Quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011 - 15h15
A Igreja tem se colocado “a escuta das Comunidades Eclesiais de Base e tenta descobrir através de sua vida, tão intimamente ligada à história do povo no qual elas estão inseridas, o caminho que se abre diante delas para o futuro” (CNBB 25,5).
Reafirmando que elas continuam sendo um “sinal da vitalidade da Igreja” (RM 51), os bispos em sua Mensagem na 48ª Assembléia Geral da CNBB confirmam seu compromisso de apoiar as pequenas comunidades que integram a rede de comunidades que é a paróquia, pois “as CEBs são um dom para a vida da Igreja no Brasil, pela união existente entre os nossos irmãos e seus pastores, e pela esperança de que este novo modo de ser Igreja se torne sempre mais fermento de renovação em nossa sociedade”. (Doc. CNBB 25,94)
Em 1979, na Conferência de Puebla, os bispos disseram: “Está comprovado que as pequenas comunidades, sobretudo as Comunidades Eclesiais de Base criam maior inter-relacionamento pessoal, aceitação da Palavra de Deus, revisão de vida, reflexão sobre a realidade, à luz do Evangelho; nelas acentua-se o compromisso com a família, com o trabalho, o bairro e a comunidade local. Elas constituem ambiente propício para o surgimento de novos serviços leigos...” (DP 629).
É na pequena comunidade que as famílias se reúnem para uma atenta escuta da Palavra de Deus, para a busca de relações mais fraternas, para celebrar os mistérios cristãos em sua vida e para assumir o compromisso de transformação da sociedade. Além disso, como afirma Medellín, as comunidades de base são “o primeiro e fundamental núcleo eclesial, célula inicial da estrutura eclesial e foco de evangelização e, atualmente, fator primordial da promoção humana ” (Med.15).
O Encontro Arquidiocesano das CEBs no próximo final de semana, vai reunir as lideranças para refletir o futuro das CEBs em nossa Arquidiocese. A assessoria é do Pe. José Marins, que esteve conosco do Encontro das CEBs Continental em 2009. Atualmente, ele coordena uma equipe pastoral itinerante a serviço das Igrejas Católicas e evangélicas e não tem residência fixa; viaja pelo mundo todo fundando e animando comunidades, visitando-as periodicamente.
Acreditando que “gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares não importantes, consegue mudanças extraordinárias”, Pe Marins vai tratar neste encontro de formação, dos desafios para as CEBS e seu aspecto Martirial, pois nelas “muitos de seus membros chegaram, inclusive, a derramar o próprio sangue em gesto de entrega generosa pelo Reino de Deus. “Elas arrancam da experiência das primeiras comunidades, como estão descritas em Atos dos Apóstolos (At 2, 42-47). Enraizadas no coração do mundo, são espaços privilegiados para a vivência comunitária da fé, mananciais de fraternidade e solidariedade, alternativa à sociedade atual, fundada no egoísmo e na competição” (DAp 193).
Numa entrevista a IHU On-line, Marins afirma que “nossa Comunidade Católica está dando passos importantes e positivos no que se refere à formação bíblica, principalmente no nível mais popular e que está surgindo um laicato mais maduro, mais consciente e preocupado com os grandes desafios da realidade contemporânea social e eclesial”. Para ele, “continuamos a funcionar tendo a paróquia como única instância de raiz da estrutura eclesial, quando já faz séculos que ela deixou de ser base e de estar dentro da terra da realidade”. As CEBs resistem e surpreendem. Estão presentes em todos os países, com processos distintos e até alguns com nomes diferentes e vão se multiplicando, com franco apoio. É preciso “descentralizar a paróquia em setores e formar redes de comunidades”. A tarefa de reconstruir o nível de base da Igreja, em forma de rede é inadiável. Criar redes de apoio; apostar no pequeno articulado, conclui.
Somos convidados a nos colocarmos em estado permanente de missão (DAp. 551) e a nos desinstalarmos de nosso comodismo (DAp. 362), para ser uma Igreja missionária. Segundo C. Caliman, para que a pessoa inteira e todas as pessoas tenham vida em plenitude, cada comunidade cristã precisa converter-se em “um poderoso centro de irradiação da vida em Cristo” (DAp. 362). Esta deve ser uma firme decisão missionária de promoção da cultura da vida que impregne todas as estruturas eclesiais e todos os planos de pastoral, em todos os níveis eclesiais, bem como toda a instituição, abandonando as ultrapassadas estruturas (DAp. 365).E uma Igreja em estado permanente de missão exige a conversão pastoral de nossas comunidades, e que se vá além de uma pastoral de mera conservação, para uma pastoral decididamente missionária (DAp. 370).
Diante das transformações sociais e culturais, uma renovação eclesial deve envolver reformas espirituais, pastorais e também institucionais (DAp. 367). E neste processo, Aparecida clama por uma renovação da Paróquia. Ela é célula viva da Igreja, mas faz-se necessário sua vigorosa renovação, a fim de que seja, de fato: espaço de iniciação cristã, educação e celebração da fé, aberta à diversidade dos carismas, serviços e ministérios; organizada de maneira comunitária e responsável; integradora de movimentos; aberta á diversidade cultural e a projetos pastorais supraparoquiais e das realidades circundantes (DAp. 170). A renovação das paróquias exige reformular suas estruturas, para que sejam redes de comunidades e de grupos (DAp. 173).
Deste modo, levando-se em consideração as dimensões de nossas paróquias, é aconselhável uma setorização em unidades territoriais menores, com equipes próprias de animação e de coordenação, que permitam maior proximidade às pessoas e a grupos que vivem na região.
De modo concreto, Aparecida aponta uma saída: que os agentes missionários promovam a criação de comunidades de famílias, que coloquem em comum sua fé e as respostas aos seus problemas (DAp. 372). Em outras palavras, criar Comunidades Eclesiais de Base. Com o apoio e o encorajamento de um pequeno grupo, as pessoas encontram seu caminho para Deus, e Deus encontra um caminho para as pessoas. As pessoas têm ânsia de experimentar Deus, de relacionar-se com Deus e de compartilhar sua própria fé com outras pessoas, em liberdade e espontaneidade, numa atmosfera de identidade e confiança.
Uma pesquisa recente confirmou muito bem esta necessidade das pessoas. Por meio de entrevistas com os membros de diversas comunidades, revelou-se que as principais mudanças sentidas na vida daquele (ou daquela) que participa de uma Comunidade de Base são: a vivência comunitária; a participação coletiva que muitas vezes contribui para a saída do isolamento; o aprendizado nos relacionamentos interpessoais; a convivência com realidades sociais distintas, incluindo-se aí pessoas de diferentes classes sociais.
Neste sentido, a unidade básica da Igreja, a paróquia, parece ser deficiente, em muitas partes da Igreja, neste aspecto. O que faz falta é a pequena comunidade de fé, que é a resposta de hoje à busca individual por Deus e ao envolvimento pessoal significativo em favor da transformação da humanidade.
Por isso a nossa disposição e compromisso para contribuir a fim de que a nossa Igreja seja missionárias e nossas paróquias, comunidade de comunidades ou rede de comunidades.
Fonte: Pascom
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