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Dom Moacyr

Dia Mundial do Enfermo



Celebramos no dia 11 de fevereiro a memória da Bem-Aventurada Virgem de Lourdes e o Dia Mundial do Enfermo. Além da tradicional Festa da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes em Itapuã, convidamos as famílias de Porto Velho para que participem e tragam os doentes de sua casa para a Missa da Pastoral da Saúde que será celebrada na sexta-feira, as 17h30 na Catedral. Convidamos ainda os profissionais da Saúde e agentes da pastoral, ministros e idosos, para que se façam presentes, pois são os cuidadores daqueles que sofrem enfermidades.

O papa Bento XVI em sua Mensagem para o 19º Dia Mundial do Doente diz que esta é a ocasião propícia para “refletir sobre o ministério do sofrimento e, sobretudo, para tornar as nossas comunidades e a sociedade civil mais sensível aos irmãos e irmãs doentes”.

Bento XVI cita a Carta Encíclica Spe Salvi quando afirma que “a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. Isto vale tanto para o indivíduo como para a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem não é capaz de contribuir”.

O papa relembra ainda a reflexão diante do Santo Sudário, diante daquele rosto sofredor, que nos convida a meditar sobre Aquele que carregou sobre si a paixão do homem de todos os tempos e lugares, inclusive os nossos sofrimentos, as nossas dificuldades e os nossos pecados. Quantos fiéis, no curso da história, passaram diante daquele tecido sepulcral, que envolveu o corpo de um homem crucificado, que corresponde em tudo ao que os Evangelhos nos transmitem sobre a paixão e a morte de Jesus! Contemplá-lo é um convite a refletir sobre quanto escreve São Pedro: “Pelas suas chagas fostes curados” (1Pd 2,24).

 O Filho de Deus sofreu, morreu, mas ressuscitou, e exatamente por isso aquelas chagas tornam-se o sinal da nossa redenção, do perdão e da reconciliação com o Pai; tornam-se, contudo, também um banco de prova para a fé dos discípulos e para a nossa fé: todas as vezes que o Senhor fala da sua paixão e morte, eles não compreendem, rejeitam, opõem-se. Para eles, como para nós, o sofrimento permanece sempre carregado de mistério, difícil de aceitar e suportar. Os dois discípulos de Emaús caminham tristes, devido aos acontecimentos daqueles dias em Jerusalém, e só quando o Ressuscitado percorre a estrada com eles, se abrem a uma visão nova (Lc 24,13-31). Também o apóstolo Tomé mostra a dificuldade em crer na via da paixão redentora: “Se eu não vir o sinal dos cravos nas suas mãos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,25). Mas diante de Cristo que mostra as suas chagas, a sua resposta transforma-se numa comovedora profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20, 28). O que antes era um obstáculo intransponível, porque sinal da aparente falência de Jesus, torna-se, no encontro com o Ressuscitado, a prova de um amor vitorioso: “Somente um Deus que nos ama a ponto de carregar sobre si as nossas feridas e a nossa dor, sobretudo a dor inocente, é digno de fé” (Páscoa 2007).

Aos doentes e sofredores, o papa diz que “é justamente através das chagas de Cristo que podemos ver, com olhos de esperança, todos os males que afligem a humanidade”. Ressuscitando, o Senhor não tirou o sofrimento e o mal do mundo, mas extirpou-os pela raiz. À prepotência do Mal opôs a onipotência do seu Amor. Indicou-nos então, que o caminho da paz e da alegria é o Amor: “Como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros” (Jo 13,34). Cristo, vencedor da morte, está vivo no meio de nós, enquanto com São Tomé dizemos também: “Meu Senhor e meu Deus”, seguimos o nosso Mestre na disponibilidade a prodigalizar a vida pelos nossos irmãos (1Jo 3,16), tornando-nos mensageiros de uma alegria que não teme a dor, a alegria da Ressurreição.

São Bernardo afirma: “Deus não pode padecer, mas pode compadecer”. Deus, a Verdade e o Amor em pessoa, quis sofrer por nós e conosco; fez-se homem para poder com-padecer com o homem, de modo real, em carne e sangue. Em cada sofrimento humano, portanto, entrou Aquele que partilha o sofrimento e a suportação; em cada sofrimento difunde-se a con-solatio, a consolação do amor partícipe de Deus para fazer surgir a estrela da esperança (Spe salvi, 39).

Bento XVI dirige também aos jovens que vivem a experiência da doença, tendo em vista a Jornada Mundial da Juventude (agosto de 2011), sua Mensagem dizendo que “com frequência a Paixão e a Cruz de Jesus causam medo, porque parecem ser a negação da vida. Na realidade, é exatamente o contrário! A Cruz é o “sim” de Deus ao homem, a expressão mais elevada e intensa do seu amor e a fonte da qual brota a vida eterna. Do Coração trespassado de Jesus brotou esta vida divina. Só Ele é capaz de libertar o mundo do mal e de fazer crescer o seu Reino de justiça, de paz e de amor ao qual todos aspiramos.

“Queridos jovens, aprendei a “ver” e a “encontrar” Jesus na Eucaristia, onde Ele está presente de modo real para nós, até se fazer alimento para o caminho, mas sabei reconhecê-lo e servi-lo também nos pobres, nos doentes, nos irmãos sofredores e em dificuldade, que precisam da vossa ajuda”.

A todos os jovens, doentes e sadios, o papa repete o convite para criarem pontes de amor e solidariedade, para que ninguém se sinta sozinho, mas próximo de Deus e parte da grande família dos seus filhos.

Ao contemplar as chagas de Jesus o nosso olhar dirige-se ao seu Sacratíssimo Coração, no qual se manifesta em sumo grau o amor de Deus. O Sagrado Coração é Cristo crucificado, com o lado aberto pela lança, do qual brotam sangue e água (Jo 19,34), “símbolo dos sacramentos da Igreja, para que todos os homens, atraídos pelo Coração do Salvador, bebam com alegria na fonte perene da salvação” (Missal Romano, Prefácio da Solenidade do Coração de Jesus).

O Papa encerra sua Mensagem exprimindo seu afeto a todos e a cada um, participando dos sofrimentos e das esperanças que vivemos cotidianamente em união com Cristo crucificado e ressuscitado, para que seja concedida a paz e a cura do coração. E roga que juntamente com Ele ao nosso lado vigie a Virgem Maria, que invocamos com confiança como Saúde dos enfermos e Consoladora dos sofredores. Aos pés da Cruz realiza-se para Ela a profecia de Simeão: o seu Coração de Mãe é trespassado (Lc 2,35). Do abismo da sua dor, participação no sofrimento do Filho, Maria tornou-se capaz de assumir a nova missão: tornar-se a Mãe de Cristo nos seus membros. Na hora da Cruz, Jesus apresenta-lhe cada um dos seus discípulos, dizendo-lhe: “Eis o teu filho” (Jo 19, 26-27). A compaixão materna para com o Filho torna-se compaixão materna para cada um de nós nos nossos sofrimentos cotidianos.

Pede ainda as Autoridades que invistam cada vez mais energias em estruturas médicas que sirvam de ajuda e apoio aos sofredores, sobretudo aos mais pobres e necessitados e saúda aos Bispos, sacerdotes, pessoas consagradas, seminaristas, agentes no campo da saúde, aos voluntários e a todos os que se dedicam com amor a cuidar e aliviar as chagas de cada irmão e irmã doente, nos hospitais ou casas de cura, nas famílias.

Que nos rostos dos doentes saibamos ver sempre o Rosto dos rostos: o de Cristo. E que sejamos testemunhas através de nosso sofrimento, de nossa vida e de nossa fé.

Fonte: Pascom


 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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