Domingo, 17 de outubro de 2010 - 15h15
O ato de ouvir com o coração, a exemplo de Maria que festejamos neste mês missionário, sob tantos títulos (Aparecida, Nazaré, Rosário), ajuda-nos observar e direcionar nosso olhar para a complexidade do momento que vivemos. “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19).
Nestes dias que antecedem as eleições do segundo turno, considero de fundamental importância a reflexão sobre o registro ético da nossa fé. A fé se manifesta externamente de muitos modos e segundo meu confrade, Frei Clodovis Boff, possui muitas expressões ou registros. Temos dois registros principais da fé: o registro religioso, pelo qual a fé aparece como culto, oração etc.; e o registro ético, pelo qual a fé aparece como práxis, como vida concreta.
A fé é uma atitude totalizante. É uma opção de vida que tende a englobar toda a existência, a inspirar todos os atos de alguém. Não é um ato entre outros, mas uma atitude de fundo que orienta todos os atos. É um estilo de vida, um modo de ser. Para o cristão, crer é viver na dimensão do Reino; é seguir Cristo. Ora, isso implica uma decisão radical e total. Reduzir a fé a somente um setor da vida é aleijá-la. A fé busca a totalidade, como tendência, como proposta. Por aí já se pode ver como a fé se abre para a política, envolvendo-a e orientando-a.
Muitas vezes se confunde a fé apenas com religião. A fé é mais que isso: é também e, sobretudo, prática. Essa é a forma mais importante da fé, contudo, há a tentação de a religião se fechar em sim mesma.
Já a dimensão ético-política da fé é quando se fala na fé como práxis, se entende a fé como compromisso social, como “caridade política” (Pio XI). Essa é a forma epocal da fé: a que se impõe em nossa época.
Existe política como interferência na organização social justamente porque a sociedade não é harmônica, porque há problemas, conflitos. Por isso mesmo, política é sempre uma ação árdua.
Mounier já dizia: “tudo é política, mas política não é tudo”. De fato, a vida humana tem outras dimensões e a política deve permanecer aberta a estas outras dimensões da vida, especialmente à transcendência.
Contudo, o fato é que a política, como a religião, tende a ser fechar em si mesma, a absorver e submeter a si tudo o mais. Então ela se torna um absoluto, melhor, um ídolo ou fetiche. De totalizante torna-se totalitária.
Infelizmente não conseguimos viver esta dimensão ética e política da fé, e muito menos, conseguimos nestas eleições manter a maturidade democrática do primeiro turno. Diante dos últimos acontecimentos em relação ao momento eleitoral, a Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, mais uma vez escreveu uma Nota no dia 8 de outubro, lamentando profundamente que o nome da CNBB, e da própria Igreja Católica, tenha sido usado indevidamente ao longo da campanha, sendo objeto de manipulação. Certamente, é direito e, mesmo, dever de cada Bispo, em sua Diocese , orientar seus próprios diocesanos, sobretudo em assuntos que dizem respeito à fé e à moral cristã. A CNBB é um organismo a serviço da comunhão e do diálogo entre os Bispos, de planejamento orgânico da pastoral da Igreja no Brasil, e busca colaborar na edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária.
A CNBB reafirma que falam em nome dela “somente a Assembléia Geral, o Conselho Permanente e a Presidência”.
Recordamos novamente que, da parte da CNBB, permanece como orientação, neste momento de expressão do exercício da cidadania em nosso País , a Declaração sobre o Momento Político Nacional, aprovada este ano em sua 48ª Assembléia Geral.
CNBB reafirma, ainda, que não indica nenhum candidato, e recorda que a escolha é um ato livre e consciente de cada cidadão. “Diante de tão grande responsabilidade, exortamos os fiéis católicos a terem presentes critérios éticos, entre os quais se incluem especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”.
Coleta e Semana Missionária da Amazônia
“O mundo sofre por falta de convicções”, já observava o papa Paulo VI na Encíclica Populorum Progressio. Esta afirmação exprime não apenas uma constatação, mas, sobretudo um voto: serve um novo ímpeto do pensamento para compreender melhor as implicações do fato de sermos uma família; a interação entre os povos da terra chama-nos a este ímpeto, para que a integração se verifique sob o signo da solidariedade,e não da marginalização (Caritas in Veritate,53).
Os dias 16 e 17 de outubro são marcados pelo Dia Mundial da Alimentação e pelo Dia Internacional de Erradicação da Pobreza e ainda por todos os sinais da desigualdade: 29 países apresentam níveis alarmantes de fome. Mais de 1 bilhão de pessoas não tem o que comer, de acordo com um relatório mundial sobre a situação no mundo todo. Sofrem de fome crônica. Mais de 209 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza na América Latina e no Caribe.
A fome e a miséria continuam sendo manifestações e parte integrante de um modelo de desenvolvimento que reproduz e se sustenta das desigualdades econômicas e sociais que flagelam o nosso povo.
A Campanha Missionária, promovida e coordenada pelas Pontifícias Obras Missionárias, cujo tema neste ano é “Missão e Partilha”, e o lema “Ouvi o Clamor do Meu Povo” (Ex 3,7b), tem dois momentos fortes:
1º) A COLETA MISSIONÁRIA: todos nós temos o compromisso eclesial da Campanha Missionária, que está sendo amplamente divulgada nas paróquias e comunidades e o nosso gesto concreto da Coleta, vai acontecer no próximo final de semana, dias 23 e 24 de outubro, por ocasião da celebração do Dia Mundial das Missões. Nesta semana devemos distribuir os envelopes e motivar a coleta missionária. Lembremos que esta ajuda que envolve todas as comunidades e instituições católicas deve ser integralmente enviada para a Missão universal e não se pode dar outra destinação particular a este fundo.
2º) O segundo momento forte do mês das Missões é a SEMANA MISSIONÁRIA PARA A AMAZÔNIA que já está sendo refletida nos grupos, comunidades e paróquias e acontece na quarta semana de outubro (de 25 a 31 de outubro).
Dom Antonio Possamai, vice-presidente da Comissão Episcopal da Amazônia e bispo responsável pela Comissão das pastorais sociais do Regional Noroeste orienta-nos que “esta semana quer atingir a todos os católicos: famílias, catequese, escolas e universidades católicas; comunidades eclesiais de base, pastorais, movimentos e serviços; organismos, paróquias e dioceses.
Deve ser uma semana de estudos sobre a realidade amazônica. Este estudo é de fundamental importância porque a Igreja da Amazônia, como aliás toda a Amazônia são pouco conhecidas. Deve ser também uma semana de muitas orações para que haja um despertar de pessoas, tanto da região, como de todo o Brasil para que escutem o que o Espírito lhes diz e se disponham a partir em missão.
Deve ser também uma semana de renúncias (penitência) em favor de nossa Igreja. Renunciar a quê? Às coisas supérfluas e desnecessárias, guloseimas (gulodices), a pequenos ou grandes prazeres e a tantas outras coisas ou atividades que o amor à missão vai sugerir.
As economias oriundas destas renúncias serão entregues às paróquias para que estas as enviem às Igrejas da Amazônia por meio da COMISSÃO EPISCOPAL PARA A AMAZÔNIA, que ajuda a manter as missões na Amazônia.
Fonte: Pascom
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