Sábado, 28 de dezembro de 2013 - 20h30
É tempo de construir a paz em Porto Velho. O Município prepara-se para comemorar seu centenário (1914-2014), com um índice de violência crescente e um cenário de insegurança, no qual cidadãos indefesos encontram-se desprotegidos e “a população se encontra refém da violência sem qualquer perspectiva concreta de que a trágica realidade possa dar lugar à paz social”.
A vida humana é sagrada e todos nós somos responsáveis pela construção de uma cidade onde haja justiça e que as leis sejam respeitadas e que seja garantido para todos sem exceção, o direito a uma vida digna.
A promoção da paz é parte integrante da defesa da vida humana. “Felizes os que têm fome e sede da justiça: eles serão saciados”. A luta pela justiça, antes mesmo de produzir os frutos de fraternidade, de superação da violência, de direitos resguardados, tem um resultado imediato: dá sentido à vida daqueles que nela se empenham e faz de nós pessoas melhores.
O papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, fala da fraternidade como o fundamento e o caminho para a paz:
Nesta minha primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz, desejo formular a todos, indivíduos e povos, votos duma vida repleta de alegria e esperança. Com efeito, no coração de cada homem e mulher, habita o anseio duma vida plena que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar.
Ser pacífico exige viver a fraternidade que, segundo o papa, supõe uma paternidade transcendente. A partir do reconhecimento desta paternidade, consolida-se a fraternidade entre os homens, ou seja, aquele fazer-se “próximo” para cuidar do outro.
Conseguiremos superar a violência? Citando as palavras de Jesus, o papa responde: dado que há um só Pai, que é Deus, vós sois todos irmãos (Mt 23,8-9). A raiz da fraternidade está contida na paternidade de Deus. Não se trata de uma paternidade genérica, indistinta e historicamente ineficaz, mas do amor pessoal, solícito e extraordinariamente concreto de Deus por cada um dos homens (Mt 6,25-30). Trata-se, por conseguinte, de uma paternidade eficazmente geradora de fraternidade, porque o amor de Deus, quando é acolhido, torna-se no mais admirável agente de transformação da vida e das relações com o outro, abrindo os seres humanos à solidariedade e à partilha ativa.
Ao falar da fraternidade como o fundamento e o caminho para a paz, ele cita o papa Paulo VI: Nesta compreensão e amizade mútuas, nesta comunhão sagrada, devemos trabalhar juntos para construir o futuro comum da humanidade. E dirige um forte apelo a quantos semeiam violência e morte: naquele que hoje considerais apenas um inimigo a abater, redescobri o vosso irmão e detende a vossa mão! Renunciai à via das armas e ide ao encontro do outro com o diálogo, o perdão e a reconciliação para reconstruir a justiça, a confiança e esperança ao vosso redor!
A fraternidade gera paz social, porque cria um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem comum. Uma comunidade política deve, portanto, agir de forma transparente e responsável para favorecer tudo isto. Os cidadãos devem sentir-se representados pelos poderes públicos, no respeito da sua liberdade. Em vez disso, muitas vezes, entre cidadão e instituições, interpõem-se interesses partidários que deformam essa relação, favorecendo a criação dum clima perene de conflito.
Um autêntico espírito de fraternidade vence o egoísmo individual, que contrasta a possibilidade das pessoas viverem em liberdade e harmonia entre si. Tal egoísmo desenvolve-se, socialmente, quer nas muitas formas de corrupção que hoje se difunde de maneira capilar, quer na formação de organizações criminosas desde os pequenos grupos até àqueles organizados à escala global que, minando profundamente a legalidade e a justiça, ferem no coração a dignidade da pessoa. Estas organizações ofendem gravemente a Deus, prejudicam os irmãos e lesam a criação, revestindo-se duma gravidade ainda maior se têm conotações religiosas.
Concluindo sua mensagem para o 1º dia do novo ano, o papa orienta nossa caminhada: há necessidade que a fraternidade seja descoberta, amada, experimentada, anunciada e testemunhada; mas só o amor dado por Deus é que nos permite acolher e viver plenamente a fraternidade. Cristo abraça todo o ser humano e deseja que ninguém se perca. Fá-lo sem oprimir, sem forçar ninguém a abrir-Lhe as portas do coração e da mente. Deste modo, cada atividade deve ser caracterizada por uma atitude de serviço às pessoas, incluindo as mais distantes e desconhecidas.
Estamos celebrando hoje a Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Esta festa é a prolongação da festa do Natal, quando o Filho de Deus se fez homem, nasceu como filho de Maria, se fez irmão de toda a humanidade.
Ao contemplar hoje a Sagrada Família, desejamos que em todas as famílias haja a paz e sentimentos de ternura e fraternidade. Nesta festa da família humana contemplamos o menino Jesus, rodeado por Maria e José, e acolhemos o convite para nos tornarmos filhos e filhas do Pai e da Mãe celestes e irmãos e irmãs uns dos outros.
No domingo seguinte ao Natal (Oitava do Natal), a liturgia fala da construção da família cristã através do amor a Deus e do amor aos outros. Cristo fez o mesmo caminho de cada ser humano, pertenceu a um lar, a uma pátria e a uma cultura.
A família é a base dos valores, as atitudes de José e de Maria se tornam modelo de vida para os pais e mães hoje, animando-os a percorrer sua trajetória em atenção à vontade de Deus. Os demais textos são um desdobramento do quarto mandamento da Lei de Deus (VP).
Eclesiástico (3,3-7.14-17) é um livro sapiencial que trata da arte de bem viver e de ser feliz. Hoje refletimos sobre o comportamento dos filhos em relação aos pais. Quem honra seus pais obtém o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a atenção de Deus.
Paulo Apostolo (Col 3,12-21) sublinha a dimensão do amor que deve brotar dos gestos de todos os que vivem “em Cristo” e aceitaram ser Homem Novo. Esse amor deve atingir, de forma mais especial, todos os que conosco partilham o espaço familiar e deve traduzir-se em determinadas atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.
O Evangelho (Mt 2,13-15.19-23) narra a fuga de José, Maria e o menino Jesus para o Egito. Revela-nos a importância da obediência e da colaboração humana para que se realizem os desígnios de Deus para a salvação humana
Estamos, sem dúvida, diante do grande mistério. Assim como a encarnação do Filho de Deus eleva a humanidade a ser capaz de acolher Deus, o lar da Sagrada Família manifesta a vocação de todas as famílias serem casa de Deus. Sim, Deus quer viver, estar presente em nossas casas, em nossas famílias. Ele veio morar conosco (IHU).
Hoje temos a possibilidade de acolher Jesus em nossa casa para com Ele viver novas relações de fraternidade, que nos levem a fazer de nossas famílias, comunidades, de nossa sociedade lares onde reine a vida, o perdão, a justiça, a solidariedade. Hoje podemos descobrir outros “Josés” que também se “levantam” em defesa da grande família humana e de nossa cidade.
É tempo de construir a paz! Com renovada esperança, possamos neste novo Ano construir a cultura da paz, pois “o serviço é a alma da fraternidade que edifica a paz”. Feliz e abençoado 2014!
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