Neste Domingo de Cristo Rei, a Igreja celebra o último domingo do Tempo Comum, o Dia dos Cristãos Leigos e inicia a Campanha da Evangelização.
Todos os batizados são chamados a renovar seu compromisso batismal e sua pertença numa comunidade eclesial. A promover a vida, a justiça, o perdão e a paz, vivendo as bem-aventuranças de filhos de Deus. A refletir sobre sua identidade e missão de cristãos leigos: homens e mulheres que formam a imensa maioria do Povo de Deus e são a esperança da Igreja, irmãos e irmãs das comunidades de fé desta nossa Amazônia.
Com gratidão, parabenizamos os fiéis leigos que, em suas diversas formas de vida cristã, são sinal fecundo do Evangelho, anunciando Jesus Cristo como autênticos discípulos e missionários.
O Ano Litúrgico, que estamos concluindo hoje com a Solenidade de Cristo Rei do Universo, alfa e ômega, começo, fim e realização de toda humanidade, tem seu prosseguimento no próprio mistério de Cristo, que guiado pelo Espírito Santo, sempre fiel à vontade do Pai, nos revela o projeto de Deus e seu desígnio amoroso, mostrando-nos o caminho da justiça e libertação.
A Campanha da Evangelização começa hoje e termina no 3° domingo do Advento (16 de dezembro), tendo por objetivos a conscientização dos cristãos, unidos a Cristo pela graça do Batismo, para que participem da missão evangelizadora da Igreja e a motivação para que todos colaborem na missão da Igreja através do testemunho, de ações pastorais específicas, da garantia de recursos materiais; apoio às estruturas da Igreja e às ações evangelizadoras nas dioceses, Regionais da CNBB e na Igreja em âmbito nacional.
Portanto, com a Campanha para a Evangelização todos os fiéis são chamados a adquirir uma consciência cada vez maior da sua participação na obra evangelizadora da Igreja como exigência da graça batismal e viabilizar esta participação, seja nas atividades da obra evangelizadora da sua comunidade eclesial, seja pela oração ou pela sua oferta material que garante os recursos necessários para que a Igreja possa realizar projetos evangelizadores.
Advento é tempo de grande compromisso com o projeto de Deus. Olhando a realidade de nosso povo, constatamos que há um abismo entre o que o Senhor quer e a situação em que se encontra a maioria da nossa gente. Contudo, os anseios do povo coincidem profundamente com o plano divino: a paz que é fruto da justiça!
O povo quer dirigentes e governantes legítimos, dos quais possa cobrar seus direitos e justiça. A prática da justiça passa pela organização da comunidade, pela reivindicação dos direitos dos empobrecidos e marginalizados, pela mobilização de todos. É também tomada de consciência (VP). O que fazer quando nossas lideranças políticas e religiosas não merecem o nome de “Javé-nossa-justiça”?
O advento é tempo rico e significativo na vida e na espiritualidade de nossas comunidades cristãs como celebração do Verbo que se encarnou para nos salvar e se fez solidário com as alegrias, sofrimentos, pecados e esperanças da humanidade.
As comunidades e as famílias se preparam para a festa do Natal por meio de novenas, orações em grupo, meditação da Palavra de Deus e gestos de solidariedade e caridade para com os mais pobres, para acolher e vivenciar a Boa Nova da presença e manifestação do Filho de Deus, que veio trazer vida em abundância para todos.
Advento é tempo de esperança. Esperança de dias melhores e de mais justiça e paz, de mais liberdade e igualdade. Esta esperança foi o sonho do povo do Antigo Testamento. A chegada do Messias deveria trazer a realização desse sonho.
Os profetas denunciaram as injustiças e a escravidão e colocaram na vinda do Messias a esperança da libertação e da salvação para todos. Mas a vinda do Messias não resolveria os problemas do povo de forma mágica e milagrosa. Exigia empenho e compromisso de todos. Postulava a mudança de vida. Comportava a conversão do coração e a abertura para a partilha, a quebra do egoísmo e do individualismo; saída da autossuficiência. Supunha a penitência e a oração.
A preparação do povo para a chegada do Messias foi o compromisso de profetas e das lideranças, por meio da pregação, do exemplo de vida e de gestos de despojamento. O nascimento de Jesus Cristo é celebrado todos os dias pelos cristãos. No advento, a cuidadosa preparação e as celebrações ajudam a reviver a Palavra dos profetas, a entrar na atitude e na proposta de João Batista e a acolher, no silêncio e na oração, o Sim de Maria, mãe de Jesus.
Advento é tempo de evangelização nas comunidades. Cultiva‐se a chegada do
Messias, Filho de Deus, em seu projeto de vida nova, liberdade, partilha e fraternidade.
Evangelizar é levar as pessoas a responder de forma positiva à proposta de Cristo e a assumir como próprios, os valores do Evangelho. Esta é a missão permanente da Igreja, Corpo Místico de Cristo, como continuadora da sua missão através dos séculos.
Jesus Cristo é o Bom Pastor que cuida do rebanho e dá a vida por suas ovelhas (Jo 10,1‐21). Ele afirmou que haverá um só rebanho e um só pastor e, para isso, é necessário ir atrás das outras ovelhas que não são do seu redil. Por isso, é importante que apresentemos a todas as pessoas, de forma convincente, a pessoa de Jesus e a mensagem do Reino de Deus.
A festa do Natal é para nós uma grande oportunidade para o encontro pessoal com Jesus, e esse encontro deve produzir profundas mudanças em nós. Ver Jesus é uma experiência única, que não pode diminuir ou perder o seu significado nem ser minimizada nos seus frutos.
A Sagrada Escritura está repleta de exemplos de pessoas que se encontraram com Jesus e tornaram-se suas testemunhas. Como exemplo, podemos citar João Batista que viu e deu testemunho que Jesus é o Filho de Deus (Jo 1, 15-19.34). Os apóstolos fizeram a experiência da vida com Jesus e se tornaram suas testemunhas (Lc 24,45-48). Os discípulos de Emaús fazem a experiência do encontro com Jesus ao partir o pão e, imediatamente, voltam a Jerusalém para relatar o acontecido (Lc 24, 13-24). Até mesmo o Centurião, que era pagão, ao encontrar-se com Jesus no alto da cruz e ver a sua morte, testemunha que ele é verdadeiramente o Filho de Deus (Mc 15,39).
Mas o exemplo que mais nos impressiona, sem dúvida, é a experiência de São Paulo no caminho de Damasco. Ele faz a experiência do encontro pessoal com Jesus e se transforma de perseguidor ao grande apóstolo dos gentios, que testemunha o Nome de Jesus diante das nações (At 9, 1-15).
A história da Igreja também está repleta de exemplos de grandes santos que realizaram a experiência do encontro pessoal com Jesus e tornaram-se suas testemunhas diante do mundo.
Nós continuamos a história da Igreja hoje. Nós somos as testemunhas de Jesus hoje e não podemos nos eximir da nossa responsabilidade histórica e eclesial. Precisamos superar o “medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas, na verdade, a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez”. Decididamente, precisamos testemunhar aquele que vimos (TB).
Na oração, na conversão, na contribuição livre e responsável, no silêncio da espera do Messias, a comunidade torna-se evangelizadora e anunciadora da Boa Notícia da chegada do Reino.
A coleta promovida pelas dioceses e pela CNBB é de fato colheita dos frutos amadurecidos no advento para serem colocados em comum e a serviço da evangelização, da Boa Notícia da chegada do reino no hoje da vida do povo brasileiro.
“Eu vi e dou testemunho: ele é o Filho de Deus” (Jo 1,34). Através deste lema, a Campanha da Evangelização quer, em íntima união com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, colaborar para que todos descubram a missão evangelizadora como um dos elementos mais importantes da identidade eclesial.