Terça-feira, 15 de novembro de 2011 - 05h16
A Igreja, desejando iluminar a dura realidade da Saúde Pública e levar os cristãos a serem conforto na doença, na dor, no sofrimento e na morte, propõe como tema da Campanha da Fraternidade do próximo ano: “A fraternidade e a Saúde Pública” e como lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8).
O Texto-Base já está chegando às livrarias e paróquias e os articuladores da Campanha, apesar da intensa preparação para o Natal e Campanha da Evangelização, começam o estudo do tema e o levantamento da dura realidade da Saúde Pública.
A Campanha vai refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção aos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema público de saúde.
Tem ainda como proposta: disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a prática de hábitos de vida saudável; sensibilizar as pessoas para o serviço aos enfermos, o suprimento de suas necessidades e a integração na comunidade; alertar para a importância da organização da pastoral da Saúde nas comunidades: criar onde não existe, fortalecer onde está incipiente e dinamizá-la onde ela já existe. Difundir dados sobre a realidade da saúde no Brasil e seus desafios, como sua estreita relação com os aspectos socioculturais de nossa sociedade; despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde pública, visando à defesa do SUS e a reivindicação do seu justo financiamento; qualificar a comunidade para acompanhar as ações da gestão pública e exigir a aplicação dos recursos públicos com transparência, especialmente na saúde.
Não há dúvida de que a saúde é direito de todos e dever do Estado, conforme preceitua o artigo 196 da Constituição. O Brasil conta com mais de 192 milhões de habitantes e 5.565 municípios. Entretanto, vários municípios, principalmente das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, não dispõem de profissionais de saúde para os cuidados básicos, sendo que, em centenas deles, não há o profissional médico para atendimento diário à população.
Nosso Estado de Rondônia e, sobretudo a Capital, tem sido notícia nos veículos nacionais de comunicação, pelo seu atendimento hospitalar. A forma como defendemos a vida se torna um critério para avaliarmos as políticas públicas.
“Quem não tem plano privado de saúde entra na planilha dos cemitérios”, escreveu Frei Beto, ao constatar que hoje, 40 milhões de brasileiros desembolsam, todo mês, considerável quantia, convictos de que, doentes, serão atendidos com a mesma presteza e gentileza com que foram assediados pelos corretores das empresas de saúde privada.
Para Rosana Onocko, a desumanização existente nos serviços de saúde é um produto humano, ainda quando resulte de uma combinação de problemas estruturais com posturas alienadas e burocratizadas dos operadores.
A razão da Pastoral da Saúde está no fato de que ela existe “para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Em uma sociedade preocupada com o ter e o poder, onde a saúde é vista como mercadoria e as pessoas adoecidas como um peso para o Estado, a Pastoral da Saúde se torna a voz sensibilizadora e denunciadora da exclusão e da marginalização do doente.
Ela defende a saúde como um direito fundamental da pessoa, sem distinção de cor, raça, status ou credo.
Para que a Campanha ilumine a dura realidade da Saúde Pública, convidamos médicos, profissionais e agentes da saúde que se unam à Equipe da Pastoral da Saúde da Arquidiocese ou da Comunidade paroquial neste trabalho de sensibilização, para que irmãos e irmãs tenham acesso à assistência de Saúde Pública condizente com suas necessidades e dignidade. É uma realidade que clama por ações transformadoras. A conversão pede que as estruturas de morte sejam transformadas.
Para o Prof. Gastão Wagner de Sousa Campos, da Universidade de Campinas, no SUS a humanização depende do aperfeiçoamento do sistema de gestão compartilhada, de sua extensão para cada distrito, serviço e para as relações cotidianas. Envolve também outras estratégias dirigidas a aumentar o poder do doente ou da população em geral perante o poder e a autoridade do saber e das práticas sanitárias. Valoriza a presença de acompanhantes nos processos de tratamento, bem como modificar as regras de funcionamento de hospitais e outros serviços também em função de direitos dos usuários, bem como mecanismos preventivos que dificultem o abuso de poder como essenciais à humanização.
Nesse sentido, gostaria de citar novamente Frei Beto, quando afirma que ”Governo é que nem feijão, só funciona na panela de pressão”. Para ele, “se a sociedade civil não exigir melhorias na saúde, no atendimento do SUS, no controle dos planos privados e dos medicamentos estaremos fadados a ser uma nação, não de cidadãos, e sim de pacientes – no duplo sentido do termo”.
Que a saúde se difunda sobre a terra!
“Quem permanece por muito tempo próximo das pessoas que sofrem, conhece a angústia e as lágrimas, mas também o milagre da alegria, fruto do amor”. Com estas palavras, o Papa Bento XVI descreve uma experiência edificante no sofrimento. Na Igreja, os doentes evangelizam e recordam que a esperança repousa em Deus. Deste modo, no contexto eclesial, os doentes e os sofredores não se resumem a destinatários de atenções e de cuidados. Exercem o protagonismo na evangelização com um testemunho profundo, o do sofrimento aceito e oferecido, o milagre do amor.
Os enfermos não são somente objeto de nossa ação pastoral. Por sua condição de fragilidade e vulnerabilidade, devido à doença e ao sofrimento, constituem-se em sinais dos valores que são essenciais na nossa vida, em meio a tantas coisas supérfluas. Eles se tornam radares de alta sensibilidade. A resposta frente a esta realidade é nossa solidariedade samaritana. Quantos exemplos e testemunhos heroicos encontramos nesta área da saúde. Eles nos evangelizam!
“Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo no nome do Senhor” (Tg 5,14). Se os enfermos evangelizam, também provocam uma resposta da Igreja. Primeiro, a oração na fé, “a oração feita com fé salvará o doente, e o Senhor o levantará” (Tg 5,15). Justamente no atrair sobre a situação de doença e sofrimento a ação do Ressuscitado e do seu Espírito, reside a grande importância da Pastoral da Saúde.
Um doente, curado pela ação de Cristo por meio das ações da Igreja, constitui uma grande alegria na terra e no céu, é primícia de vida eterna (TB 208-210).
Que a saúde se difunda sobre a terra!
Fonte: Pascom
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