As comunidades celebram hoje, com a Solenidade da Epifania do Senhor (festa dos Santos Reis), a manifestação de Cristo para a humanidade; manifestação que nos ilumina e nos guia “nos caminhos da verdade, da justiça, da fraternidade e da paz”.
Com os magos do oriente, guiados pela estrela de Belém, redescobrimos a nossa missão, pois “a vinda de Deus no mundo é destinada a cada um de nós”. Somos chamados a ser “mensageiros do Evangelho em todo o mundo”. Através dosReis Magos, Cristo se revela a todas as nações que, no futuro, serão iluminadas pela luz da Fé.
Para Paulo VI, Epifania significa a vocação dos povos de todas as nações, sem distinção; é a revelação da imensa bondade de Deus, fonte de nossa alegria.
E a vocação do Povo da Aliança foi precisamente Aquele a quem levava o caminho dos Reis Magos vindos do Oriente. Mal eles fizeram essa pergunta diante de Herodes, este não teve nenhuma dúvida de quem e de que rei se tratava, tanto assim que, reunindo todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias (J.Paulo II).
A liturgia expressa a vocação das nações à fé no Deus vivo e verdadeiro (Is 60,1-6). Os magos em torno de Jesus são os representantes de todos os povos, para prestar-lhe homenagem e adoração (Mt 2,1-12;VP). O apóstolo Paulo reforça a missão de anunciar esse grandioso mistério (Ef 3,2-3.5-6).
A reflexão de João Paulo II está centralizada neste caminho dos Reis Magos que leva ao Messias, Aquele que o Pai consagrou e mandou ao mundo. O caminho deles é também o caminho do Espírito. É, sobretudo, o Caminho no Espírito Santo. Percorrendo este caminho, não tanto pelas estradas das regiões do Próximo Oriente quanto de preferência pelos misteriosos caminhos da alma, o homem é conduzido pela luz espiritual proveniente de Deus, figurada por aquela estrela, que seguiam os três Reis Magos.
Os caminhos da alma humana, que levam a Deus, fazem que o homem encontre em si um tesouro interior. Assim lemos também dos três Reis Magos que, chegando a Belém, abriram os cofres. O homem toma consciência da enormidade dos dons de natureza e de graça com que Deus o cumulara, e então nasce nele a necessidade de oferecer-se, de restituir a Deus o que recebera, de fazer disso oferta como sinal da liberalidade divina. Esta dádiva toma uma forma tríplice assim como nas mãos dos três Reis Magos: abrindo os cofres ofereceram-Lhe presentes.
Os magos oferecem ouro, incenso e mirra: o ouro convém ao rei, o incenso se punha nos sacrifícios oferecidos a Deus; com a mirra eram embalsamados os corpos dos defuntos. Por conseguinte, com suas oferendas místicas pregam os magos ao que adoram: com ouro, como rei; com incenso como Deus, e com a mirra, como homem mortal (S. Gregório Magno).
Seguindo a estrela, mais de quatro mil pessoas, representando suas dioceses, partiram rumo à cidade de Juazeiro (diocese de Crato, Ceará), inclusive uma grande caravana da Arquidiocese de Porto Velho e de toda a Amazônia, para dar início ao 13º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (7-11/01/2014)que tem como tema “Justiça e profecia a serviço da vida” e o lema: “Romeiras do Reino no campo e na cidade”.
A Igreja, através da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, manifesta a sua alegria, por este acontecimento, verdadeira celebração da Epifania (Teofania para os gregos) que expressa a missão da Igreja:
A Diocese do Crato percorreu um longo caminho de preparação. Os romeiros do Intereclesial encontrarão tudo preparado e sentir-se-ão em casa, vindos de todas as partes do Brasil. Eles terão a oportunidade de ver o carinho e o afeto do nosso povo para com o Padre Cícero. A religiosidade popular, tão enraizada na alma dos nossos fieis, nos ajude na missão evangelizadora da Igreja. Nossa Senhora da Penha, Padroeira da Diocese do Crato, acompanhe a todos (CNBB)
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Em frente ao Paróquia Nossa Senhora do Amparo, e rumo ao 13º Intereclesial, um grupo de irmãos e colaboradores embarcam no ônibus que seguirá de Porto Velho-RO, até Crato no Ceará. |
Crato, Juazeiro e demais cidades da diocese dá as boas vindas às CEBs de todo o país e de todos os continentes que chegam às terras do padre Cícero, da beata Maria de Araújo e do beato José Lourenço; terra de resistência e força nordestina que está preparada para acolher mais um importante momento da caminhada e vivência das CEBs.
Com a finalidade de partilhar as experiências e reflexões das Comunidades Eclesiais de Base, nasceram na década de 70, os Intereclesiais. Além de partilhar a vida, as experiências e as reflexões das Cebs, o intereclesial é memória viva da caminhada da Igreja, revela com mais clareza a situação de sofrimento e resistência de nossos povos, mantêm o elo entre as comunidades do Brasil. Trata-se de um momento para reafirmar o papel das CEBs dentro da Igreja, que define sua importância como propulsora de mudanças em diversas realidades brasileiras.
Estamos em fase de renovação das paróquias, que cada vez mais se tornam comunidade de comunidades, à luz do documento de Aparecida. A Igreja, ao reafirmar a importância de conhecer a realidade e de traçar metas para a ação evangelizadora à luz da Sagrada Escritura e da Tradição sempre deu continuidade ao processo de planejamento pastoral, elaborando diretrizes para melhor corresponder melhor à ação do Espírito numa realidade em constante transformação.
Dentre as urgências na evangelização, assumimos ser comunidade de comunidades. Transformados por Jesus Cristo e comprometidos com o Reino de Deus, devemos formar comunidades que não podem fechar-se em si mesmas, ao estilo de guetos ou ilhas. Por suas atitudes fraternas e solidárias, trabalhando incessantemente pela vida em todas as suas instâncias, nossas comunidades tornam-se sinais de que o Reino de Deus vai se manifestando em nosso meio (doc.94/CNBB,n.1,28-29).
Sem vida em comunidade, não há como efetivamente viver a proposta cristã, isto é, o Reino de Deus. A comunidade acolhe, forma e transforma, envia em missão, restaura, celebra, adverte e sustenta. Constatamos hoje uma busca por vida comunitária. Esta busca nos recorda como é importante a vida em fraternidade. Mostra também que o Espírito Santo acompanha a humanidade suscitando, em meio às transformações da história, a sede por união e solidariedade (n.56-57).
Articuladas entre si, na partilha da fé e na missão, estas comunidades se unem, dando lugar a verdadeiras redes de comunidades. Comunidade implica necessariamente convívio, vínculos profundos, afetividade, interesses comuns, estabilidade e solidariedade nos sonhos, nas alegrias e nas dores.
As CEBs, alimentadas pela Palavra, pela fraternidade, pela oração e pela Eucaristia, são sinal ainda hoje de vitalidade da Igreja (doc 92). São, também, presença eclesial junto aos mais simples, partilhando a vida e com ela se comprometendo em vista de uma sociedade justa e solidária. Em tempos de incerteza, individualismo e solidão, a presença de uma comunidade próxima à vida, às alegrias e às dores, é um serviço, que urge apresentar a um mundo que necessita vencer a “cultura de morte”.
Comunidades são escolas de diálogo e pontos de partida para o anúncio do Deus da Vida, que acolhe, redime, purifica, gera comunhão e envia em missão (n.58-64). O caminho para que a paróquia se torne verdadeiramente uma comunidade de comunidades é inevitável, desafiando a criatividade, o respeito mútuo, a sensibilidade para o momento histórico e a capacidade de agir com rapidez.
A 51ª Assembleia da CNBB (abril/2013) apresentou a renovação das comunidades paroquiais como tema central de seus trabalhos. Refletiu a necessidade de encontrar caminhos concretos para a renovação das nossas comunidades diante das mudanças que estamos vivendo.
As reflexões e proposições resultaram no texto de Estudos da CNBB, nº 104, “Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia”. As contribuições ao longo do ano de 2013 levam em consideração diversos contextos onde as comunidades cristãs vivem o Evangelho. O novo texto com as contribuições será apreciado durante a 52ª Assembleia (2014).
Certamente será um referencial para a renovação da nossa vida eclesial, assim como as conclusões do 13º Intereclesial. Somente com a participação de todos podemos encontrar inspiração e caminhos que possibilitem uma nova paróquia: comunidade de comunidades.