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Dom Moacyr

CEBS e Catequese


 

Assumimos o compromisso com o 12º Intereclesial das CEBs, no processo de Igreja em estado permanente de missão, para que cada comunidade eclesial, sujeito privilegiado desta missão, se revigore na fé e se transforme em um poderoso centro de “irradiação da vida em Cristo”,trabalhando pela evangelização e unidade, reconciliação e integração de nosso povo de Deus presente na Amazônia e na América Latina.

A Igreja no Brasil sempre foi missionária e, conforme a inspiração de Aparecida, vivemos o grande projeto missionário da Missão Continental, em sintonia com o Ano Paulino, com o Ano Catequético Nacional e, sobretudo, a realização do 12º Intereclesial das CEBs (21 a 25 de julho de 2009). É a graça de Deus agindo. Somos convidados a acolher esta graça assumindo o espírito missionário na sua plenitude. Com alegria, vamos a todas as pessoas para compartilhar o dom do encontro com Cristo, que preenche nossas vidas de sentido e de esperança, e nos coloca no caminho da realização do Reino de Deus.

Só uma Igreja missionária e evangelizadora experimenta a fecundidade e a alegria de quem realmente realiza sua vocação. Assumir permanentemente a missão evangelizadora é, para todas as comunidades e para cada cristão, a condição fundamental para preservar e reviver o clima pascal de alegria no Espírito, que animou a Igreja em seu nascimento e a sustentou em todos os grandes momentos de sua história. Por isso, o Apóstolo Paulo podia afirmar com vigor: “Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim. É, antes, uma necessidade que se me impõe. Ai de mim se eu não evangelizar”.(Diretrizes G.A.E.B.214-218)

O Ano Paulino impulsiona o Ano Catequético. Antonio Cechin, no Texto-Base do 12º.Intereclesial, publicado pela PAULUS Editora escreve sobre as CEBs e a Evangelização Libertadora, que nasceu e se robusteceu aqui no Brasil e é fruto de uma Caminhada da nossa Igreja.

A Caminhada da Igreja do Brasil rumo à Catequese Libertadora teve como passos mais salientes: o Método VER-JULGAR-AGIR; a opção pelos pobres; o método “Paulo Freire”; as Comunidades Eclesiais de Base. Depois de vários anos de trabalho e de sugestões vindas de todo o Brasil, foi lançado, finalmente, o documento “Catequese Renovada – Orientações e Conteúdo” e que foi aprovado pelo episcopado brasileiro, na 21ª Assembléia Geral da CNBB, em Itaici no ano de 1983.

Segundo Cechin, Catequese Libertadora é aquela em que a Comunidade se Evangeliza (Catequiza) a si própria, comunitariamente. “O Espírito Santo sopra quando quer e como quer” nos diz a Escritura, mas se quisermos entender esquematicamente o que acontece no processo da Catequese LIBERTADORA, assim o descrevemos:

1º passo: “Uma Comunidade Eclesial de Base se reúne e começa refletindo sobre o seu próprio processo histórico. Na transparência de fatos e acontecimentos do cotidiano da Caminhada (transitando do micro-processo local ao macro), aos poucos vêem surgir a presença do Cristo Ressuscitado presente aqui e agora e que interliga e dá sentido a tudo: É a EVANGELIZAÇÃO, ou leitura dos “Sinais dos Tempos”.

2º passo: Depois de assim sentir a presença do Ressuscitado, como o Deus-conosco, que dá sentido à nossa Caminhada, temos vontade de entrar em contato com Ele, falar com Ele através de algum rito comunitário: É a LITURGIA.

3º passo: Essa Fé que temos e que lemos na transparência do cotidiano, nos damos conta de que não é apenas descoberta nossa aqui e agora. Muitas outras pessoas, antes de nós, desde um passado que começou com Abraão, nosso Pai na Fé, experimentaram e professaram essa mesma Fé viva: É a TRADIÇÃO.

4º passo: Nesse passado histórico que se inicia com Abraão, nosso Pai na Fé, e que chamamos Tradição, há todo um período histórico normativo e especial que está escrito e que, pelo fato mesmo, chamamos de SAGRADA ESCRITURA. Os personagens do tempo da Escritura fizeram, em seu tempo idêntica leitura dos fatos e acontecimentos de sua história. Na transparência daqueles fatos eles viram o DEUS VIVO no Antigo Testamento. No Novo Testamento eles conviveram com o Filho de Deus encarnado na pessoa de Jesus de Nazaré que,  segundo o evangelista João, “tudo foi feito por Ele e nada do que foi feito foi feito sem Ele”: É o momento da BÍBLIA SAGRADA iluminando a Caminhada da Comunidade com luz total.

5º passo: Jesus de Nazaré vivo e ressuscitado, que está aqui caminhando conosco e a nossa frente, impele-nos a lutar para transformar o mundo em que vivemos, particularmente a libertar os oprimidos: É o COMPROMISSO.

Na Catequese antiga, doutrinária, centrada totalmente no religioso, cada um dos passos acima eram feitos separadamente em momentos e lugares diferentes. A Catequese Libertadora, pelo contrário é um processo em que todos esses passos independentemente dessa ordem esquemática ou não, se dão todos pela Comunidade em cada AÇÃO CATEQUÉTICA.

No horizonte da nossa reflexão da Catequese tipicamente latino-americana vimos surgir A NOVA FIGURA DO EVANGELIZADOR DA LIBERTAÇÃO: uma pessoa inserida no processo histórico da CEBs, que serve sua Comunidade Eclesial de Base, para que ela atinja maior consciência e expresse sempre mais claramente os aspectos de libertação e construção em Cristo, dentro de uma tríplice dimensão: de abertura para o definitivo que não se atinge aqui e agora; de abertura para uma intimidade sempre maior que lhe será revelada; de abertura para uma integração total e totalizadora que se manifestará plenamente quando “DEUS FOR TUDO EM TODOS”.

Afirmamos e reafirmamos acima que a Catequese Libertadora se realiza em Comunidade. É uma auto-catequização comunitária. Na Comunidade Eclesial de Base estão todos: homens, mulheres, crianças, jovens, anciãos. Aquilo que é a Caminhada, a história da Comunidade, é iluminada pela Fé comum. As lutas pela Libertação são lutas comuns a todos. No entanto, fiéis a São Paulo que diz “Quando vocês eram crianças, recebiam comida de criança e quando vos tornais adultos vos alimentais com comida de adultos”, necessitamos de momentos especiais para dar em troco miúdo aquilo que é Caminhada de todos, Luta pela transformação do mundo por parte de todos, aprofundamentos bíblicos e litúrgicos de todos, tanto para as crianças como para os jovens que participam da Comunidade. Não há um conteúdo diferente de catequese para uns e para outros. Há somente um acento especial e adaptado às idades, daquilo que é a Evangelização da Comunidade pela própria Comunidade. Esses momentos de catequese especial acontecem particularmente em preparação aos sacramentos de iniciação.

Concluímos citando a mensagem final do ultimo Sínodo dos Bispos, destinada também “aos muitos e generosos catequistas” e a todos aqueles que guiam o povo de Deus na escuta e na leitura amorosa da Bíblia, a fim de que se aprofunde o conhecimento e o amor à Palavra de Deus. Esta Palavra que “nos apresenta também o gemido de dor que sai da terra, vai ao encontro do grito dos oprimidos e ao lamento dos infelizes. Ela tem no vértice a cruz onde Cristo, só e abandonado, vive a tragédia do sofrimento mais atroz e a morte. Por causa dessa presença do Filho de Deus, a obscuridade do mal e da morte é iluminada pela luz pascal e pela esperança da glória”.

Iniciamos o ano com o impacto de guerras e violência, no entanto, ao longo da estrada do mundo, encontramos homens e mulheres de (diferentes denominações religiosas) que escutam e praticam fielmente os ensinamentos de seus livros sagrados e que conosco podem construir um mundo de paz e de luz, porque Deus quer que “todos os seres humanos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim 2,4).
 
Fonte: PASTORAL DA COMUNICAÇÃO

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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