Terça-feira, 4 de janeiro de 2011 - 15h05
Iniciamos 2011 celebrando ainda as alegrias do Natal do Senhor. Nesse itinerário nos aproximamos do mistério do nascimento de Jesus e aprendemos a acolher as pessoas indistintamente. Com a festa da Sagrada Família valorizamos a vida em comunidade e percebemos a importância do amor e da família. Ao contemplar Maria, a Mãe de Deus, no primeiro dia do novo ano, elevamos nosso pensamento para o dia mundial da Paz, pedindo sua compreensão para vivenciar todos os acontecimentos, meditando-os em nosso coração. E apesar da tradição popular celebrar a Festa dos Reis dia 06 de janeiro, somos hoje convidados a participar da Solenidade da Epifania. Epifania é uma palavra grega que significa “manifestação”; na pessoa dos Reis Magos, o Menino-Deus se revelou a todas as nações que, no futuro, seriam iluminadas pela luz da Fé. Portanto, a Liturgia comemora hoje a Adoração dos Reis Magos vindos do Oriente ao Menino Jesus e domingo próximo, o Batismo de Jesus . Em síntese, podemos afirmar que a Epifania, ou seja, a manifestação do Verbo Encarnado, não pode ser considerada desligada da adoração que Lhe prestaram os Reis do Oriente. Este é o reconhecimento público da divindade do Menino Jesus unida à Sua humanidade.
A primeira leitura da solenidade da Epifania (Is 60,1-6) nos coloca em sintonia com os símbolos da celebração de hoje: a luz que guia os povos a Jerusalém será como a da estrela que guia os magos do evangelho, os tesouros trazidos à cidade santa do Oriente e do Ocidente se cumpriram nos presentes que os magos colocaram aos pés do menino recém-nascido e de sua mãe; a salvação será universal quando os judeus e pagãos, todos juntos, adorarem a Deus na pessoa de Jesus recém-nascido em Belém.
Em sua Mensagem para o 44o Dia Mundial da Paz, o Papa Bento XVI, fala da “Liberdade religiosa, caminho para a paz” e afirma que “o patrimônio de princípios e valores expressos por uma religiosidade autêntica é uma riqueza para os povos e respectivas índoles: fala diretamente à consciência e à razão dos homens e mulheres, lembra o imperativo da conversão moral, motiva para aperfeiçoar a prática das virtudes e aproximar-se amistosamente um do outro sob o signo da fraternidade, como membros da grande família humana”.
Somos, dessa maneira, solicitados pela nossa própria fé em Deus, Pai do Senhor Jesus Cristo, a viver como irmãos que se encontram na Igreja e colaboram para a edificação de um mundo, onde as pessoas e os povos “não mais praticarão o mal nem a destruição, porque o conhecimento do Senhor encherá a terra, como as águas enchem o leito do mar” (Is 11,9).
Na ultima assembléia arquidiocesana, avaliamos a caminhada conciliar da Igreja Particular de Porto Velho, constatando que devemos avançar na dimensão ecumênica, pois o diálogo entre os membros de diversas religiões constitui um instrumento importante para colaborar com todas as comunidades religiosas para o bem comum.
Para José M. Vigil, o grande problema ou obstáculo para as religiões se falarem, dialogarem, se unirem não é externo, mas sim interno. As religiões têm vivido a sua história toda sobre a convicção de serem, cada uma, a única, a verdadeira, a universal, a perfeita, a que sabe tudo e não tem nada a aprender de ninguém (Não todas da mesma maneira, obviamente. As religiões não são iguais nem dizem a mesma coisa, como o igualitarismo pretenderia).
Em sua entrevista a IHU On-Line, Vigil que faz parte da Associação Ecumênica de Teólogos da América Latina, e vai participar em fevereiro, do Fórum Mundial de Teologia e Libertação, dentro do Fórum Social Mundial (Oficina Religiões e Paz), constata que “as religiões não dialogam; coexistem simplesmente". Segundo ele, “não haverá paz entre as religiões, e no mundo, enquanto não tivermos uma visão pluralista”. É claro, sabemos todos que a paz não é só a ausência de guerra. A paz não é um conceito negativo, mas extremamente positivo. Poderíamos dizer que a paz seria o shalom (judeu), ou o shalam (árabe), que não são conceitos negativos. Pelo contrário, são conceitos de plenitude: a paz é o resumo de todos os bens salvíficos.
Isso também se reflete na teologia do pluralismo religioso, que teria como funções ou tarefas: uma primeira, negativa, de desconstrução, de desmonte dos obstáculos, dos preconceitos geradores de conflitos, dos axiomas superados que hoje viraram daninhos, inclusive no mundo globalizado atual; e uma segunda tarefa, positiva, a de reconstrução, o encontro prazeroso das convergências religiosas, da muita riqueza comum, das inesgotáveis peculiaridades que cada religião tem como lampejos únicos da luz única e eterna do Mistério, a função mesma de "religação" por cima da imensa "diversidade do sagrado".
E num período de crise ambiental, em que a “natureza geme as dores de parto”, como propõe a Campanha da Fraternidade de 2011, as religiões podem contribuir para a defesa e proteção da Criação, tendo em vista "o bem comum da humanidade e a Vida no planeta". Já não podemos ter só o objetivo da humanidade, como o antropocentrismo religioso nos educou. O bem comum da humanidade ficaria absolutamente curto e mal-entendido se deixasse de buscar o bem comum da vida no planeta.
Nesta última década (a consciência da emergência da ameaça climática não tem dez anos), a situação mudou tanto que as prioridades se deslocaram todas. Todos os serviços tradicionalmente feitos à humanidade ficaram curtos diante da urgência planetária. Se "a caridade começa pela própria pessoa", hoje a caridade realista deveria começar pelo planeta: todos os nossos objetivos estão ameaçados de morte, ante o que está vindo. Em rigor, estamos caminhando para a extinção da nossa espécie. Se não mudarmos – e já tem quem duvide que seja possível mudar a tempo – o sistema atual de vida (economia, produção, consumo, contaminação ambiental, destruição da ecologia...), estamos nos aproximando a cada dia do nosso fim, como afirma o teólogo Vigil.
Nessa conjuntura, como é possível que as religiões ainda não tenham pedido perdão por terem permanecido cegas ao ecológico? Como não levantaram a sua voz profética contra os que se opõem egoistamente às medidas urgentes para o salvamento do planeta e da humanidade? E como ainda não convocaram um concílio verdadeiramente “ecumênico” (de todas as religiões que habitam a ecumene, a "casa habitada") para se unirem e se concentrarem na única prioridade verdadeiramente prioritária?
A CF 2011 nos convoca a fazer algo e dar o nosso contributo, pois, ele não só é válido, mas necessário. Como membros da Igreja em sentido amplo comungamos de um ponto fundamental do credo cristão de que o mundo que habitamos resulta da ação criadora e amorosa de Deus. Até algum tempo atrás, era absolutamente comum dizer ou ouvir, também na igreja, que o homem é o centro e o sentido de toda a criação, pois ele teria a função de “dominar e sujeitar” o mundo criado (Gn 1,26-28). Sua tarefa fundamental deve ser a de “cultivar e guardar” (Gn 2,15).
Pode-se aqui falar do “princípio responsabilidade” como elemento fundamental da ética(TB 215-219). O cuidado com o ambiente deve, hoje, incluir também as gerações futuras. Mas o próprio direcionamento escatológico da fé cristã aponta para a consumação final da história e da criação como obra redentora de Deus. Possam nossas ações contribuir nesse novo ano para a construção deste mundo novo, que há de ser construído com o empenho renovado a cada dia, e que pode ser vislumbrado na bela imagem bíblica oferecida pela expressão “novos céus e nova terra” (Ap 21,1)
Fonte: Arquidiocese
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