Quinta-feira, 14 de abril de 2011 - 08h34
Uma nova etapa na conversão que Nosso Senhor pregou, caracteriza este período quaresmal ajudando-nos a reviver, num esforço de purificação pessoal, um itinerário espiritual, no qual tomamos consciência da pobreza de nossa existência e redescobrimos “a intervenção providencial do Senhor, que nos convida a abrir os olhos às necessidades dos irmãos mais carentes”. Deste modo, a Quaresma torna-se também o tempo da solidariedade para com as tragédias e situações em que vivem os povos de tantas nações.
Estamos em plena Campanha da Fraternidade e através de gestos concretos de solidariedade e partilha, buscamos viver intensamente a Quaresma, preparando-nos para a Páscoa da Ressurreição de Cristo. Tanto o itinerário quaresmal como a Campanha apontam para a responsabilidade amorosa geradora do cuidado. Neste sentido, em nossos dias, se coloca um rosto atualíssimo, o do próprio planeta, pois, “a criação geme como em dores de parto” (Rm 8, 22), clamando por cuidados com seus distúrbios climáticos, para os quais o modo de viver impulsionado pelo sistema organizacional de nossas sociedades, baseado no consumismo cooperou. E este processo, como vimos nestes primeiros meses de 2011, que tem degradado os bens da natureza, está avançando em ritmo acelerado (TB 157-158).
Para Jesus, “o poeta da misericórdia de Deus” e o “profeta do Reino de Deus”, o que preocupa a Deus é o sofrimento dos mais desgraçados; o que o move a agir no meio de seu povo é seu amor compassivo; o Deus que quer reinar entre os homens e mulheres é um “Deus que cura” (Ex 15,16). As fontes cristãs o afirmam unanimemente: ”Percorria toda a Galiléia.. proclamando a boa noticia do reino e curando toda a enfermidade e doença entre o povo” (Mt 4,23; 9,35; Lc 6,18; Mc 1,39). Ao contrário do Batista que nunca curou ninguém, Jesus proclama o reino de Deus pondo saúde e vida nas pessoas e na sociedade inteira (J.A.Pagola).
O amor entranhado de Deus se dá a nós para gerar e regenerar a vida. Esta tem sido a experiência mais marcante do amor divino ao longo da Bíblia, reflete Pe. Maçaneiro. Se as entranhas (útero e coração) são a sede interior da misericórdia, o sentido corporal do tato é sua sede exterior – remetendo às mãos e às obras. Para ele, na Palavra de Deus a misericórdia se realiza em toques que regeneram:
A Torá diz que Deus liberta seu povo com “mão forte e braço estendida” (Dt 26,8): assim como a parteira que tira a criança da estreiteza do útero, Iahweh faz o povo nascer de novo, libertando-o do “sufoco” do Egito (em hebraico Mitsraim: estreiteza). Com seus toques de misericórdia, Deus restaura a vida do povo, à semelhança do oleiro que refaz o vaso rompido (Jer 18,3-6; Is 64,7).
A palavra cuidado, no latim provém de “cura”, que se exerce mediante atitudes de amizade e amor. O toque de Jesus expressa cuidado; reparte o pão; estende a bênção. Com muito tato, o samaritano limpou as feridas do homem caído (Lc 10,34). Com o toque de suas mãos, Jesus alimentou os famintos, curou os enfermos e abençoou as criancinhas (Mc 7,32-33; 8,6; 10,13-16). Foi tocado pelo abraço que o filho se sentiu acolhido e resgatado por seu pai, que, compadecido ao vê-lo retornar, “correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos” (Lc 15,20). “Onde Jesus entrava, nos povoados, nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças, rogando que lhes permitisse ao menos tocar nas franjas do talit, seu manto de oração. E todos os que o tocavam, eram curados” (Mc 6,56). Com toques de ternura, Maria unge os pés de Jesus (Jo 12,3). Com toques de amizade, Jesus lava os pés dos discípulos (Jo 13,5). Em Emaús e à beira do lago da Galiléia, Jesus toma o pão, abençoa e reparte: os discípulos o reconhecem, por causa de seu tato característico (Lc 24,30; Jo 21,12-13). Gestos que alimentam, curam e restauram, são toques de misericórdia.
Todo enfermo anseia por libertar-se um dia de sua enfermidade a fim de desfrutar novamente de uma vida sadia. Jesus percorreu os povoados da Galileia proclamando o Reino de Deus e curando os enfermos. O que diferencia Jesus de outros curadores, segundo Pagola, é a sua maneira de anunciar a todos esta grande noticia: Deus está chegando, e os mais desgraçados já podem experimentar seu amor compassivo. Estas curas surpreendentes são sinal humilde, mas real, de um mundo novo: o mundo que Deus quer para todos.
A ação salvadora de Deus já está em andamento. O Reino é a resposta de Deus ao sofrimento humano. Reino que é a derrota do mal, a irrupção da misericórdia de Deus, a eliminação do sofrimento, a acolhida dos excluídos, a instauração de uma sociedade libertada de toda a aflição. Ainda não é uma realidade acabada; é preciso continuar realizando sinais da misericórdia de Deus no mundo. Essa será precisamente a missão que ele confiará a seus seguidores.
Ao comentar a Regra de Santo Agostinho, Frei Piergiorgio Domenico,OSM, assinala quatro ações que marcam o caminho da misericórdia: não julgar, não condenar, perdoar, dar. Ser filhos do Altíssimo não é só uma promessa, mas um compromisso para a vida presente. Só Deus é misericordioso; nós devemos tornar-nos tais, isto é: “ser misericordiosos, como é misericordioso vosso Pai!(Lc 6,36-37)
O Senhor Jesus Cristo, médico das nossas almas e dos nossos corpos, que perdoou os pecados ao paralítico e lhe restituiu a saúde do corpo quis que a sua Igreja continuasse, com a força do Espírito Santo, a sua obra de cura e de salvação, mesmo para com os seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o sacramente da Penitência e o da Unção dos enfermos. Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão (CIC 1421-1422).
Precisamente porque foi desejado por um Deus profundamente “humano”, o encontro com a misericórdia que nos é oferecido por Jesus se produz em várias etapas, que respeitam os tempos da vida e do coração. A reconciliação é precisamente o sacramento do encontro com Cristo que, mediante o ministério da Igreja, vem socorrer a debilidade de quem traiu ou rejeitou a aliança com Deus, reconcilia-o com o Pai e com a Igreja, recria-o como criatura nova na força do Espírito Santo. Este sacramento é chamado também de penitência, porque nele se expressa a conversão do homem, o caminho do coração que se arrepende e vem a invocar o perdão de Deus (B.Forte).
O termo confissão refere-se ao ato de confessar as próprias culpas diante do sacerdote, mas recorda também a confissão que há que se fazer para viver em plenitude a celebração da reconciliação: a confissão de louvor, com a qual fazemos memória do amor divino que nos precede e nos acompanha, reconhecendo seus sinais em nossa vida e compreendendo melhor assim a gravidade de nossa culpa; a confissão do pecado, com a qual apresentamos ao Pai nosso coração humilde e arrependido, reconhecendo nossos pecados; a confissão de fé, por último, com a qual nos abrimos ao perdão que livra e salva, que nos é oferecido com a absolvição. Por sua vez, os gestos e as palavras nas quais expressamos o dom que recebemos confessarão na vida as maravilhas realizadas em nós pela misericórdia de Deus.
A penitência ou confissão é um Sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do batismo. Nesta semana, em todas as Paróquias de Porto Velho, todos os cristãos terão a oportunidade de celebrar o Sacramento da Confissão, preparando-se para uma Páscoa de graça e renovação. Todos os sacerdotes estarão nas paróquias, a partir das 19h, conforme a seguinte programação: Dia 11, 2ª feira: Paróquias Sagrada Família, N.Sra. das Graças, S. João Bosco. Dia 12, 3ª feira: São Cristóvão, N.Sra.Perpétuo Socorro, São Luiz Gonzaga. Dia 13, 4ª Feira: Santa Clara e Santuário de Aparecida, Dia 14, 5ª feira: N.Sra. do Amparo, S. José Operário e Nossa Sra. Do Rosário. Dia 15, 6ª feira: Catedral, Paróquias N.Sra. de Fátima, Santa Luzia, S.João Batista e N.S.da Conceição (Candeias).
Fonte: Pascom
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