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Dom Moacyr

Caminhar na estrada da fé! - Por Dom Moacyr Grechi


 
Celebramos hoje a nossa identidade de cristãos, de seguidores de Cristo, de evangelizadores que “anunciam a verdade do Evangelho com audácia, em voz alta e em todo o tempo e lugar”.

A festa do Batismo de Jesus significa “caminhar na estrada da fé e dar testemunho da fé”. A fé é acreditar naquilo que é a verdade: o Pai que enviou o Filho e o Espírito que nos vivifica.

Papa Francisco pede aos pais que ensinem a fé aos filhos com o exemplo; exorta a “custodiarem a fé das crianças e a fazê-la crescer, para que se torne um testemunho para os outros”.

Cada criança que nasce é um dom de alegria e de esperança, e cada criança que é batizada constitui um prodígio da fé e uma festa para a família de Deus.

Vocês pediram para vossas crianças a fé que é dada no Batismo porque a fé deve ser vivida. Fé também é confiar-se a Deus e isto vocês devem ensinar a eles com vosso exemplo, vossa vida. A fé é luz! Nos primeiros tempos do cristianismo, o Batismo era chamado de “iluminação, porque a fé ilumina o coração, faz ver as coisas com outra luz”.

Recordemos o dia de nosso Batismo, pois é uma data a ser festejada: é a data de nosso renascimento como filhos de Deus. Festejar este dia “significa reafirmar a nossa adesão a Jesus, com o compromisso do viver cristão, membros da Igreja e de uma nova humanidade, na qual todos somos irmãos”.

Protejamos a fé das crianças, pois “a maior herança que vocês poderão dar às vossas crianças é a fé”. Cuidem para que não seja perdida, de fazê-la crescer e deixá-la como herança.

     No Credo, através do qual em cada domingo fazemos a nossa profissão de fé, afirmamos: “Professo um só batismo para o perdão dos pecados”. Trata-se da única referência explícita a um Sacramento no interior do Credo. Efetivamente o Batismo é a porta da fé e da vida cristã.

     A porta da fé e da vida cristã é o Batismo e este é o único Sacramento referido no Credo. O Papa Francisco apontou três elementos fundamentais: Professo; um só batismo; e remissão dos pecados.

O primeiro elemento é “professo”. Quando no Credo dizemos que “professo um só Batismo para a remissão dos pecados”, afirmamos que este sacramento é, em certo sentido, o bilhete de identidade do cristão: um novo nascimento, o ponto de partida de um caminho de conversão, que se estende por toda a vida.

O segundo elemento: um só batismo: esta expressão recorda-nos aquela de São Paulo: Um só Senhor, uma só fé, um só batismo. A palavra batismo significa literalmente ‘imersão’ e, com efeito, este sacramento constitui uma verdadeira imersão espiritual na morte de Cristo, da qual se ressuscita com Ele como novas criaturas.”

     Este novo nascimento se dá através de uma verdadeira imersão espiritual na morte de Cristo, pois, batismo significa imersão, para que possamos ressuscitar com Ele para uma vida nova.

O 3º e último elemento: “a remissão dos pecados”: no sacramento do Batismo são remidos todos os pecados, o pecado original e todos os pecados pessoais, como também todas as penas do pecado. Assim, o Batismo representa uma poderosa intervenção da misericórdia divina na nossa vida, que nos garante o perdão de todos os pecados: do pecado original e de todos os pecados pessoais.

     Na liturgia deste domingo, o Pai apresenta Jesus como seu Filho amado e João Batista apresenta Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29-34).

     João Batista pode ser considerado como o exemplo do progresso na fé e no conhecimento Cristo: ele não o conhecia, depois vê nele o Messias, Servo Sofredor; em seguida, como o ungido do Senhor, sobre o qual viu o Espírito Santo descer e permanecer; por fim, dá o seu maior testemunho de fé: “Este é o Filho de Deus”.

É cordeiro de Deus que, pela sua morte, dá o perdão dos pecados. E pelo Espírito Santo dá ao cristão a força para não mais pecar. O cristão, por sua vez, com a força de Cristo, tem a missão de tirar o pecado de seu coração, do coração de sua família e da sociedade humana pecadora e vítima do pecado. O perdão dos pecados nos traz a reconciliação e a paz, frutos da ressurreição do Senhor (L.Garmus).

O profeta Isaías fortalece a esperança do povo e fala da missão de Israel que tem um alcance universal: ser luz das nações e levar a salvação até os confins da terra (Is 49,3.5-6).

Paulo se apresenta como apóstolo de Jesus Cristo, chamado por Deus para a missão de pregar o Evangelho. Lembra aos cristãos de Corinto que eles foram santificados em Cristo Jesus e chamados a serem santos, como outros cristãos de outras “Igrejas de Deus”. Pela fé, todos estão unidos a Cristo porque nele foram santificados e, como Cristo, chamados a ser santos. Todos são membros do mesmo corpo de Cristo (1Cor 1,1-3).

     Em sua catequese sobre os Sacramentos, papa Francisco ao falar sobre o batismo refletiu que este é o sacramento sobre o qual se fundamenta a nossa própria fé e que nos insere como membros vivos em Cristo e na sua Igreja. É um ato que diz profundamente respeito à nossa existência.

     Nós, com o Batismo, somos imersos naquela fonte inesgotável de vida que é a morte de Jesus, o maior ato de amor de toda a história; e graças a este amor podemos viver uma vida nova, já não à mercê do mal, do pecado e da morte, mas na comunhão com Deus e com os irmãos.

Somos chamados a viver o nosso Batismo todos os dias, como realidade atual na nossa existência. Se seguimos Jesus e permanecemos na Igreja, mesmo com os nossos limites, com as nossa fragilidades e os nossos pecados, é precisamente graças ao Sacramento no qual nos tornamos novas criaturas e fomos revestidos de Cristo.

É graças ao Batismo que somos capazes de perdoar e amar também quem nos ofende e nos faz mal; que conseguimos reconhecer nos últimos e nos pobres o rosto do Senhor que nos visita e se faz próximo. O Batismo ajuda-nos a reconhecer no rosto dos necessitados, dos sofredores, também do nosso próximo, a face de Jesus. O Batismo é um dom que é concedido num contexto de solicitude e de partilha fraterna.

Ao longo da história sempre um batiza outro, outro, outro... é uma corrente. Uma corrente de Graça. Mas, eu não me posso batizar sozinho: devo pedir o Batismo a outra pessoa. É um ato de fraternidade, um ato de filiação à Igreja. Na celebração do Batismo podemos reconhecer os traços mais característicos da Igreja, a qual como uma mãe continua a gerar novos filhos em Cristo, na fecundidade do Espírito Santo (papa Francisco).

     Todo sacramento é celebrado em vista da formação de uma comunidade de fé, justa e profética. Na invocação trinitária da fórmula batismal, os cristãos são inseridos não somente em uma comunidade formada de seres humanos imperfeitos, mas na comunhão mesma de Deus uno e trino (VP).

A vida de uma comunidade mede-se pelo serviço que ela presta aos demais, gratuitamente. O batizado é um membro do seu corpo, é alguém incorporado ao seu estilo de vida doada, é um vocacionado a permanecer, fiel e perseverantemente, unido a ele. A adesão a Jesus, própria do batismo, não é outra que ter parte com ele.

Um dos traços característicos do discipulado é o seguimento radical dos gestos proféticos do Senhor e Mestre Jesus Cristo (P.B.Guimarães).

Se os sacramentos são atos proféticos e eclesiais que reproduzem o que significam e significam o que produzem, e se o batismo é um ato de fé que justifica e unifica os cristãos como filhos de Deus e membros da Igreja, então ele é a fonte da teologia da vocação. Fonte de nossa identidade cristã.

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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