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Dom Moacyr

Caminho para a justiça e inclusão!


 
Reunidos em Aparecida (SP), na 54ª Assembleia Geral da CNBB (06-15/04), comungamos as angustias e esperanças de nosso povo, buscando “caminhos para superar as situações de injustiça que padecem os excluídos” e respostas aos desafios postos à Igreja pela grave crise institucional de nosso país, num esforço conjunto de colaborar efetivamente para a construção de uma nova ordem social mais justa e ética.

O manifesto “Na busca da Justiça e da Paz” do dia 04 de abril, assinado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Associação dos Magistrados Brasileiros, Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho e pela Associação dos Juízes Federais do Brasil, afirma ser “necessário que as entidades da sociedade civil se unam pela superação da intolerância e pela busca de soluções que priorizem o compromisso com o interesse comum do país” e formula veemente apelo fraterno à sociedade brasileira e suas instituições, para que se engajem na incansável busca pela Justiça e pela Paz

As palavras de papa Francisco no 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares em Santa Cruz de la Sierra Bolivia( 09/07/2015) reforçam a certeza de que Deus escuta o clamor do seu povo e que vale a pena lutar pelos direitos, principalmente pelo direito à terra, moradia e trabalho para todos. Certeza de ninguém está só na luta contra as injustiças, pois, “há um elo invisível que une cada uma das exclusões” que faz buscar “uma mudança de estruturas” fazendo nascer “a globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, substituindo esta globalização da exclusão e da indiferença”.

A liturgia de hoje está centrada na missão que nós é confiada de participar da libertação de homens e mulheres prisioneiros das forças do mal, e como verdadeiros seguidores de Cristo, a amar Deus através daqueles que nos fazem sofrer (Jo 21,1-19). “Cuida das minhas ovelhas” significa que só o Amor é necessário para seguir o Cristo e para realizar a missão que consiste em amar, guiar, acompanhar e servir os outros como Jesus o fez antes dele (R.Gravel).

Amados irmãos e irmãs, todos os dias o Senhor nos chama a segui-Lo corajosa e fielmente; fez-nos o grande dom de nos escolher como seus discípulos; convida-nos a anunciá-Lo jubilosamente como o Ressuscitado, mas pede-nos para o fazermos, no dia a dia, com a palavra e o testemunho da nossa vida. O Senhor é o único Deus da nossa vida e convida-nos a despojar-nos dos numerosos ídolos e a anunciar, testemunhar, adorar (papa Francisco).

É tempo, portanto, de dar testemunho de nossa fé, pois, não se pode anunciar o Evangelho de Jesus sem o testemunho concreto da vida. Quem nos ouve e vê, deve poder ler nas nossas ações aquilo que ouve da nossa boca, e dar glória a Deus! Isto me traz à mente um conselho que São Francisco de Assis dava aos seus irmãos: Pregai o Evangelho; caso seja necessário, mesmo com as palavras. Pregar com a vida: o testemunho. A incoerência dos fiéis e dos Pastores entre aquilo que dizem e o que fazem, entre a palavra e a maneira de viver mina a credibilidade da Igreja. O verdadeiro pastor é aquele que segue a Jesus, colocando-se a serviço da comunidade e sendo capaz de amá-la até o fim, dando por ela até a própria vida.

A comunidade cristã que age sem estar unida à pessoa e missão de Jesus continua nas trevas e não produz fruto, pois trabalha sem perceber a presença do ressuscitado e sem conhecer o modo correto de realizar a ação. No momento em que ela segue a palavra de Jesus, o fruto surge abundante. A missão termina sempre na Eucaristia, onde se realiza a comunhão com Jesus (BP).

A leitura dos Atos dos Apóstolos apresenta o testemunho dos Apóstolos, que se tornaram “dignos de sofrer pelo nome de Cristo (At 5,27b-32.40b-41). Na história da Igreja, Pedro aparece como líder e porta-voz (Konings). É ele que, diante do Sinédrio, em nome dos outros apóstolos, dirige ao sumo sacerdote a atrevida palavra, que parece ter sido um slogan dos primeiros cristãos: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens”.

Sobre este texto, o Núncio Apostólico, Dom Giovanni D’Aniello ao refletir sobre a autoridade e a misericórdia divina, destacou que Deus mostra a sua grandeza ao inclinar-se à condição do ser humano. Ele não é um Deus que governa somente pela autoridade que lhe é própria. Ele é um Pai que orienta, vigia, cuida e se move em direção à criatura amada para manifestar-lhe o seu amor e convidá-la a fazer parte do seu Reino.

O mundo de hoje continua a nos interrogar como fez aos primeiros discípulos do Senhor; continua a querer nos intimidar e até calar a voz da nossa consciência diante de tantas formas de maldade e abandono, de imoralidade e desrespeito à vida, é o nosso testemunho coerente de vida cristã e caridade verdadeira a única resposta diante de todos os questionamentos.

É a compreensão de que é preciso obedecer a Deus antes dos homens que nos garantirá a serenidade da fé, a paciência nas tribulações, a fortaleza diante das dificuldades. Deus é a resposta autêntica de quem tem fé. É a esperança que não se deixa calar, o sorriso que não se deixa vencer, o amor caridade qual sal da terra e luz do mundo para iluminar os corações e as mentes para temperar e purificar as nossas intenções.

Referindo-se aos apóstolos que saíram do sinédrio felizes por terem merecido ultrajes pelo nome de Jesus, papa Francisco garantiu que este é “outro sinal do testemunho cristão”. A fé nasce da escuta e se fortalece no anúncio. O testemunho sempre perde, porque sempre leva ao sofrimento, à perseguição.

O capítulo 5 de Apocalipse tem como tema central Jesus Cristo Redentor e vencedor, que traz em suas mãos os destinos da história (Ap 5,11-14). Apresenta o Cordeiro que guia o rebanho; solidário, vai conduzi-lo à vitória. Esta é a certeza: Deus caminha com seu povo!

A história é construída pelas gerações que se vão sucedendo no horizonte de povos que avançam individuando o próprio caminho e respeitando os valores que Deus colocou no coração. O povo quer ser artífice do seu próprio destino. Caminhar em paz para a justiça. O futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites; está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança (papa Francisco).

Concluindo a nossa reflexão, gostaria de propor a leitura da Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris laetitia (A alegria do amor), publicada na sexta feira, dia 8, que fala do amor, do matrimonio e da família. Contém os resultados de dois Sínodos sobre a família, convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015, juntamente com documentos e ensinamentos de seus predecessores e a sua catequese sobre a família:

Considerei oportuno redigir uma Exortação Apostólica pós-sinodal que recolha contribuições dos dois Sínodos recentes sobre a família, acrescentando outras considerações que possam orientar a reflexão, o diálogo ou a práxis pastoral, e simultaneamente ofereça coragem, estímulo e ajuda às famílias na sua doação e nas suas dificuldades.

Esta Exortação adquire um significado especial no contexto deste Ano Jubilar da Misericórdia, em primeiro lugar, porque a vejo como uma proposta para as famílias cristãs, que as estimule a apreciar os dons do matrimônio e da família e a manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência; em segundo lugar, porque se propõe encorajar todos a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar, onde esta não se realize perfeitamente ou não se desenrole em paz e alegria.

Considerarei a situação atual das famílias, lembrarei alguns elementos essenciais da doutrina da Igreja sobre o matrimônio e a família; destacarei alguns caminhos pastorais que nos levem a construir famílias sólidas e fecundas segundo o plano de Deus, e dedicarei um capítulo à educação dos filhos.

Depois, um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral perante situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor nos propõe e, finalmente, a espiritualidade familiar.

Espero que cada um, através da leitura, se sinta chamado a cuidar com amor da vida das famílias, porque elas “não são um problema, são, sobretudo, uma oportunidade” (AL 4-7).

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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