Terça-feira, 4 de outubro de 2011 - 07h06
Ser franciscano hoje, segundo o Cardeal Paulo Evaristo Arns, não é apenas conteúdo. É espírito, maneira de ver as coisas, de vivê-las, de assumi-las e de equacionar os grandes conflitos de vida e de morte. Isto Francisco fez em sua época e o faria hoje, aqui e agora. Por isso ele fascina qualquer pessoa em qualquer época, pelo seu jeito de ser: pobre, serviçal, gratuito, fraterno e, por conseguinte, Menor. Francisco não teve nenhuma pretensão, a não ser dar-se. Quis estar junto do outro. Ser Menor, pequeno, para entender a grandeza do outro, não o atropelando em sua dignidade.
Viveria certamente hoje na América Latina uma busca contínua de comunhão com Deus, através de tudo e de todos os seres criados. Tornaria o Evangelho vivo e encarnado, comprometido com o oprimido e o marginalizado de nosso tempo. Daria sem dúvida sua adesão total às linhas de ação assumidas pela Igreja. Incumbir-se-ia da tarefa de reconstituição original da Igreja cristã. Cultivaria profundo respeito para com a pessoa humana, construindo a fraternidade no amor, unindo os homens entre si, como irmãos, numa mesma igualdade de bens.
Correria ao encontro do "leproso" da América Latina, na pessoa do analfabeto, desempregado, marginalizado, oprimido, posseiro ou menor abandonado. Lutaria pela união das Igrejas, reunindo as forças, particularmente as da juventude, para a renovação da única Esposa de Jesus Cristo. Buscaria sem cessar a face deste mesmo Cristo.
Viveria como um homem simples, fraco, o menor de todos, e sempre atento, superando as próprias limitações. Apareceria certamente como verdadeiro revolucionário, homem de profunda fé, coragem, humildade, amor e compreensão, em relação à conquista de verdadeiros valores. Francisco seria capaz de ser muito, sem ter nada!
Enfrentaria os problemas de conflito sempre sob o imperativo da bondade. Seguindo o caminho do pastor, que toma nos ombros a ovelha fraca e a alimenta. Isto, porque nele existe a percepção profunda de que em cada homem há um brilho de Deus, que nenhum pecado pode apagar. Nada é absolutamente perdido, nem o pior dos pecadores.
Nunca se ouviu dizer que Francisco condenasse a sociedade de seu tempo, mas também nunca se soube que ele deixasse de melhorar o que estava errado. Para construir uma sociedade fraterna reformou sua própria vida, soube confiar mais em Deus que em si e nos outros. "Meu Deus e meu Tudo", foi de inspiração bíblica e exprimiu o mais profundo de todos os seus anseios.
Dele podemos ouvir: "O mundo está em suas mãos. Ou você se salvará com ele ou ele se perderá com você". Portanto, reler nossa realidade com os olhos de Francisco é perceber que a ação transformadora de Deus passa pelo coração dos homens. Sua mensagem continua vigorosa e irresistível!
Campanha Missionaria em favor da ecologia
Neste mês de outubro acontece a Campanha Missionária, promovida e coordenada pelas Pontifícias Obras Missionárias, que propõe para este ano de 2011 o tema “Missão e Ecologia” e o lema "A misericórdia de Deus é para todo ser vivo" (Eclo 18,12b).
A Campanha Missionária destaca também os desafios para a Missão na Amazônia. Aprovada pela CNBB, a primeira Semana Missionária para a Amazônia foi realizada em 2009, na última semana de outubro. Este ano ocorre a terceira edição da Semana, inserida no Mês das Missões.
A Novena Missionaria, em seu sétimo dia, sugere uma reflexão “Missão é Partilhar, para amenizar os efeitos da crise alimentar, consequência das Mudanças Climáticas: Partilha que gera fartura”.
Mudanças climáticas que vão provocar o agravamento da crise alimentar que já sofremos. Nos próximos 20 anos, mais de 1,3 bilhão de pessoas serão afetadas pela seca. Os reservatórios do Himalaia e os rios que cruzam Bangladesh, China, Índia e Nepal vão sofrer uma redução de mais de 275 bilhões de metros cúbicos de água, em consequência do derretimento de geleiras e pela poluição.
A disponibilidade de água doce vai cair nos quatro países, devido às mudanças climáticas, à diminuição das chuvas e às outras perturbações naturais, tais como a poluição. A produção de trigo e de arroz da China e da Índia vai cair em até 50%, devido a estiagens mais frequentes, enquanto a demanda por alimentos por parte da população vai aumentar em 20%. No mundo todo, os imensos reservatórios naturais de água, formados ao longo de milhões e milhões de anos, foram neste século sistematicamente bombeados, e estão próximos à exaustão. A água potável é já um dos recursos naturais mais escassos, pois somente 0,7% de toda a água doce é acessível ao uso humano. E 70% da água doce é gasta em irrigações do agronegócio, que não produz alimentos, e sim mercadorias que geram lucros para os grandes proprietários. Haverá guerras para garantir o acesso às fontes de água potável.
É injusto e sem piedade que 20% da humanidade detenham 83% dos meios de vida (em 1970 eram 70%), e os 20% mais pobres tenham de se contentar com apenas 1,4% (em 1960 era 2,3%) dos recursos. Por isto quase metade da humanidade possui comida insuficiente, 14 milhões de crianças morrem anualmente antes de completar cinco dias de vida. Esta desigualdade cruel não é inocente nem natural. É resultado direto de um tipo de desenvolvimento, sem medir as consequências para a natureza e as relações sociais. Ele é altamente predatório e iníquo.
Segundo a Organização para Agricultura e Alimentação da Organização das Nações Unidas (FAO/ONU), em dezembro de 2010, os preços do trigo, óleo, milho, arroz, carne e leite tiveram aumentos recordes. O milho sofreu reajuste de 60%, o trigo de 43% e o açúcar aumentou 77%. O aumento no preço dos alimentos afeta a todos, mas os países africanos estão entre os que importam a maior parte da comida consumida por seus povos. O Egito destaca-se como um dos maiores importadores do mundo, principalmente de cereais. Como em outros países árabes, ao lado do Egito, entre eles a Tunísia e a Argélia, as famílias gastam de 40% a 50% da renda na compra de alimentos.
Além da redução das áreas de plantio em razão da degradação do solo e das mudanças climáticas, além do uso de terras agricultáveis para a produção de biodiesel, a China aparece como outro grande fator de desestabilização. A previsão é de que o gigante asiático venha a importar 8 milhões de toneladas de milho, e tal volume deverá dobrar até 2015. Será coincidência que tenha sido exatamente no continente africano, o mais afetado pela escassez e subida de alimentos, o palco de várias revoluções quase simultâneas? Até mais grave que o problema dos preços e da escassez dos alimentos é a incapacidade de nossas lideranças de enxergar os caminhos que busquem as soluções. Quando tentam, invariavelmente reduzem a uma questão em defesa de interesses de fronteiras ou blocos (R. Canto, jornalista).
O que podemos fazer para colaborar? Imaginemos que, ao invés de abrir a torneira, tivessemos de andar alguns quilômetros todos os dias para coletar água para nossa casa. E, ao encontrar a fonte, no lugar de água pura, lá houvesse lama no leito de um rio seco. E essa “água” seria usada para fazer comida, para higiene pessoal, lavar roupas e matar a sede. Para mais de um bilhão e meio de pessoas isso não é imaginação, é a realidade. As mudanças climáticas ameaçam piorar gravemente a situação de centenas de milhões de irmãos e irmãs nossos, vítimas da fome e da sede. O mundo precisa de homens e mulheres que se empenhem em lutar para aliviar o sofrimento dos irmãos.
Fonte: Pascom
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