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Gente de Opinião

Dom Moacyr

A FAMÍLIA DIANTE DO PRESÉPIO!


 

O Natal está próximo. As comunidades e famílias preparam-se através da Novena do Santo Natal. Quem nos sustenta nesta caminhada rumo ao Natal é Maria. Ela nos ensina a viver este tempo do Advento à espera do Senhor.

Agradecendo as orações pela recuperação de minha saúde, e todo carinho do povo de Deus, aguardamos Aquele que vem habitar entre nós, Aquele que escolhe a terra como a sua morada para estar ao nosso lado e para se encontrar onde cada um de nós transcorre os seus dias, na alegria ou na dor.

Portanto, “a terra já não é só um vale de lágrimas, mas o lugar onde o próprio Deus construiu a sua tenda, o lugar do encontro de Deus com o homem, da solidariedade de Deus para com os homens” (papa Francisco).

A FAMÍLIA DIANTE DO PRESÉPIO! - Gente de Opinião
Presépio da Igreja Nossa Senhora do Amparo, na Av. Amazonas, bairro Agenor de Carvalho

Vale lembrar que só seremos verdadeira igreja se estivermos inclinados, prostrados diante do Menino, nosso irmão e Salvador que está sempre “com Maria sua mãe” (Mt 2,11) pois na palavra de Paulo VI, “quem quiser ser cristão, tem que ser mariano”. Meditemos, pois, diante do presépio: Ele me amou, nasceu e morreu por mim, ele é meu irmão (e devo isso a Maria) e Ele nunca se envergonha de chamar-nos irmãos (Hb 1,11).

É daqui que provém o grande presente do Menino de Belém: Ele nos traz uma energia espiritual, uma energia que nos ajuda a não nos precipitarmos nas nossas dificuldades, nos nossos desesperos e nas nossas amarguras, porque se trata de uma energia que aquece e transforma o coração.

Contemplando no Presépio o mistério do Filho de Deus que nasceu para nós, reflitamos com o papa Francisco:

Se no Natal Deus se revela não como alguém que está no alto e que domina o universo, mas como Aquele que se abaixa, que desce sobre a terra, pequenino e pobre, significa que para sermos semelhantes a Ele não devemos colocar-nos acima dos outros, mas, ao contrário, abaixar-nos, pôr-nos ao seu serviço, tornar-nos pequeninos com os pequeninos, pobres com os pobres. Como verdadeiros cristãos, sirvamos; façamos com que estes nossos irmãos e irmãs nunca se sintam sozinhos!

Se, através de Jesus, Deus se comprometeu com o homem a ponto de se tornar como um de nós, quer dizer que tudo o que fizermos a um irmão ou a uma irmã, a Ele o fazemos. Foi o próprio Jesus quem no-lo recordou: quem alimenta, acolhe, visita e ama um destes mais pequeninos e mais pobres entre os homens, ao Filho de Deus que o faz.

Eis que a celebração deste 3º domingo do Advento, denominado “Gaudete”, ou seja, domingo da alegria, nós dá fôlego para experimentarmos a alegria da realização de nossa esperança, pois o Senhor já faz morada em nossos corações e nos encoraja na caminhada.

Cristo é “o verdadeiro Messias que vem para aliviar o sofrimento, curar a vida e abrir um horizonte de esperança aos pobres” (Pagola). Encontrá-lo é fonte de uma alegria profunda e sempre nova. Saber que o Senhor está para chegar e que nos ama, inunda a nossa vida de grande alegria.

A segurança do amor divino e a sua presença em nosso meio despertam em nós uma profunda confiança no Senhor e a verdadeira alegria de permanecer em comunhão com Ele.

O profeta Isaías convida o povo à alegria, porque Deus não abandona os seus. E o povo vai precisar de muita coragem, resistência e confiança na caminhada: “Sejam fortes! Não tenham medo! Vejam o Deus de vocês. Ele vem para salvar vocês” (Is 35,1-6.10).

Palavras que se aplicam a todos nós, quando nos sentimos incapazes de nos libertarmos do pecado, da mediocridade e das vaidades terrenas, a fim de que tenhamos a coragem de buscar a conversão, o ânimo e a confiança que nos vêm do Sal­vador.

O Apóstolo Tiago insiste para que sejamos fortes, pacientes e firmes e acolhamos o Cristo que está no meio de nós, no outro, sobretudo nos mais pobres e pequeninos, nos excluídos e machucados da vida que são a presença de Cristo entre nós(Tg 5,7-10).

Ser paciente, contudo, não significa uma passividade em face das injustiças, mas perseverança na fidelidade ao Senhor, na certeza de que Ele virá como Juiz; não é uma indiferença diante da dor, da contrariedade e da opressão, mas é sofrer com Cristo, unindo os sofrimentos próprios à sua Paixão redentora, para posteriormente nos transbordamos em sua alegria eterna.

O evangelho de Mateus nos diz que os sinais da salvação anunciados pelo profeta Isaías realizam-se em Jesus: “Os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Notícia” (Mt 11,2-11).

As estruturas do mundo continuam oprimindo os marginalizados, em vista da realização materi­alista daqueles que detém o poder e a riqueza. Como discípulos e missionários, seguimos anunciando a to­dos a nossa confiança no Senhor: “Vinde, Senhor, para salvar o vosso povo”, e lutando contra todas as formas de injustiça.

Neste Natal, sejamos mais próximos das famílias que fazem parte de nossas pequenas comunidades, visitemos nossas CEBS, nas linhas, nos travessões, no beiradão e nos bairros distantes de nossa Capital.

Elas são a maioria de nossas “igrejas”: no amor fraterno, no perdão e na partilha (1ªJo 3,14), na escuta da Palavra (Jo 5,24), na oração e no canto (Mt 18,20), ali esta o Cristo Jesus, com sua força de salvação e renovação (DAp 253).

Hoje, acontece em todo o Brasil a Coleta para a Evangelização, que tem por objetivo despertar os discípulos e as discípulas missionários para o compromisso evangelizador e para a responsabilidade pela sustentação das atividades pastorais no Brasil.

O tema deste ano da Campanha Nacional da Evangelização é: “Ele está no meio de nós”; nosso gesto concreto de colaboração será partilhado, solidariamente, entre as Dioceses, os 18 Regionais da CNBB e a CNBB nacional, visando à execução de suas atividades evangelizadoras.

Muitas dioceses no Brasil, durante esta Campanha, dedicam uma semana ou um período em favor da Igreja da Amazônia, com oração, reflexão e coleta para as atividades pastorais das dioceses mais carentes da Região Amazônica.

Sobre essa iniciativa, Dom Antonio Possamai, certa vez, refletiu: O evangelista Lucas nos conta que Maria, assim que engravidou de Jesus por obra do Espírito Santo, partiu apressadamente para a região montanhosa. Aconselho a estarmos atentos e a valorizarmos mais este advérbio apressadamente. A falta da pressa de Maria impede que seu filho encha de alegria nosso povo da Amazônia (Lc 1,39).

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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