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Dom Moacyr

Arquidiocese de Porto Velho aguarda sucessor de Dom Moacyr Grechi


Nos próximos dias, a Igreja, através da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, publicará a aceitação por parte do Sumo Pontífice, papa Bento XVI, de minha renúncia do ofício de arcebispo; solicitação expressa, por ocasião da comemoração dos 75 anos de idade, no dia 19 de janeiro deste ano (Cân. 401,§1).

Para meu sucessor, cuja nomeação também será conhecida na mesma data, peço a oração de todos os padres, religiosos e fiéis das comunidades eclesiais, pelo êxito de sua missão como Arcebispo de Porto Velho.

A Exortação Apostólica, denominada Pastores Gregis (Pastores do Rebanho), que atualiza as diretrizes para o ministério pastoral dos Bispos, é um instrumento fundamentalmente pastoral e prático que, com indicações e orientações concretas, pretende ajudar os Bispos no desempenho do seu não fácil ministério. Os primeiros capítulos recorda a identidade e a missão do Bispo de acordo com a eclesiologia e a cristologia do Concílio Vaticano II, assim como, a solicitude que cada Bispo deve ter pela Igreja:

“Pastores do rebanho, os Bispos sabem que podem contar com uma graça divina especial no cumprimento do seu ministério. No Pontifical Romano, durante a solene Oração de Ordenação, o Bispo ordenante principal, depois de ter invocado a efusão do Espírito que rege e guia, diz estas palavras referidas já no antigo texto da Tradição Apostólica: “Pai santo, que conheceis os corações, dai a este vosso servo, por Vós eleito para o Episcopado, que apascente o vosso povo santo, exerça de modo irrepreensível diante de Vós o sumo sacerdócio”. Deste modo, continua a ter cumprimento a vontade do Senhor Jesus, o Pastor eterno que enviou os Apóstolos, como Ele mesmo tinha sido enviado pelo Pai (Jo 20,21), e quis que os sucessores deles, os Bispos, fossem pastores na sua Igreja até ao fim dos tempos”(PG 1).

Ao tratar da configuração de uma Igreja Local (diocese ou arquidiocese), o Decreto Conciliar Christus Dominus (CD 11) afirma ser a Igreja Local constituída pelos seguintes elementos: congregada pelo Pai através de Jesus Cristo na força do Espírito Santo, mediante a proclamação do Evangelho acolhida na fé e celebrada na Eucaristia, é ela presidida pelo bispo, estando situada num determinado território e em comunhão com a Igreja Universal. Podemos caracterizar estes componentes da Igreja Local como seus elementos teológicos. Porém a própria história da Igreja nos demonstra que, embora conservando suas características essenciais, a Igreja apresenta no decurso dos séculos configurações diversas de sua própria realidade. Igreja das catacumbas, da era patrística, da época medieval, do tempo do renascimento, do contexto da modernidade, para citar apenas algumas configurações históricas da Igreja Católica.

Este fato se explica, segundo Pe. Mario de França Miranda, não só pela necessidade de a Igreja fazer-se entender em sua proclamação do Evangelho por toda uma geração. Também os fiéis ao acolherem a mensagem salvífica na fé o fazem a partir de sua própria cultura, de seu próprio contexto existencial e social. Mais ainda. Se a cultura expressa a vida concreta de um grupo social, sua linguagem e suas práticas cotidianas, então a fé cristã só poderá ser uma realidade para homens e mulheres de uma época ou de um território se assumir e transformar esta mesma vida concreta com seus desafios, luzes e sombras. O dinamismo da inculturação não se limita à expressão e à celebração da fé cristã, mas atinge a própria dimensão institucional da Igreja como reconhece o Concílio Vaticano II (GS 44). Deste modo teremos configurações específicas de Igrejas Locais com suas tradições próprias (AG 22), pois só assim poderão se enraizar profundamente num povo (AG 15).

As configurações diversas das Igrejas Locais não significam uma ameaça à Igreja Universal, e sim um maior enriquecimento da mesma. Pois a comunhão de todas as Igrejas Locais, devido ao fato de estar nelas presente a Igreja de Cristo (CD 11), é que constitui a Igreja Universal que só existe nelas e por elas (LG 23). Além disso, pelo fato de serem, todas elas, Igreja de Cristo em sentido pleno, estão elas em comunhão com as demais Igrejas Locais, no tempo e no espaço (AG 38). Com outras palavras, a catolicidade e a unidade da Igreja abrangem e incorporam, enriquecendo-se, a diversidade das Igrejas Locais.

É nesta Igreja de Cristo que os bispos, constituídos pelo Espírito Santo, sucedem aos apóstolos como Pastores das almas,e, juntamente com o Sumo Pontífice e sob a sua autoridade, foram enviados a perpetuar a obra de Cristo, Pastor eterno. Na verdade, Cristo deu aos apóstolos e aos sucessores deles o mandato e o poder de ensinar todas as gentes, de santificar os homens na verdade e de os apascentar. Por isso os bispos foram constituídos, pelo Espírito Santo que lhes foi dado, mestres e pastores, participam da solicitude por todas as Igrejas, exercem este seu múnus, recebido pela sagração episcopal, em união e sob a autoridade do Sumo Pontífice, naquilo que se refere ao magistério e ao governo pastoral: todos unidos num Colégio ou corpo no que diz respeito à Igreja universal de Deus. Individualmente exercem-no quanto à porção do rebanho do Senhor a cada um assinalada, ao cuidarem das Igrejas particulares a que presidem, ou algumas vezes ao proverem, vários reunidos, às necessidades comuns a mais de uma Igreja (CD 2-3).

É tarefa de cada Bispo anunciar ao mundo a esperança, partindo da pregação do Evangelho de Jesus Cristo: “não só a esperança no que diz respeito às coisas penúltimas, mas também e sobretudo a esperança escatológica, que aguarda o tesouro da glória de Deus (Ef 1,18), que supera tudo quanto tenha já saboreado o coração do homem (1Cor 2,9) e que não tem comparação com os sofrimentos do tempo presente (Rom 8,18)”. A perspectiva da esperança teologal, juntamente com as da fé e da caridade, deve modelar inteiramente o ministério pastoral do Bispo.

Compete-lhe, de modo particular, a tarefa de ser profeta, testemunha e servo da esperança; tem o dever de infundir confiança e proclamar perante quem quer que seja as razões da esperança cristã (1 Ped 3,15). O Bispo é profeta, testemunha e servo desta esperança, sobretudo nas situações onde maior é a pressão de uma cultura que marginaliza qualquer abertura à transcendência. Onde falta a esperança, também a fé é posta em questão; e o amor enfraquece, quando começa a exaurir-se aquela virtude. Com efeito, a esperança, especialmente em tempos de crescente incredulidade e indiferença, é firme apoio para a fé e incentivo eficaz para a caridade. Extrai a sua força da certeza da vontade salvífica universal de Deus (1Tim 2,3) e da presença constante do Senhor Jesus, o Emanuel, que está sempre conosco até ao fim do mundo (Mt 28, 20).

Somente com a luz e a consolação que provêm do Evangelho é que um Bispo consegue manter viva a própria esperança (Rom 15,4) e alimentá-la em todos os que estão confiados à sua solicitude de pastor.

Fonte: Pascom
 

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