Segunda-feira, 5 de março de 2012 - 19h05
Saudamos o terceiro arcebispo de Porto Velho, Dom Esmeraldo Barreto de Farias, o pastor enviado por Deus, para exercer a função de Vigário e de Legado de Cristo nesta Igreja Arquidiocesana (LG 24-27). Ele vem como o irmão, amigo, servidor de todos, sem distinção. A ele, entregamos com alegria, dia 03 de março, o báculo, como sinal de seu múnus pastoral, para viver sua missão neste chão da Amazônia, guiando, educando e santificando.
Confiamos a amada Arquidiocese de Porto Velho, porção do Povo de Deus, ao Dom Esmeraldo, para apascentá-la com a colaboração do presbitério, de tal modo que, unida ao seu pastor e congregada por ele no Espírito Santo por meio do Evangelho e da Eucaristia, constitui esta Igreja particular, na qual está realmente e atua a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica. Mais ainda: nela está presente Cristo, por cujo poder a Igreja se unifica. Com razão diz Santo Inácio: “Aonde comparecer o Bispo, aí se deve juntar a multidão, tal como, onde estiver Jesus Cristo, aí está a Igreja católica” (CB).
Certa vez, o cardeal Carlo Maria Martini, cujos livros e artigos leio sempre com prazer, perguntou a um novo bispo: que programa você tem para sua nova diocese? Antes de ouvir sua resposta, o cardeal lhe entregou um exemplar de seu livro Il vescovo (O Bispo), editado pela Rosenberg & Sellier Editora. O cardeal Martini, mestre da palavra, neste livro, delineia a figura pastoral do bispo sobre o pano de fundo dos grandes textos da tradição bíblica, que enfatizam a sua dedicação, amorosidade e o mandato que vem de Cristo.
Baseado na Regra Pastoral de Gregório Magno, o livro fala do bispo como mestre e guia de seu rebanho, sua relação com a Palavra e a sua ação santificadora. Quando o cardeal Martini era o arcebispo de Milão dizia frequentemente que sentia o ônus de ser um símbolo também para a cidade. Para ele, o bispo é um servidor da Palavra de Deus: deve ter o Evangelho dentro de si mesmo e, assim, ser um Evangelho vivo.
A autoridade na Igreja tem a forma testemunhal, porque coloca em contato vital a consciência com a Palavra. Como disse em um texto fulgurante, o terreno não existe sem a semente: “Terra e semente foram criados um para o outro. Não faz sentido pensar na semente sem uma relação própria com o terreno. E este último sem a semente é deserto inabitável. O homem, assim como nós o conhecemos, se cortar toda a sua relação com a Palavra, torna-se estepe árida, torre de Babel”.
A Igreja cresce como a semente que é lançada a terra. Na terra, a pequena semente passa por transformações, lança raízes que avançam em meio a terra, ao barro ao lixo, mas, é isto mesmo que a transforma num arbusto cheio de vida. Ela trabalha sozinha. Não pode ser importunada. A raiz tem que trabalhar continuamente. Ela não pode truncada. Da raiz mãe saem novas raízes. Assim nossa rede de comunidades de base.
Ao confiarmos a Arquidiocese de Porto Velho ao Dom Esmeraldo, lembramos seus 87 anos (Bula Inter Nostri, assinada pelo Papa Pio XI no dia 1º de maio de 1925) desde sua criação como Prelazia; a grande extensão geográfica e o numero reduzido de padres bem como, as dificuldades para formação de novos presbíteros. Ressaltamos os sinais de vitalidade religiosa: a participação generosa de leigos e religiosos e a formação permanente que os torna protagonistas e participantes ativos em todas as instancias pastorais; o espírito missionário das Comunidades Eclesiais de Base, Grupos de Reflexão centralizados na Palavra de Deus e no compromisso de transformação social, a Catequese para todas as idades e em todas as paróquias e comunidades, etc.. A Pastoral de Conjunto que nos torna uma Igreja em comunhão através do planejamento participativo e integração das pastorais, atuando com os mesmos objetivos e prioridades numa ação evangelizadora libertadora e encarnada na realidade amazônica.
De outro lado, há os desafios pastorais como a explosão demográfica de Rondônia e consequentemente da Arquidiocese que detém 50% da população do Estado e dos problemas decorrentes.
Apesar do avanço do Pentecostalismo, a Igreja Católica nunca foi numericamente tão grande como hoje: o número de católicos que conhecem a proposta da Igreja (Pastorais, Comunidades Eclesiais de Base-CEBs, Movimentos, Organismos, Serviços, Ministérios, Cursos, Formação paroquial, etc.), cresceu enormemente; os que participam do Culto Semanal (Missa ou Celebração da Palavra) também teve enorme crescimento; a coerência para a proposta da Igreja é evidente, inclusive no campo social e político.
Nosso Plano de Pastoral aprovado em Assembleia está em sintonia com as Diretrizes da CNBB e com as situações concretas locais. Anualmente é avaliado em Assembleia que também questiona a realidade que nos interpela, assumindo prioridades que exigem ações evangelizadoras firmes e corajosas. A avaliação contínua, seja na paróquia com sua rede de comunidades, seja em Assembleia ou nos Conselhos Pastorais ajudam a Igreja local a assumir um caminho metodológico mais vital e renovador, que atinge e configura toda a vida eclesial. Nosso Plano de Pastoral com suas Diretrizes têm contribuído para que o processo evangelizador promova a comunhão e a participação, sendo desenvolvido de modo sempre aberto, uma vez que se trata de uma ação de homens e mulheres que se encontram marcados pelo tempo que se chama hoje, mas aberto a qualificar este já com o futuro de Deus.
Com Dom Esmeraldo, continuaremos a caminhada eclesial, levando em consideração os desafios próprios da Amazônia: formação do clero autóctone para que assumam o significado mais profundo da missionariedade na Igreja Local, comprometida com as raízes culturais da Amazônia e com as lutas sociais do povo. Formação missionária para todos os designados especificamente para as Igrejas da Amazônia, com o mínimo de enculturação. Presença pastoral nas populações mais frágeis e ameaçadas pelo desenvolvimento predatório, apoiando-as em seus esforços para conseguir equitativa distribuição da terra, da água e dos espaços urbanos. Projetos alternativos que respeitam o desenvolvimento sustentável, o meio ambiente e as populações locais. Pastoral Urbana e os vários tipos de presença: universidades, escolas, ambientes juvenis, mundo do trabalho, do lazer e os meios de comunicação social. Formação da consciência ecológica, cidadã e política de nossos agentes, para serem testemunhas dos valores éticos e cristãos nas estruturas sociais e políticas.
Ao Dom Esmeraldo, votos de um profícuo trabalho e de êxito em sua missão pastoral. Esta porção do Povo de Deus, formada por uma grande rede de Comunidades Eclesiais ribeirinhas, rurais, urbanas, guiada pelo seu báculo pastoral, deseja cumprir plenamente sua missão em comunhão com o Sucessor do Apóstolo Pedro e viver a vida cristã, que é fundamentalmente vida em Cristo pelo dom do Espírito, fruto da Páscoa.
Possamos, nesta Quaresma, como discípulos missionários que somos, vivenciar a cada dia a espiritualidade pascal, no seguimento de Jesus, alimentando-nos de uma verdadeira paixão por Ele, em verdadeira comunhão.
Fonte: Arquidiocese
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