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Gente de Opinião

Dom Moacyr

Ano catequético e maturidade cristã


 

Encerrando o mes de agosto, celebramos hoje o Dia dos Catequistas, cujo ministério eclesial é exercido junto à comunidade e por ela abençoado. 

O/a catequista é um mediador que ajuda as pessoas no processo da iniciacao crista a acolher, com todo o seu ser, a gradual e progressiva revelação do Deus amor e de seu Projeto salvífico. Ele os encaminha para que cada um realize seu encontro pessoal com o Senhor, mediante Jesus Cristo, o Filho de Deus ressuscitado, que nos leva, com o Espírito Santo, à comunhão com o Pai. É essencial que as pessoas neste processo, também, sejam aos poucos inseridas na comunidade eclesial e se engajem na construção do Reino de Deus. 

Como afirma o documento Catequese Renovada (144-146), o catequista recebe delegação da Igreja, isto é, do Bispo e da comunidade e, portanto, age e fala em nome da Igreja. É fundamental que ele vivencie seu ministério catequético como uma vocação e missão privilegiadas. Sem dúvida trata-se de um dom Deus, mas que precisa ser bem acolhido e cultivado com a ajuda de todos os meios possíveis que subsidiem o seu crescimento na fé, na esperança, no amor, na competência em conteúdos, pedagogia e especialmente em espiritualidade. 

A Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal exige uma nova formação dos catequistas e dos agentes de pastoral, caso contrário não acontecerá a almejada renovação da catequese e da Igreja. Os tradicionais cursos em estilo muito acadêmico, que não perdem seu valor, já não atendem mais a esta nova formação que deve se ajustar ao estilo próprio do atual processo catequetico. Não se trata de formar um professor de religião, ao estilo escolar, mas de uma pessoa investida com uma graça especial para colaborar na educação da fé, o que implica vivência profunda da adesão a Jesus Cristo, à sua Igreja e à Missão e, também, um processo pedagógico original, por lidar com pessoas que estão no caminho específico da explicitação e maturação da fé. 

A missão do catequista é ampla e exigente, pois dele se requer alta competência no conhecimento da fé e dos conteúdos centrais contidos nas Sagradas Escrituras, na pessoa, mensagem e missão de Jesus Cristo, no ensinamento da Igreja. Exige-se também dele intensa vida espiritual, participação na comunidade eclesial, preparo básico em psicologia e comunicação e nos processos pedagógicos apropriados para a educação da fé e, ainda, uma ampla cultura geral e compromisso com a transformação evangélica da sociedade. 

Concluindo o Ano Catequético nossos catequistas se preparam para a 3ª Semana Brasileira de Catequese (6 e 11 de outubro, em Itaici/SP),que visa dar impulso à catequese como serviço eclesial e como caminho para o discipulado. 

“Iniciação à vida cristã” é o tema da 3ª Semana Brasileira de Catequese que hoje em dia significa resgatar a origem de nosso ser cristão, daquilo que nos constitui como membros do corpo de Cristo e portadores de uma vida nova, num mundo tão conturbado quanto o que vivemos hoje atravessando uma mudança de época. 

“Iniciação à vida cristã” foi tema prioritário da ultima (47ª) Assembleia Geral dos Bispos neste ano, situado como um desdobramento do documento Diretório Nacional de Catequese (DNC 35-38; 45-50) e também uma resposta à interpelação de Aparecida: “[A iniciação cristã é] um desafio que devemos encarar com decisão, com coragem e criatividade, visto que em muitas partes a iniciação cristã tem sido pobre e fragmentada. Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para seu seguimento, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (DAp 287). 

No decorrer dos séculos, porém, a Iniciação foi se limitando à preparação aos Sacramentos da Iniciação Cristã (Batismo, Eucaristia, Confirmação). Às vezes tal preparação foi reduzida a uma síntese doutrinal, enfeixada no tradicional estilo de catecismo, pressupondo a vivência cristã na família e na sociedade, marcadas, então, pelo cristianismo. Mas o mundo mudou e surgiu um amplo pluralismo, também, religioso. Esta situação dá margem a um crescente número de jovens e adultos que não foram batizados, para os quais, quando se interessam por ser cristãos, se recomenda o processo de Iniciação à Vida Cristã. Por outro lado, apesar dos grandes esforços da Igreja, particularmente através da catequese, grande número de batizados, não chegam a completar a própria iniciação à vida cristã, gerando uma multidão de batizados não evangelizados. Retomando o tema da iniciação, não se trata de querer manter a tradicional preparação aos sacramentos, com apenas um novo rótulo, sem nada mudar. Há também a realidade do grande número de batizados e fiéis na Igreja Católica, para os quais viver a fé nesse mundo em mudança torna-se um constante desafio. Estes fiéis sentem a urgência de um processo complementar de Iniciação, pois se vêem sem o apoio da família e da sociedade cristã, e sem condições de darem para si e para os outros as razões de sua fé, esperança e amor. 

Trata-se, portanto de um processo catequético de formação adotado pela Igreja para a iniciação cristã, assumido em todo o Continente como a maneira ordinária e indispensável de introdução na vida cristã e como a catequese básica e fundamental. Depois, virá a catequese permanente que continua o processo de amadurecimento da fé, na qual se deve incorporar um discernimento vocacional e a iluminação para projetos pessoais de vida. Nosso compromisso deve ser o de retomar a grande prática da iniciação cristã como processo profundo de mergulho na vida crista, processo que implica muitos agentes de pastoral; dentro desse processo a catequese não realiza apenas mudanças metodológicas, mas reveste-se de um verdadeiro novo paradigma (DAp 294). 

Pe. Luiz Alves de Lima ao falar de Iniciação Crista (Doc.Estudos da CNBB) também reforça que antes de tudo, é necessário considerar esse tema dentro do grande quadro de uma Igreja Missionária ou “em estado de missão”, que hoje tanto almejamos. 

Falando de Iniciação à Vida Cristã, estamos falando da missão, da formação de discípulos missionários, estamos dando resposta aos grandes apelos da Igreja principalmente nestas últimas décadas. Esse tema está profundamente relacionado com a questão do Primeiro Anúncio e está também relacionado com tudo aquilo que diz respeito a uma maior compreensão da Palavra de Deus, a leitura orante da Bíblia, o tema do Sínodo de 2008. Como iniciar na fé a não mediante as Sagradas Escrituras?
Grandes temas que vivemos em nossa vida eclesial recente, fazem-se presentes na Iniciação à Vida Cristã, como a dimensão comunitária de nossa fé (pois iniciação cristã só se faz em comunidade e para a comunidade eclesial), a interação entre fé e vida, tão presente em nossa tradição catequética recente, o testemunho do Evangelho no dia a dia, a dimensão sócio-transformadora, a opção evangélica pelos pobres. Catequese de inspiração catecumenal significa uma catequese mais aderente à Palavra de Deus, mais orante, mais celebrativa, que, sem deixar a linguagem racional e doutrinal, usa também e, sobretudo a linguagem simbólica, em seus vários níveis. Conseqüentemente, a Iniciação à Vida Cristã bem conduzida, irá mexer com toda a estrutura paroquial e até diocesana! O processo traz benefícios para toda a comunidade! Deus nos fala pelos acontecimentos e pelos sinais dos tempos; levar a sério, apesar das dificuldades, a Iniciação à Vida Cristã é para nós um apelo do Espírito Santo. 

Fonte: Pascom

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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