 2010 e fui presidir a santa eucaristia nessa comunidade. Após o Evangelho que falava sobre a traição de Judas, perguntei a Renato: Judas traiu Jesus por 30 moedas de prata. Você o trairia por cem moedas? Ele respondeu: Não. Outra vez lhe perguntei: e se lhe oferecessem 200 moedas de prata? Ele, taxativamente, respondeu: Não. E, pela terceira vez, lhe dirigi a pergunta: E se lhe oferecessem quinhentas moedas de prata? Sem duvidar, Renato falou: Não trairia Jesus mesmo se me oferecessem mil moedas de prata ou de ouro. A minha curiosidade aumentou e me dirigi ao adolescente: Renato, por que você não trairia Jesus? Ele respondeu, de modo inspirado: “Não trairia jamais, porque amo Jesus!”.
Eu fiquei muito surpreso com a resposta! Agradeci muito a Deus pelo testemunho de Renato. E, me perguntei: O que Deus me diz através desse testemunho? Voltei para Santarém com aquela pergunta no coração, procurando iluminar aquela experiência com a Palavra de Deus e fazendo a ligação com o tema do ano sacerdotal: Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote!
A partir desta e de outras tantas experiências, vemos que tem um sentido profundo o que, a esse respeito, diz o Vaticano II: “Os presbíteros atingem a santidade pelo próprio exercício do seu ministério, realizado sincera e infatigavelmente no espírito de Cristo” (PO 13). Esse modo de viver o ministério traz esperança e torna-se sinal de esperança que aponta sempre para Jesus Cristo que assumiu nossa natureza humana e, ressuscitado, envia seus discípulos missionários, garantindo-lhes: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
Para beber nessa fonte, não posso, de nenhum modo, viver o ministério como uma função que se esgota em si mesma. Sou chamado a ser um contemplativo na ação, a fim de que possa acolher o que o Espírito de Deus me diz em cada encontro, em cada atividade e em cada etapa do processo de evangelização. Essa contemplação certamente poderá se torna mais profunda se o discernimento das “sementes do Verbo” for feito em equipe. A ajuda de outros irmãos é de grande importância, mesmo que para isso necessite percorrer algumas horas em barco, ônibus ou carro! É a partir de Cristo – Palavra e Pão da Vida, missionário identificado com os pobres - que as experiências partilhadas ganham um alcance maior: podem tornar-se fonte espiritual para vivência do próprio ministério ordenado, caminho de santidade.
O papa João Paulo II escreveu: “O missionário deve ser “um contemplativo na ação”. Encontra resposta aos problemas, na luz da palavra de Deus e na oração pessoal e comunitária. O contato com os representantes das tradições espirituais não-cristãs, e, em particular as da Ásia, persuadiu-me de que o fruto da missão depende, em grande parte, da contemplação. O missionário, se não é contemplativo, não pode anunciar Cristo de modo crível. Ele é uma testemunha da experiência de Deus e deve poder dizer como os apóstolos: “O que nós contemplamos, ou seja, o Verbo da vida (...), nós vo-lo anunciamos” (1Jo 1,1-3)” (RM 91).
Na verdade, “Conhecer Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (DAp 18).
Deus abençoe cada presbítero, em especial aqueles que servem na Arquidiocese de Porto Velho e conceda aos que trabalham nos seminários com os seus formandos, bem como aos demais que doam sua vida em outras áreas da missão a pedido da Igreja, a graça de acolher e viver o seguimento a Jesus Cristo missionário hoje!
Parabéns pelo dia do Presbítero! Um grande abraço. E você não se esqueça de rezar pelo Padre que está aí na Paróquia ou área Pastoral.
Dom Esmeraldo Farias.
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