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Gente de Opinião

Dom Moacyr

'A paz (shalom) esteja com vocês!'


 

Celebramos hoje o Espírito Santo e a Igreja, que nasce no Dia de Pentecostes. Essa festa toda missionária abre nossos olhos para o mundo inteiro (J.Paulo II). Nesta Solenidade de Pentecostes saudamos as famílias e as comunidades que se fazem presentes em caravana no Campo da 17ª. Brigada, manifestando publicamente sua fé.
 
Jesus se apresenta no meio da comunidade (ele é o centro e a razão de ser da comunidade) e saúda os discípulos com a saudação da plenitude dos bens messiânicos: “A paz (shalom) esteja com vocês!”(Jo 20,20) É a mesma saudação de quando Jesus se despediu . Por sua morte e ressurreição, ele se tornou o vencedor do mundo e da morte. E por isso pode comunicar a paz, a plenitude dos bens. É, portanto, a saudação do vencedor que ainda traz em si os sinais da vitória nas mãos e no lado. É a saudação do Cordeiro, do qual a comunidade vai alimentar-se.

Jesus, presente nessa comunidade, transforma totalmente a situação, capacitando-os a serem os anunciadores da vitória de Jesus sobre os mecanismos de morte. A reação da comunidade é a alegria que ninguém, de agora em diante, poderá suprimir. Fortificada pela presença de Jesus, a comunidade está pronta para a mesma missão que ele recebeu: “Como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês”. Quem vai garantir a missão da comunidade será o Espírito Santo (VP).
  
Dom e obra do Espírito Santo (DAp 311), “as Comunidades Eclesiais de Base permitem ao povo chegar a um conhecimento maior da Palavra de Deus, ao compromisso social em nome do Evangelho, ao surgimento de novos serviços leigos e à educação da fé dos adultos” (DAp 178).
   
Na comunidade cristã, cada pessoa é um dom do Espírito para formar a comum-unidade. Ninguém possui plenamente o Espírito, e ninguém está privado dele. Na união de todos é que se forma o corpo de Cristo, o templo do Espírito Santo. Ainda hoje o Espírito alimenta na Igreja gestos pequenos e grandes de perdão e de profecia, dá vida a carismas e dons sempre novos, que atestam a sua ação incessante no coração dos homens (DAp 311/178). O Encontro nacional do 12º. Intereclesial das CEBs, num clima de Pentecostes, com orações e testemunhos, cantos, trabalhos de grupos e comunidades em comunhão, ajudará a tornar visível a fecundidade do Espírito na Igreja.

“Todos aqueles que são movidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus” (Rom 8, 14). Através destas palavras do apóstolo Paulo, podemos compreender como afirma o papa João Paulo II, a ação admirável do Espírito em nossa vida de cristãos. Elas nos abrem a estrada para chegarmos ao coração de cada pessoa: o Espírito Santo, que a Igreja invoca para que dê “luz aos sentidos”, visita o homem no íntimo e toca diretamente a profundidade do seu ser. Continua o Apóstolo: “Se o Espírito habita em vós, não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito”.. “Aqueles que são movidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus” (Rm 8, 9.14). Contemplando, depois, a ação misteriosa do Paráclito, acrescenta: “Vós não recebestes um espírito de escravidão.., recebestes, pelo contrário, um espírito de adoção, pelo qual clamamos: "Abba, Pai!". “O próprio Espírito atesta, em união com o nosso espírito, que somos filhos de Deus” (Rm 8, 15-16). Eis-nos no centro do mistério! É no encontro entre o Espírito Santo e o nosso espírito que se situa o coração mesmo da experiência vivida pelos Apóstolos no Pentecostes. Esta experiência extraordinária está presente na Igreja, nascida daquele evento, e acompanha-a no decurso dos séculos.
    
Nossas Comunidades ribeirinhas e urbanas, indígenas, migrantes e rurais quanto caminharam nos últimos anos! "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas" (Ap 2,7.11.17.29; 3,6.13.22) às pequeninas e vivas Comunidades Eclesiais de Base de todos os recantos de nossa Arquidiocese. No Espírito Santo, a Igreja Povo de Deus é enviada para articular universalmente os povos numa grande “rede” (Jo 21,11) de solidariedade. Segundo Paulo Suess, que vai estar conosco no 12º. Intereclesial, do envio nascem comunidades pascais que testemunham a ressurreição e contextualizam a utopia do primeiro dia da nova criação e das comunidades nasce o envio.
  
O papa Paulo VI ao falar das CEBs na Evangelii Nuntiandi, diz que elas nascem da necessidade de viver mais intensamente ainda a vida da Igreja; ou então do desejo e da busca de uma dimensão mais humana do que aquela que as comunidades eclesiais mais amplas dificilmente se poderão revestir, sobretudo nas grandes metrópoles urbanas contemporâneas, onde é mais favorecida a vida de massa e o anonimato, ao mesmo tempo. Elas poderão muito simplesmente prolongar, a seu modo, no plano espiritual e religioso, o culto, o aprofundamento da fé, a caridade fraterna, a oração, a comunhão com os Pastores (...). Ou então elas intentarão congregar, para ouvir e meditar a Palavra, para os sacramentos e para o vínculo da caridade, alguns grupos que a idade, a cultura, o estado civil ou a situação social tornam mais ou menos homogêneos (...); ou ainda, pessoas que a vida faz encontrarem-se já reunidas nas lutas pela justiça, pela ajuda aos irmãos pobres, pela promoção humana." (EN 58)
   
Mais adiante, o Papa Paulo VI atesta às CEBs sua "vocação mais fundamental" que, "de ouvintes do Evangelho que lhes é anunciado e de destinatárias privilegiadas da evangelização, (elas) próprias se tornarão sem tardança anunciadoras do Evangelho" (EN 58), explicitando assim sua dimensão missionária, que devia ultrapassar as fronteiras latino-americanas(D.E.Kräutler).
  
Em Christifideles Laici, as Comunidades Eclesiais de Base são relacionadas com a Paróquia: "as pequenas comunidades eclesiais de base, também chamadas comunidades vivas, onde os fiéis possam comunicar entre si a Palavra de Deus e exprimir-se no serviço e no amor; estas comunidades são autênticas expressões da comunhão eclesial e centros de evangelização, em comunhão com os seus Pastores." (ChL 26)
  
A Encíclica Redemptoris Missio fortalece a vocação missionária das comunidades:"Um fenômeno, com crescimento rápido nas jovens Igrejas, promovido pelos bispos ou mesmo pelas Conferências episcopais, por vezes como opção prioritária da pastoral, são as comunidades eclesiais de base (conhecidas também por outros nomes), que estão a dar boas provas como centros de formação cristã e de irradiação missionária. Trata-se de grupos de cristãos, em nível familiar ou de ambientes restritos, que se encontram para a oração, a leitura da Sagrada Escritura, a catequese, para a partilha dos problemas humanos e eclesiais, em vista de um compromisso comum. Elas são um sinal da vitalidade da Igreja, instrumento de formação e evangelização, um ponto de partida válido para uma nova sociedade, fundada na civilização do amor". "Uma vez que a Igreja é comunhão, as novas comunidades de base, se verdadeiramente vivem em unidade com a Igreja, representam uma verdadeira expressão de comunhão e um meio eficaz para construir uma comunhão ainda mais profunda. Por isso são um motivo de grande esperança para a vida da Igreja." (RM 51).
  
Estamos celebrando hoje a Solenidade de Pentecostes! É o Espírito Santo quem conduz a Igreja, quem nos leva à vida de verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, quem nos impulsiona para a missão e nos ajuda a viver em comunhão com a Trindade Santíssima! Sejamos comunidades missionárias; protagonistas e anunciadores do Reino de Deus. Vinde Santo Espírito! Com Maria, santuário do Espírito Santo, morada de Cristo entre nós, continuemos a repetir em cada canto da terra com imutável ardor, que o Espírito venha e, conscientes de nossa missão, saiamos pelas estradas do mundo, com a tarefa sempre nova de dar testemunho do mistério do Espírito e ser testemunhas incansáveis do Evangelho.

Fonte: Pastoral da Comunicação

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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