Terça-feira, 2 de novembro de 2010 - 22h04
Guimarães Rosa diz que “o mais importante do mundo é que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas e que vão sempre mudando”. No próximo dia 2 de novembro faremos memória daqueles que nos precederam, os finados.
Somente a fé nos permite contemplar a realidade com os olhos de Jesus Cristo e nos ilumina em nosso peregrinar por este mundo, tão carente de referências sólidas e dominado por um relativismo envolvente. Esta fé nos permite descobrir que nunca atravessamos a aventura da vida humana sozinhos, mas sempre acompanhados, inspirados e fortalecidos pelo Espírito que o Pai, por Cristo, nos envia. Esta fé nos capacita a assumir a missão de Jesus Cristo de realizar na história o Reino de Deus, proclamando-o com nossas palavras e testemunhando-o em nossas vidas (DGAEB).
Diversos são os sinais de vida e morte presentes na sociedade que podem nos ajudar a refletir sobre a nossa missão de peregrinos nesse mundo. O dia de Finados nos conscientiza para a realidade da morte e nos desperta para o mistério da existência humana. Celebramos a Eucaristia em nossos cemitérios, pois são lugares santos, onde depositamos respeitosamente os corpos de nossos irmãos falecidos, santificados pela água batismal.
Antecede o dia de Finados a Festa de todos os Santos, no entanto, pela sua importância, a Igreja, ao invés de celebrá-la no dia 1º de novembro, fará a comemoração no domingo, dia 07 de novembro.
A festa de Todos os Santos é momento oportuno para uma revisão da caminhada da comunidade. Olhando para os que nos precederam, santos e mártires, a comunidade é convidada a se questionar sobre seu caminho de santidade. Somos filhos de Deus. Nossa filiação, porém, se traduz na prática da justiça expressa na vivência das bem-aventuranças.
Importa nesta semana fazer uma leitura da história e das forças transformadoras da sociedade colocadas em ação por mulheres e homens segundo o coração de Deus, como São Francisco de Assis, Santa Teresinha, os mártires da América Latina, Madre Teresa, Irmã Dulce, Gandhi, Irmã Cleusa de Lábrea, Chico Mendes. Estes e outros integram o calendário anual dos santos da Igreja, contudo os que estão inscritos no Livro da Vida, o registro de Deus, são infinitamente mais.
De todos eles fazemos memória e a eles dirigimos a oração suplicante da Igreja. O seu testemunho de vida e ensinamento perdura no tempo como modelo e força de atração para nós. A santidade de vida, segundo R. Ballan, é um condomínio aberto a inquilinos sempre novos.
A mensagem das Bem-Aventuranças (Mt 5,1-12) deve ser entendida como uma proclamação da chegada do Reino de Deus para as pessoas que vão ficar felizes com isso (Lc 6,24-26 acrescenta também aqueles que vão ficar infelizes).
As bem-aventuranças são propostas de felicidade, “a proclamação da amizade de Deus para aqueles que participam do espírito que é evocado por oito exemplificações, e um programa de vida para todos os que escutam a palavra do Cristo”(Konnings). A constituição do povo de Deus não impõe leis. Jesus simplesmente constata a situação do povo que o segue; percebe o esforço que os pobres e injustiçados fazem para mudar a situação; conhece as dificuldades e perseguições que enfrentam para criar a nova sociedade e os proclama felizes, herdeiros do projeto de Deus. A constituição que Jesus promulga no Sermão da Montanha nasce da constatação das lutas do povo sofrido.
A primeira bem-aventurança proclama “Felizes os pobres”. Deus é o rei dos pobres e com eles formará o novo povo; sendo pobres, saberão concretizar o Reino na partilha e solidariedade. O Reino é deles porque, vivendo assim, realizam o pedido de Jesus: “Convertam-se, porque o reino do céu está próximo”(Mt 4,17). A sociedade estabelecida, ambiciosa de poder e riqueza, não suporta uma sociedade alternativa que se forma com base na partilha e comunhão dos bens. Não suportando os pobres que aprenderam a partilha e a promovem como forma de realizar o Reino, persegue-os, procurando eliminá-los. Contudo, “quem é despertado para as injustiças geradas pela má distribuição da riqueza, se tiver grandeza de alma, captará os protestos silenciosos ou violentos dos pobres. E o protesto dos pobres é a voz de Deus” (D. Helder Câmara)
Um levantamento feito na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelou que quase 200 deputados têm patrimônio superior a R$ 1 milhão. A bancada dos milionários representa aproximadamente 40% do total da Câmara dos deputados federais, sendo que somente um deles tem um patrimônio declarado superior a R$ 240 milhões. Em governos anteriores os trabalhadores foram arrochados ao máximo e perderam direitos. Estamos percebendo, porém, na eleição deste ano que os “pobres têm muita sensibilidade e dignidade e sentem muito bem o que há na consciência das elites. Sabem muito bem, segundo o padre Comblin, quem está com eles e quem está contra eles”.
Infelizmente a campanha eleitoral deste ano deixou a desejar tanto em nível nacional como local; as informações foram de má qualidade tanto nos programas da campanha como nos debates na televisão, tornando-se um desserviço à informação. Jogaram muita lama no ventilador, diz o Pe. Alfredo Gonçalves e, com isso, os verdadeiros problemas da nação não foram elucidados, sendo quase impossível reverter os estragos feitos pelo ventilador da Internet e dos meios de comunicação social em geral.
Reconhecemos a fé de todos aqueles que no exercício de sua profissão, no mundo da política e da cultura, têm lutado pela promoção humana e pela defesa da vida. E aqueles que contribuem como Igreja, para a promoção dos excluídos da sociedade tornando a humanidade mais solidária, justa e fraterna seguindo a mensagem evangélica.
É importante que a Igreja continue formando pessoas em níveis de decisão: empresários, políticos, formadores de opinião no mundo do trabalho, dirigentes sindicais.
A opção pelos pobres exige uma pastoral voltada aos construtores da sociedade, sem se esquecer de que os pobres e os marginalizados são também “sujeitos de mudança e de transformação de sua situação”.
Todos os fiéis são também impulsionados pelo Espírito a participar da vida política, pois a vida cristã não se expressa somente nas virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e políticas.
Os leigos, devidamente formados, devem estar presentes na vida pública, atuando como verdadeiros sujeitos eclesiais e competentes interlocutores entre a Igreja e a sociedade (DGAEIB 86).
Por outro lado, a participação política, motivada pela fé, pode assumir diferentes formas, desde o interesse pelos problemas sociais, participação em Conselhos de Direito, até a filiação a partidos e a aceitação de cargos eletivos. Muitos em nossa sociedade, especialmente os mais pobres, sofrem devido aos problemas endêmicos de corrupção nesta área.
Estas orientações reforçam a necessidade da Escola Arquidiocesana de Fé e Política, de contribuir com a formação de cristãos políticos, a partir da vivência cristã e ética, visando uma maior compreensão da realidade política, econômica, cultural e social do Estado de Rondônia para uma participação efetiva junto às instâncias políticas locais. Optamos por “conclamar a todos os membros da Igreja a viver a política com a dignidade que tão importante atividade humana merece e exige. E nossa última palavra só pode ser de esperança na vitória do bem sobre o mal, da vida sobre a morte, da justiça sobre a iniqüidade. A morte e ressurreição de Jesus é penhor de tal vitória” (Libânio).
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