Sábado, 21 de novembro de 2015 - 19h35
O Redentor do homem, Jesus Cristo, é o centro do cosmos e da história. Para Ele se dirigem o meu pensamento e o meu coração nesta hora solene da história, que a Igreja e a inteira família da humanidade contemporânea estão a viver (RH 1). As palavras iniciais de João Paulo II na Carta Encíclica Redemptor Hominis inspiram a nossa reflexão nesta Solenidade de Cristo Rei.
Diante dos últimos acontecimentos, terrorismo na França, tragédia em Mariana e em outros pontos do planeta; diante de cenas de sofrimento e de crueldade, da banalização do mal, genocídio indígena e de tantos sinais de intolerância, abrimo-nos ao mistério da vida para entender a realidade e deparamo-nos com as palavras de Cristo neste tempo de conclusão de mais um ciclo litúrgico, que ilumina a nossa consciência “sobre os eventos últimos da história humana, voltada para o cumprimento do reino de Deus”.
Alguns elementos apocalípticos, como guerras, penúrias, catástrofes cósmicas, não são a essência da mensagem de Cristo, orienta-nos o papa Francisco. “O núcleo central em torno do qual gira o discurso de Jesus é Ele mesmo, o mistério da sua pessoa e da sua morte e ressurreição, e o seu retorno no fim dos tempos. A nossa meta final é o encontro com o Senhor ressuscitado”.
Haverá um dia em que eu encontrarei o Senhor face a face. Esta é a nossa meta: esse encontro. Não esperamos um tempo ou um lugar, mas caminhamos ao encontro de uma pessoa: Jesus. Somos chamados a viver o presente, construindo o nosso futuro com serenidade e confiança em Deus. A perspectiva do fim não distrai a nossa atenção da vida presente, mas nos faz olhar para nossos dias numa ótica de esperança.
Papa Pio XI instituiu a solenidade de Cristo Rei para incentivar os cristãos a fazer de sua presença no mundo uma força de transformação. Por meio dos cristãos, Jesus deve governar o mundo. O objetivo não é dar brilho e poder à instituição eclesiástica, mas trazer ao mundo o reinado de Deus com os critérios de Jesus Cristo. Contrário à busca de brilho, fama e poder, critérios deste mundo, o reinado de Cristo se manifesta no fracasso da cruz (VP). A paz, tão sonhada hoje, é fruto da justiça e do amor. A busca da verdadeira justiça e a coerência do amor levam inúmeros cristãos ao martírio, à morte semelhante a de Cristo. É por esse caminho, e não pela participação nos poderes temporais, que seu reinado vai acontecer no mundo.
Celebramos, com a festa de Cristo Rei, o protagonismo dos cristãos leigos, construtores do Reino! Neste Dia Nacional dos cristãos leigos refletimos sobre a identidade e missão desses homens e mulheres que formam a imensa maioria do Povo de Deus e são a esperança da Igreja. Falar de protagonismo, é falar do lugar de importância que os leigos têm na ação evangelizadora, é falar do seu papel insubstituível, imprescindível, na transformação da realidade que vivemos, marcada pela exclusão e violência.
Nossa homenagem, preces e gratidão aos cristãos leigos e leigas, principalmente da Arquidiocese de Porto Velho, que se engajam nos trabalhos pastorais, vivem seu carisma específico numa comunidade, ou ministérios e serviços, ou associação de fieis, institutos seculares, movimentos, ou em tantas outras formas expressões laicais que enriquecem a Igreja como sinal do Reino de Deus.
O Concílio Vaticano II (1961-1965) deu grande impulso à ação dos leigos, ao definir a Igreja como Povo de Deus e destacar a vocação e a missão dos leigos para a evangelização. Povo de Deus que peregrina na história partilhando “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias” (LG) de todos os seres humanos.
Ao afirmar que “a missão de expandir o reino de Cristo por toda a terra é exercida, pela Igreja, através de todos os seus membros”, o Concílio destaca que a missão própria dos cristãos no mundo se realiza pela “coerência da vida com a fé, pela honestidade em qualquer negócio e pela caridade fraterna”, e afirma que “os verdadeiros apóstolos, ainda não satisfeitos com esta atividade, dirigem seu esforço no sentido de anunciarem Cristo” (AA 13).
Fixando o olhar em Jesus como Rei do Universo, percebemos na liturgia deste do¬mingo uma síntese de tudo o que vivenciamos durante este ano litúrgico: a missão de Jesus, em vista do Reino de Deus. Somos também impulsionados para o tempo do Advento que se inicia no próximo domingo: a espera vigilante pela segunda vinda de Cristo, como realização plena do Reino.
O mundo, atualmente, está marcado por uma profunda crise de liderança. As declarações de Jesus diante de Pilatos são evidentes: Jesus é “rei” e recebeu de Deus, “o poder, a honra e a realeza” sobre todos os povos da terra (Jo 18, 33b-37). Cristo não deve seu reinado a nenhuma instância deste mundo; Ele preside a história e continua a caminhar conosco apontando-nos os caminhos da salvação e da vida. Quanto mais transformarmos este mundo “num instrumento de fraterno amor”, tanto mais resplandecerá a face de Deus, que nos é possível identificar a partir da cruz de Cristo.
O livro de Daniel prepara-nos para a ideia de um reino transcendente, que não pertence aos homens, mas a Deus (Dn 7,13-14). Numa visão, ele vê quatro feras, que se entredevoram: imagem adequada para descrever as relações entre os impérios deste mundo. Pensa nos assírios, babilônios, persas e sírios, mas poderíamos imaginar os impérios de hoje com as mesmas figuras, mesmo se estes impérios já não dependem de imperadores e sim de magnatas. No fim, todos serão vencidos por uma figura de feições humanas que representa os servidores de Deus. Ele terá a última palavra sobre o mundo e a História (J. Konings).
O Livro do Apocalipse proclama a glória e o poder de Jesus Cristo e as consequências de sua obra para nós (Ap 1,5-8). A pessoa de Jesus ocupa o centro da mensagem. Ele, o Ressuscitado, é rei, com poder e glória. Ele vem. Ele é aquele que nos ama e nos libertou de nossos pecados. Aquilo que Jesus é, ele o participa a seus fiéis (VP). A comunidade eclesial é convidada a aceitar Cristo como o centro da história humana, a razão de ser da comunidade, a coordenada fundamental à volta da qual se estrutura e organiza toda a vida cristã.
Durante o Advento, iniciaremos o Jubileu da Misericórdia (8/12), período que nos convida a dar testemunho de fé e coragem “olhando adiante com esperança, apesar dos ataques do ódio”. Somos chamados a anunciar a misericórdia, “caminho que une Deus e os homens, e nutre a esperança de sermos amados para sempre, apesar de nossas limitações”.
A mensagem do presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, cardeal Peter Turkson no encontro da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), em Bogotá (16-18/11), partindo do contexto dos conflitos e perseguições que ocorrem no Oriente Médio e dos ataques terroristas em Paris, Beirute e Bagdá, encoraja-nos: “nesta história contemporânea de perseguição, desumanização e extermínio, chegou o momento de mostrar à comunidade internacional que a Pan-Amazônia merece um futuro diferente”.
A Campanha de Evangelização 2015 (22/11 a 13/12) que começa hoje em todo o Brasil, tem como lema: “Sede Misericordiosos”. A partir do encontro com Cristo e da experiência pessoal de sua misericórdia, assumimos a missão de levar a humanidade a fazer a experiência do amor misericordioso de Deus, não só em vista da própria salvação, mas também para desenvolver com os irmãos e irmãs novas formas de relacionamento, fundamentadas na misericórdia, como caminho de superação da cultura da morte.
A Campanha de Evangelização tem como objetivo superar a mentalidade individualista e a visão subjetiva da religião por uma atitude solidária, voltada para o bem comum; propor a vivência de uma fé adulta, testemunhada em atitudes e ações coerentes de conversão pessoal permanente e de transformação social segundo as exigências evangélicas; garantir que a Igreja tenha recursos para fazer o trabalho da Evangelização, principalmente na Amazônia e nas regiões pobres e periferia das grandes cidades.
A coleta nacional para a evangelização acontece no 3o Domingo do Advento (13/12). A ação evangelizadora da Igreja, desde o início, contou com o apoio espiritual e material de todos os batizados. Sejamos “comunidades de tamanho humano”, que abrem espaço aos excluídos, para se tornarem sujeitos de outro mundo possível, inclusivo e solidário (A. Brighenti).
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