Sábado, 19 de agosto de 2006 - 21h58
"Orientações da Arquidiocese de Porto Velho para a participação do Povo de Deus nas Eleições 2006"
É aos Párocos, Religiosos e Religiosas, Diáconos e Seminaristas, Ministros, Coordenadores e Agentes de Pastoral, Lideranças, Leigas e Leigos cristãos das comunidades da Arquidiocese de Porto Velho, que queremos dirigir estas orientações para a participação nas Eleições 2006.
A Igreja não pode e nem deve omitir-se no campo político. Ela não pode colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar de fora na luta pela justiça e pela ética. Seria renegar sua fé em Jesus Cristo. É nosso dever incentivar os católicos leigos a se engajarem com responsabilidade na ação política, dando a eles orientações para que exerçam o seu voto com inteligência e com ética. A partir destes ensinamentos é que a sociedade deve compreender o engajamento dos líderes da Igreja católica no combate à corrupção.
Nosso povo está sofrendo perante a crise moral que perpassa toda a nossa sociedade brasileira, sobretudo, nosso Estado. Estamos profundamente indignados com a corrupção generalizada e com a falta de ética na política de Rondônia. Nesse contexto, a nossa consciência cristã sente-se ainda mais comprometida com o grave dever de contribuir para a mudança deste modo de conduzir a ação política. O sujeito político é a sociedade que é chamada a atuar eficazmente na política.
A corrupção eleitoral ainda é um problema enraizado na mentalidade de nosso povo. Os eleitores carecem de educação para a cidadania. É preciso instalar uma nova consciência política iluminada pelo lema que mobilizou os movimentos sociais nos últimos anos: "voto não tem preço, têm conseqüências." É tempo de pensar no valor do nosso voto. Estamos diante de um grande apelo ao depositar na urna o compromisso com Rondônia e com o Brasil: eleger candidatos idôneos, capazes de orientar nosso Estado e nosso Brasil para novos caminhos, em resposta às necessidades do povo. "Neste momento eleitoral, renova-se a oportunidade de continuar avançando no combate à corrupção eleitoral."(Doc. CNBB Eleições 2006)
Seja, portanto, um eleitor consciente do valor de seu voto. Que vote pela comunidade e não por interesse ou privilégios individuais ou familiares. UM ELEITOR QUE NÃO VENDA O SEU VOTO. Quem vende seu voto por favores, vende sua dignidade humana. O cristão não deve votar em candidato que quer comprar seu voto. Consciência não se vende. Queremos ser um eleitor que tenha consciência de seu poder de interferência e decisão na vida da comunidade, que saiba valorizar o seu voto, analisando, refletindo sobre o passado e o presente do candidato tendo em vista um futuro melhor.
Em meio a tudo o que está acontecendo, devemos ter esperança na construção de uma Rondônia melhor. Nós temos os meios para mudar essa situação. Que Deus inspire e proteja o povo brasileiro, especialmente o de nossa Arquidiocese, no próximo dia 1º. de outubro! Estamos conscientes de que o voto-cidadão, com participação popular, é uma das melhores formas de promover políticas públicas a serviço do bem comum. Somos convocados a uma ação política iluminada pela convicção de que o voto é de responsabilidade pessoal de cada eleitor, diante de sua consciência, da sociedade e de Deus. Que todos, no livre exercício do dever democrático, possam experimentar a proteção materna de Nossa Senhora! Façamos preces pela nossa Pátria e pelo nosso compromisso em recuperar a dignidade da vida pública do Estado e promover a prosperidade de nosso povo. Porto Velho, 15 de Agosto de 2006, na festa da Assunção de Nossa Senhora.
Dom Moacyr Grechi
Arquidiocese de Porto Velho
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