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Gente de Opinião

Dom Moacyr

Construção do diálogo e da paz!



 
Celebramos hoje a Solenidade da Ascensão do Senhor e a Abertura da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. É o Dia mundial das comunicações sociais: nossa prece e saudação aos profissionais da comunicação que promovem a cultura da vida e utilizam os recursos a sua disposição para fortalecer os vínculos de paz e união entre as pessoas, através dos meios de comunicação e redes sociais.
 
“Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor” é o tema da mensagem do papa Francisco para este dia destacando a família como o primeiro lugar onde aprendemos a nos comunicar: “a família é, sobretudo, a capacidade de se abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e, todavia, são tão importantes uma para a outra…”.
 
Em um mundo onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as murmurações o nosso ambiente humano, ele aponta a família como uma escola de comunicação feita de bênção: “abençoar em vez de amaldiçoar, visitar em vez de repelir, acolher em vez de combater é a única forma de quebrar a espiral do mal”.
 
O papa adverte ainda para as novas tecnologias que podem se tornar uma forma de se subtrair à escuta, de se isolar, de saturar todo o momento de silêncio. Também neste campo os primeiros educadores são os pais: “mas não devem ser deixados sozinhos; a comunidade cristã é chamada a colocar-se ao seu lado, para que saibam ensinar os filhos a viver segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum". 

O tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (17-24/05) foi inspirado no evangelho de João: “Dá-nos um pouco da tua água” (Jo 4,7); fala do encontro de Jesus com a mulher samaritana, um símbolo de amor que tem o poder de diminuir as barreiras baseadas na religião, etnia ou cultura. O gesto bíblico de oferecer água a quem chega, como forma de boas-vindas e partilha, e algo presente em todas as religiões no Brasil. A meditação sobre o diálogo entre Jesus e a samaritana junto ao poço visa ajudar as pessoas e comunidades a perceberem a dimensão dialógica do projeto de Jesus.
 
Uma visão de unidade cristã, acompanhada pelo respeito à diversidade, inspirou o processo de elaboração dos materiais da Semana de Oração. O grupo responsável, formado por representantes de igrejas e organismos ecumênicos, ressaltou o valor da unidade cristã numa época em que a intolerância religiosa cresce ao redor do mundo. O material, publicado em parceria, pelo Conselho Mundial de Igrejas e pelo Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, foi, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um desafio para o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), que reuniu representantes de suas igrejas-membro e membros fraternos, como o Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) e o Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI).
 
Nosso testemunho nesta semana deve ser de afirmação de que a pluralidade é parte constitutiva do projeto de Deus e de construção de diálogo entre diferentes expressões de fé. “O diálogo é um caminho permanente na construção da paz entre povos, culturas e religiões diferentes. Podemos saciar nossa sede bebendo também da água que o outro nos oferece” (Edmilson Schinelo, do CEBI).
 
O CONIC foi fundado em 1982 e, atualmente, tem como membros a Igreja Católica Romana, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), a Igreja Presbiteriana Unida (IPU) e a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA). Os objetivos do CONIC estão ligados à promoção e estímulo das relações ecumênicas entre Igrejas cristãs e ao fortalecimento do testemunho comum delas em favor dos Direitos Humanos.

A carta das Igrejas, dirigida a todas as comunidades cristãs no Brasil, para esta Semana de Oração pela unidade dos cristãos, destaca o lema bíblico proposto pelo movimento ecumênico brasileiro, como um convite à construção da paz através do diálogo e do testemunho ecumênico. Somos, nesta semana, desafiados a fazer a experiência do diálogo, saindo de nossas casas e até dos nossos templos para ir ao encontro de nossos irmãos, irmãs, vizinhos e vizinhas, para escutar o que eles ou elas têm a contar sobre sua fé, sua vida, suas experiências e dúvidas, para celebrarmos juntos, esta vivência plural do amor de Deus! Peregrinemos, portanto, nessa direção para que o nosso testemunho público seja de unidade e de acolhida à diversidade.

Outro passo importante nesta semana: o respeito à legítima diversidade diante da dominante intolerância, em suas variadas formas, avançando na promoção do diálogo como um caminho permanente de reconciliação e paz e como fidelidade ao evangelho.

“Existe uma ligação forte que já nos une, além de cada divisão: é o testemunho dos cristãos, pertencentes à Igreja e tradições várias, vítimas de perseguições e violências só por causa da fé que professam”, expressou papa Francisco aos membros da Comissão internacional anglicana-católica.

Diante da tragédia de tantos cristãos e pessoas, cujos direitos fundamentais à vida e à liberdade religiosa são sistematicamente violados, somos convidados a nos unir, durante a Vigília de Pentecostes (dia 23), em um grande gesto de oração a Deus e de proximidade com estes mártires, nossos irmãos e irmãs. Diante do martírio de pessoas inocentes, imploremos ao Senhor, ajoelhemo-nos quebrando o muro da indiferença e do cinismo, distante de qualquer instrumentalização ideológica ou confessional. “São muitos os cristãos, homens e mulheres de várias denominações, capazes de testemunhar o amor doando a própria vida. Tal testemunho não pode passar em silêncio porque é para todos razão de incentivo ao bem e de resistência ao mal” (CEI).
Que esta Semana seja uma grande festa de Pentecostes e nos prepare, desde já, para a Campanha da Fraternidade do próximo ano, que será ecumênica.

A celebração da Ascensão do Senhor é um convite para que sigamos o caminho de nosso Redentor, olhando para o futuro e entregando-nos à realização de seu projeto de salvação. O Cristo glorioso, na hora de sua despedida, confia aos apóstolos a missão e já prediz aquilo que o livro dos Atos, de fato, descreve com relação a essa missão: o poder de Cristo acompanha seus discípulos na pregação: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem o evangelho a toda criatura!” Começa, definitivamente, o tempo da comunidade cristã (Mc 16,15-20).

Cabe agora à comunidade mostrá-lo presente mediante o testemunho (At 1,1-11). Ele está sempre presente no meio de nós, em nossas comunidades, pois a glória de Deus é estar conosco; e nós o glorificaremos quando o reconhecermos e manifestarmos como Senhor absoluto, Cabeça da Igreja, razão da nossa esperança (Ef 1,17-23). Pela fé e pela solidariedade, os cristãos penetram sempre mais no ser de Deus, que está próximo e presente na comunidade.
 
Portanto, a ascensão não é o afastamento de Jesus, e sim sua presença no anúncio e testemunho da comunidade cristã (VP). Elasignifica libertação, reflete o jesuíta Marcel Domergue, pois, na Cruz, a Ressurreição e a Ascensão já se fazem presentes, uma vez que o Cristo se antecipa, dominando tudo o que nos destrói. Recusando defender-se e pôr de joelhos todos os que queriam a sua morte, mata em Si mesmo o ódio, a violência e até a exigência de justiça. Ele se eleva acima de todas as coisas. É a humanidade que, nele, obtém esta vitória. Desde então, podemos nos perguntar como nos encontramos ainda submetidos a todas estas dominações que envenenam as nossas sociedades.
 
Ao deslocamento vertical do Cristo, levado ao céu, corresponde o deslocamento horizontal dos discípulos, pela superfície da terra. E mais, a instantaneidade da Ascensão desdobra-se na duração da nossa história. Para Pe. Marcel, o mundo inteiro, com a humanidade ao cume, é que está em trabalho de ascensão. O deslocamento vertical do Cristo significa que, daí para frente, Ele escapa às nossas percepções. A presença do Cristo vai, portanto, mudar de natureza; ela reside agora na fé dos discípulos e faz-se ativa através do seu trabalho de evangelização.
 
No próximo domingo, a festa missionária: solenidade de Pentecostes e dia da padroeira de Porto Velho, Nossa Senhora Auxiliadora. “O Espírito me consagrou para servir”! Participe com sua família, venha em caravana com sua comunidade paroquial. A Vigília acontece no sábado, dia 23, às 17h na paróquia São Cristóvão. Domingo, a concentração na paroquia Nossa Senhora das Graças começa às 16h e a Missa de Pentecostes será no campo da 17ª Brigada, as 17h.
 
 

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