Sábado, 28 de maio de 2016 - 18h01
Quanto mais nos aprofundamos na leitura e estudo da Encíclica Laudato Si, mais percebemos a necessidade de responder ao “urgente desafio de proteger a nossa casa comum” (LS 13).
Constatamos que nada deste mundo nos é indiferente e que a atual ordem mundial, inclusive a do Brasil, exige de cada um de nós uma tomada de consciência e a coragem para que repensemos a nossa sociedade e sejamos capazes de construir uma nova humanidade baseada na justiça e na paz.
Diante dos recentes acontecimentos políticos em nosso país que tem sinalizado retrocesso antidemocrático, Pe. Manfredo A. de Oliveira, presidente da Agencia Adital, falando das lições do momento, ajuda nossa reflexão:
Neste momento de crise e de perplexidade, somos desafiados a agir com discernimento e responsabilidade frente ao momento e a trilhar novos caminhos; o primeiro fazer é aprender da crise para aprofundar nossa concepção de uma sociedade nova, verdadeiramente democrática, justa e sustentável.
Os movimentos sociais, como diz o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, mobilizam-se para que a democracia se aprofunde através da distribuição de renda e das riquezas, ampliação de direitos, saneamento básico, garantia de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, democratização dos meios de comunicação e de uma segurança pública eficaz e cidadã.
Estas são as agendas essenciais, insistir nelas significa contrapor-se à tendência vigente de pôr os interesses privados e os caprichos políticos acima do bem coletivo e das tarefas urgentes para a superação da crise econômica e social na luta persistente e teimosa pelos direitos e pela dignidade da vida.
Leonardo Boff também apresenta pontos fundamentais, dos quais não podemos abrir mão para que a desigualdade vergonhosa que nos marca possa ser vencida.
Em primeiro lugar, a prevalência do capital social sobre o capital individual. Isto significa que o que faz o povo propriamente evoluir não é só matar-lhe a fome e fazer dele um consumidor, mas fortalecer-lhe o capital social constituído pela educação, pela saúde, pela cultura e pela busca do bem-viver. Estas são as condições que conduzem à efetivação de uma cidadania plena.
Em segundo lugar, cobrar uma democracia participativa, construída de baixo para cima com uma presença forte da sociedade organizada, de modo especial, pelos movimentos sociais que enriquecem a democracia representativa.
Em terceiro lugar se apresenta uma questão nunca seriamente enfrentada entre nós: o pagamento das vítimas de nossa formação social: dos indígenas quase exterminados, dos afrodescendentes feitos escravos, dos pobres em geral esquecidos pelas políticas públicas e humilhados pelas classes dominantes.
“Casa comum, nossa responsabilidade” é o tema, em sintonia com a CF 2016, da Festa do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da Catedral de Porto Velho, convidando-nos para “uma nova reverência face à vida, pela intensificação da luta em prol da justiça e da paz e pela celebração da vida” (LS 207)
Na catedral, a Novena acontece diariamente às 17h30; a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus será na sexta-feira, dia 03 de junho, as 19h, com a celebração da Missa; em seguida, Procissão e o tradicional Arraial.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus remonta aos relatos evangélicos: no Evangelho de João (cap. 13-17), a revelação do amor divino, a terna manifestação do coração de Jesus, a maior dádiva do cristianismo à cultura ética da humanidade: o perdão e a misericórdia, o amor incondicional e a compaixão.
Para Papa Pio XII, na carta encíclica Haurietes aquas (15/05/1956), é o próprio Jesus que toma a iniciativa de nos apresentar o seu coração como fonte de abrigo, consolo e de paz: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para o vosso espírito. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,28-30).
Pe. Alfredo J. Gonçalves reflete esta devoção sob o ponto de vista da mobilidade humana, sendo o coração de Jesus e de Maria a pátria dos que perderam o direito a uma cidadania digna e plena e da enorme multidão dos “sem”: sem documentos ou trabalho, sem terra nem rumo, sem perspectivas de futuro; imigrantes irregulares, migrantes internos, refugiados políticos ou climáticos, deportados, trabalhadores temporários, marítimos, itinerantes... Todos estes rostos formam um enorme desfile dos sem pátria, às vezes mesmo dentro do território do país em que nasceram. Sem pátria porque desprovidos das condições mínimas necessárias à cidadania, porque viram seus direitos ignorados ou pisoteados pela tirania ou pelo descaso das autoridades.
A Igreja celebra, de 12 a 19 de junho, a 31ª Semana do Migrante com o tema: “Migração e Ecologia” e o lema “O grito que vem da terra”! Para a Pastoral do Migrante da CNBB, os deslocamentos humanos de massa tornam-se cada vez mais intensos, mais complexos e mais diversificados. Novos grupos, povos e nações passam a fazer parte do xadrez desse vaivém. Hoje é difícil encontrar um país que não esteja envolvido no fenômeno migratório, seja como pais de origem, de destino ou de passagem.
Domingo passado, celebrando a Santíssima Trindade, refletimos sobre a dinâmica do amor trinitário que se revela, convidando-nos a entrar nessa comunhão, pela Páscoa de Cristo. Hoje, a liturgia amplia os horizontes da participação nessa dignidade, mostrando-nos que a ação salvífica de Deus diz respeito a todos, sem discriminação.
A missão cristã, de anunciar o Evangelho, nascida da experiência de participação na comunhão divina, alcança o coração dos que se abrem a Deus, independentemente de quais sejam suas religiões ou tradições, pois ele é sempre solo fértil para acolher a Boa-Notícia que chama a todos à comunhão.
No evangelho de Lucas, Jesus louva a fé de um pagão, militar estrangeiro, que lhe pede a cura de seu empregado com tamanha fé como Jesus “nem mesmo em Israel” tinha encontrado (Lc 7,1-10). O teólogo Konings nos questiona: será que também hoje se encontra tamanha fé entre os que não pertencem oficialmente à Igreja, mas talvez no coração estejam mais próximos de Jesus do que nós?
Na leitura do 1º Livro dos Reis o universalismo transparece na bela oração de Salomão por ocasião da Dedicação do Templo (1Rs 8,41-43). O verdadeiro universalismo deseja que cada um encontre Deus no caminho que lhe é próprio.
Paulo Apóstolo escreve às comunidades da Galácia afirmando que Deus não faz acepção de pessoas, ultrapassa barreiras culturais e manifesta-se a todos os povos, oferecendo-lhes gratuitamente a salvação em Jesus Cristo (Gl 1,1-2.6-10/VP).
Encerrando o mês de maio e iniciando o mês dedicado ao Coração de Jesus, possa o nosso coração, neste Ano Jubilar da Misericórdia, experimentar a misericórdia, graça divina, que alimenta nossos corpos e almas, dando-nos alento para ampliar a força da existência na terra.
Senhor Jesus Cristo, Vós sois o rosto visível do Pai invisível, do Deus que manifesta sua onipotência, sobretudo com o perdão e a misericórdia:
Fazei que a Igreja seja no mundo o rosto visível de Vós, seu Senhor, ressuscitado e na glória.
Enviai o Vosso Espírito e consagrai-nos a todos com a sua unção para que o Jubileu da Misericórdia seja um ano de graça do Senhor e a Vossa Igreja possa, com renovado entusiasmo, levar aos pobres a alegre mensagem, proclamar aos cativos e oprimidos a libertação e aos cegos restaurar a vista.
Amém!
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