Segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012 - 20h33
Dia 11 de fevereiro, sábado próximo, data em que a Igreja celebra em seu calendário litúrgico Nossa Senhora de Lourdes, a cidade de Itapuã estará celebrando a Festa de sua padroeira. E com grande alegria a chegada dos padres lazaristas e das irmãs vicentinas que, doravante assumirão a paróquia e acompanharão a rede de comunidades eclesiais de base – CEBs.
Nesse mesmo dia, as Igrejas do mundo inteiro farão preces pelos doentes. Para o Dia Mundial do Enfermo, o papa Bento XVI enviou sua mensagem que tem como tema "Levanta-te e vai; a tua fé te salvou!", extraído do Evangelho segundo São Lucas (17,19).
Para as pessoas que se preparam para a Campanha da Fraternidade, cujo tema é a Saúde Publica, a reflexão da Mensagem nesta semana, é muito oportuna, por isso, transcrevemos alguns pontos importantes:
Por ocasião do Dia Mundial do enfermo, desejo renovar a minha proximidade espiritual a todos os enfermos que se encontram nos locais de reabilitação e são acolhidos nas famílias, exprimindo a cada um a solicitude e afeto de toda a Igreja. Na acolhida generosa e amorosa de toda vida humana, sobretudo daquela fraca e doente, o cristão exprime um aspecto importante do próprio testemunho evangélico, sob o exemplo de Cristo, que se inclinou sobre os sofrimentos materiais e espirituais do homem para curá-lo.
Neste ano, que constitui a preparação mais próxima do solene Dia Mundial do enfermo que se celebrará na Alemanha no dia 11 de fevereiro de 2013 e que se deterá sobre a emblemática figura evangélica do samaritano (Lc 10,29-37), gostaria de destacar os Sacramentos da Cura, isto é, os sacramentos da penitência e da reconciliação e da unção dos enfermos, que possuem seus naturais cumprimentos na comunhão eucarística.
O encontro de Jesus com os dez leprosos, narrado no Evangelho de São Lucas (Lc 17,11-19), em particular as palavras que o Senhor dirige a um deles: “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou!” (v.19), ajudam a tomar consciência da importância da fé daqueles que, agravados pelo sofrimento e pela doença, se aproximam do Senhor. No encontro com Ele podem experimentar realmente que quem crê não está nunca sozinho. Deus, de fato, no seu Filho, não nos abandona em nossas angústias e sofrimentos, mas nos é próximo, nos ajuda a levá-los e deseja curar no profundo o nosso coração (Mc 2,1-12).
A fé daquele único leproso que, vendo-se curado, cheio de admiração e alegria, diferente dos outros, retorna imediatamente a Jesus para manifestar o próprio reconhecimento, demonstra que a saúde reconquistada é sinal de algo mais precioso que a simples cura física, é sinal da salvação que Deus nos doa através de Cristo; a mesma encontra expressão nas palavras de Jesus: a tua fé te salvou. Quem, no próprio sofrimento e doença invoca o Senhor é certo que o Seu Amor não nos abandona nunca, e que também o amor da Igreja, prolongamento no tempo da sua obra salvífica, não deixa de ser manifestado. A cura física, expressão da salvação mais profunda, revela assim a importância que o homem na sua integralidade de alma e corpo representa para o Senhor. Todo Sacramento exprime e atua a proximidade de Deus, o qual, em modo absolutamente gratuito nos toca por meio das realidades materiais, que Ele assume ao seu serviço, fazendo disso instrumentos do encontro entre nós e Ele mesmo.
“A unidade entre criação e redenção se tornam visíveis. Os Sacramentos são expressão da corporeidade da nossa fé que abraça corpo e alma, o homem inteiro” (Homilia S.Missa do Crisma, 21/4/2011).
A missão principal da Igreja é certamente o anúncio do Reino de Deus, 'mas exatamente esse anúncio deve ser um processo de cura', enfaixar as chagas dos corações partidos (Is 61,1), segundo o encargo confiado por Jesus aos seus discípulos. (Luc 9,1-2; Mt 10,1.5-14; Mc 6,7-13. O binômio entre saúde física e renovação das dilacerações da alma nos ajuda, portanto, a compreender melhor os Sacramentos da cura.
O Sacramento da Penitência já esteve por diversas vezes no centro das reflexões dos Pastores da Igreja, exatamente por causa da grande importância no caminho da vida cristã, a partir do momento que todo o valor da Penitencia consiste no restituir-nos à graça de Deus unindo-nos a Ele em íntima e grande amizade (CIC 1468). A Igreja, continuando o anúncio do perdão e da reconciliação ressoado por Jesus, não cessa de convidar a humanidade inteira a converter-se e a crer no Evangelho. Jesus, na sua vida, anuncia e torna presente a misericórdia do Pai. Ele veio não para condenar, mas para perdoar e salvar, para dar esperança também na escuridão mais profunda do sofrimento e do pecado, para doar a vida eterna; assim no Sacramento da Penitência, no remédio da confissão, a experiência do pecado não degenera em desespero, mas encontra o Amor que perdoa e transforma (Exortação Reconciliação e Penitência, 31).
Deus, rico em misericórdia (Ef 2,4), como o pai na parábola evangélica (Lc 15, 11-32), não fecha o coração a nenhum dos seus filhos, mas os espera, os procura, os atinge onde a rejeição da comunhão aprisiona no isolamento e no desespero, pode transformar-se assim em tempo de graça para entrar em si mesmos, e como o filho prodigo da parábola, repensar na própria vida, reconhecendo os erros e faltas, sentir a saudade do abraço do Pai e repercorrer o caminho em direção à sua Casa. Ele, no seu grande amor, sempre olha nossa existência e nos espera para oferecer a cada filho que volta para Ele, o dom da plena reconciliação e da alegria.
Pela leitura dos Evangelhos, emerge claramente como Jesus tenha mostrado particular atenção aos enfermos. Ele não somente enviou os discípulos a curar-lhes as feridas (Mt 10,8; Lc 9,2; 10,9), mas também instituiu para eles um sacramento específico: a Unção dos Enfermos. A carta a Tiago, atesta a presença desse gesto sacramental já na primeira comunidade cristã (5,14-16): com a Unção dos enfermos, acompanhada pela oração dos presbíteros, toda a Igreja recomenda os enfermos ao Senhor sofredor e glorificado, a fim que alivie suas penas e os salve, e ainda os exorta a unirem-se espiritualmente à paixão e à morte de Cristo, para contribuir ao bem do Povo de Deus.
A propósito dos Sacramentos da Cura, Santo Agostinho afirma: “Deus cura todas as suas enfermidades. Não temais portanto: todas as suas enfermidades serão curadas. Tu deves somente permitir que Ele te cure e não deves rejeitar as suas mãos” (Exp.Sl 102). Trata-se de meios preciosos da Graça de Deus, que ajudam o enfermo a conformar-se sempre mais plenamente com o Mistério da Morte e Ressurreição de Cristo. Junto a esses dois sacramentos, gostaria de sublinhar a importância da Eucaristia. Recebida no momento da doença, contribui em maneira singular, a operar tal transformação, associando quem se nutre do Corpo e do Sangue de Jesus à oferta que Ele fez de Si mesmo ao Pai para a salvação de todos. Todas as comunidades eclesiais prestem atenção em assegurar a proximidade da comunhão sacramental a aqueles que, por motivos de saúde e de idade, não podem chegar aos locais de culto.
O tema desta mensagem “Levanta-te e vai, a tua fé te salvou”, olha também para o próximo Ano da fé que iniciará em 11 de outubro de 2012, ocasião propícia e preciosa para redescobrir a força e a beleza da fé, para aprofundar os conteúdos e para testemunhá-la na vida de cada dia. Desejo encorajar os doentes e sofredores a encontrar sempre uma âncora segura na fé, alimentada pela escuta da Palavra de Deus, pela oração pessoal e pelos Sacramentos, enquanto convido os Pastores a serem sempre mais disponíveis para as celebrações aos enfermos. Sob o exemplo do Bom pastor e como guias do rebanho confiado a Eles, os sacerdotes sejam cheios de alegria, atenciosos com os mais fracos, os simples, os pecadores, manifestando a infinita misericórdia de Deus com as palavras seguras da esperança (S.Agostinho, carta 95).
A todos os que trabalham no mundo da saúde, como também as famílias que nos próprios parentes vêem o rosto sofrido do Senhor Jesus, renovo o meu agradecimento e da Igreja, porque, na competência profissional e no silencio, mesmo sem proferir o nome de Cristo, o manifestam concretamente. A Maria, elevamos o nosso olhar confiante e nossa oração, à sua materna compaixão, vivida ao lado do Filho que morria na cruz, acompanhe e sustente a fé e a esperança de cada pessoa doente e sofrida no caminho da cura das feridas do corpo de do Espírito.
Fonte: Arquidiocese
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