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Dom Moacyr

A ARTE DE CUIDAR DA VOCAÇÃO



Neste Domingo do Bom Pastor queremos lembrar de modo especial, nossos pastores, coordenadores e agentes das pastorais. Jesus nos mostra o sentido da ação pastoral: dar a vida pelas ovelhas (Jo 10,1-10).

Ao se exprimir através de uma imagem: “Eu sou a porta das ovelhas”(v.8); Ele nos oferece positivamente a resposta de que só o caminho que conduz através dele é válido e que esta porta se situa na comunidade dos fiéis de Cristo. Portanto, pastor mesmo é quem passa através de Jesus e faz o rebanho passar por ele. O sentido fundamental da pastoral, segundo o jesuíta Konings, é ir ao encontro dos homens e conduzi-los através dele ao verdadeiro bem.

Trabalhar na pastoral de uma comunidade é estar a serviço da vida e liberdade do povo, continuando na história os atos libertadores de Jesus, o bom pastor. Hoje a metodologia é mais participativa, os párocos visitam as famílias, são presença constante nas comunidades. O que distingue nossos presbíteros a frente de suas paróquias, a comunidade de comunidades, além de sua espiritualidade, é o seu amor para com a porção do povo de Deus a ele confiada. É junto ao seu povo, sacramento de Deus, que devem ser pastores conforme o coração de Deus.

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundancia” (v.10) resume a missão de Jesus e, por extensão, também a missão da Igreja. Isso exige de todo cristão assumir atitudes, não apenas ao que se refere ao anúncio do imprescindível valor da vida, mas também através de práticas que ajudem a vida a desabrochar e florescer, em toda a sua plenitude. Em meio a um mundo marcado por tanto sinais de morte e inúmeras formas de exclusão, a Igreja, em todos os seus grupos, movimentos e associações, animados por uma Pastoral Social estruturada, orgânica e integral, tem a importante missão de defender, cuidar e promover a vida, em todas as suas expressões.

Neste tempo pascal, percebemos que a Páscoa ainda não é a festa de nossa chegada ao Reino Definitivo na glória, mas a celebração da "passagem" e Passagem não é ponto de chegada, é Caminho. Caminhando recordamos que Jesus anda na nossa frente. Ele é o Caminho. Por isso nunca perdemos a esperança de um mundo diferente, justo e fraterno, do Bem Viver (Dom E.Krautler).

Para nós, bispos, sacerdotes, religiosos missionários, leigos agentes e coordenadores das mais diversas pastorais, trabalhar nas obras de Deus não pode ser um empenho superficial. Pressupõe antes uma profunda e entranhada mística, alicerçada no amor radical de Jesus, o bom pastor, "até o fim" (Jo 13,1). É deixar-se traspassar pelo "amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, Senhor nosso" (Ro 8,39), é contemplar o seu Sangue derramado, que é o amor incorruptível e seu Corpo entregue, alimento que nos sustenta e nos dá coragem enquanto peregrinamos neste mundo.

Ser católico batizado e crismado significa assumir na Igreja o protagonismo do leigo, de modo especial do jovem; sentir-se Igreja no processo da nova evangelização, assumindo sempre em comunhão eclesial, o seu lugar e a sua função, pois a família, a educação, a saúde, os meios de comunicação social, a política, a juventude, a ciência tecnológica, aguardam os seus profetas, pastores e dirigentes.
 

Dia Mundial de Oração pelas Vocações

O Papa Bento XVI, em sua mensagem para o 48.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que celebramos neste 4º domingo da Páscoa, acentua a capacidade de cultivar as vocações como sinal característico da vitalidade de uma Igreja local. “Propor as vocações na Igreja local”, tema da mensagem, significa ter a coragem de indicar, através de uma pastoral vocacional atenta e adequada, este caminho exigente do seguimento de Cristo, que, rico de sentido, é capaz de envolver toda a vida.

A arte de promover e cuidar das vocações encontra um luminoso ponto de referência nas páginas do Evangelho, onde Jesus chama os seus discípulos para O seguir e educa-os com amor e solicitude. Objeto particular da nossa atenção é o modo como Jesus chamou os seus mais íntimos colaboradores a anunciar o Reino de Deus (Lc 10,9). Para começar, vê-se claramente que o primeiro ato foi a oração por eles: antes de os chamar, Jesus passou a noite sozinho, em oração, à escuta da vontade do Pai (Lc 6,12). A vocação dos discípulos nasce, precisamente, no diálogo íntimo de Jesus com o Pai. As vocações ao ministério sacerdotal e à vida consagrada são fruto, primariamente, de um contacto constante com o Deus vivo e de uma oração insistente que se eleva ao “dono da messe” quer nas comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs, quer nos cenáculos vocacionais.

A proposta, que Jesus faz às pessoas ao dizer-lhes “Segue-Me”, é exigente: convida-as a entrar na sua amizade, a escutar de perto a sua Palavra e a viver com Ele; ensina-lhes a dedicação total a Deus e à propagação do seu Reino, segundo a lei do Evangelho: “Se o grão de trigo cair na terra e não morrer fica só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12,24); convida-as a sair da sua vontade fechada, da sua ideia de auto-realização, para embrenhar-se noutra vontade, a de Deus, deixando-se guiar por ela; faz-lhes viver em fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus (Mt 12,49-50) e se torna o sinal distintivo da comunidade de Jesus.

Também hoje, o seguimento de Cristo é exigente; significa aprender a ter o olhar fixo em Jesus, a conhecê-Lo intimamente, a escutá-Lo na Palavra e a encontrá-Lo nos Sacramentos; significa aprender a conformar a própria vontade à d’Ele. O Senhor não deixa de chamar, em todas as estações da vida, para partilhar a sua missão e servir a Igreja no ministério ordenado e na vida consagrada; e a Igreja “é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e amá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais” (PDV,41). Especialmente neste tempo, em que a voz do Senhor parece sufocada por outras vozes e a proposta de O seguir oferecendo a própria vida pode parecer demasiado difícil, cada comunidade cristã, cada fiel, deveria assumir, conscientemente, o compromisso de promover as vocações.

É importante encorajar e apoiar aqueles que mostram claros sinais de vocação à vida sacerdotal e à consagração religiosa, de modo que sintam o entusiasmo da comunidade inteira quando dizem o seu “sim” a Deus e à Igreja.

É preciso que cada Igreja local se torne cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar e paroquial, sobretudo os adolescentes e os jovens, como Jesus fez com os discípulos, para maturarem uma amizade genuína e afetuosa com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica; para aprenderem a escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus, através de uma familiaridade crescente com as Sagradas Escrituras; para compreenderem que entrar na vontade de Deus não aniquila nem destrói a pessoa, mas permite descobrir e seguir a verdade mais profunda de si mesmos; para viverem a gratuidade e a fraternidade nas relações com os outros, porque só se abrindo ao amor de Deus é que se encontra a verdadeira alegria e a plena realização das próprias aspirações.

O Concílio Vaticano II recordou que o “dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover, sobretudo mediante uma vida plenamente cristã” (OT 2). O empenho na promoção e cuidado das vocações adquire plenitude de sentido e de eficácia pastoral, quando se realiza na unidade da Igreja e visa servir a comunhão. É por isso que todos os momentos da vida da comunidade eclesial: a catequese, os encontros de formação, a oração litúrgica, as peregrinações aos santuários, são uma ocasião preciosa para suscitar no Povo de Deus, em particular nos jovens, o sentido de pertença à Igreja e a responsabilidade em responder, com uma opção livre e consciente, ao chamamento para o sacerdócio e a vida consagrada.

O Papa conclui sua mensagem pedindo às famílias que sejam capazes de ajudar os filhos e as filhas a acolherem, com generosidade, o chamamento ao sacerdócio e à vida consagrada e aos catequistas que ajudem os adolescentes a seguirem de bom grado a vocação divina.

Possa o exemplo da Virgem Maria de acolhimento do plano divino da salvação e a sua eficaz intercessão, nos tornar sempre mais disponíveis a dizer “sim” ao Senhor, que não cessa de chamar novos trabalhadores para a sua messe.

Fonte: Pascom
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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